Eu vi os quatro cavalos de Veneza
A boiar mesmo no centro da praça
A água tinha tapado toda a beleza
E trouxe à luz da arcada a desgraça
Eu vi os quatro cavalos tão perdidos
Como a cadeira de praia ou o chapéu
Eles fogem e sentem-se perseguidos
Pelo mar que quase se colou ao céu
Eles vieram à procura de um abrigo
Impossível numa praça já inundada
Na solidão podem contar só consigo
Os turistas fugiram em debandada
Ninguém tocará os sinos da catedral
Neste pânico de fugirem à água alta
Morte em Veneza, aviso de Carnaval
Dias depois só um Sol lhes fará falta
Nos tempos de crise, de vagas e de poeiras, temos que ser criativos, jcf.
Porque não embarcamos os cavalos de Veneza nos barcos da Nazaré, com bois e tudo que afinal eram vacas, você o diz, e salvamos cavalos e bois, é tudo o gado doméstico, familiar. Mas nesse dia 29 de Agosto, o dia dos meus anos, o meu primeiro dia, talvez o selo fosse ainda de dois tostões, José do Carmo Francisco.
Já agora, Val, também digo consigo: Levanta-te Europa. E anda.
Jnascimento
Neste poema gostei, sobretudo, da «água alta». Fresca, gelada, mole, a ferver, já tinha ouvido, alta ainda não. Também me tocou profundamente «os cavalos tão perdidos como a cadeira de praia e o chapéu». Mas afligiu-me a imagem dos «cavalos a boiar mesmo no centro da praça». Coitados, que andaram em bolandas, é verdade, mas morrerem assim, afogados, desconhecia!
N. Mudei de nome para condizer com o tema.
também gostei. Não esqueças de ir ver o Perseu a cavalgar o Pégaso em 3D por aí. Chama-se não-sei-quê dos titãs.