Desde sempre quis saber porque razão se chama moinho a este pequeno navio.
As velas projectam a velocidade que não desloca o moinho mas, pelo contrário, interioriza essa velocidade e transforma-a em farinha de milho e de trigo.
Alguns teimosos ainda fazem pão verdadeiro
porque recusam o pão de plástico do hipermercado.
De vez em quando um cabo trava o movimento das velas
tal como a âncora que imobiliza o navio, no sossego da tarde, no tempo suspenso,
no lugar do vento onde se junta o sal do mar e a argila desta terra singular.
A terra de onde parti e aonde hei-de voltar um dia para descansar perto do lugar do vento, sem obter resposta para a minha dúvida de sempre:
saber porque razão se chama moinho a este pequeno navio.
Meu Caro José do Carmo Francisco:
Este Sol da Primavera faz bem aos poetas e a brisa dela aos moínhos que assim se chamam porque moem, só por isso, poeta.
Mas, ainda assim, prosaicamente, peço-lhe que não esqueça outro grão essencial, o centeio da minha criação, o pão de Trás-os Montes e das Beiras, o “pão nosso de cada dia” que nem todos os moinhos sabem moer.
Obrigado
JNascimento
Obrigado pelo poema.
que lindo mar. que rica navegação.
(palminhas ao marinheiro):-)
Eu ia a esse moinho num burro com milho num dos alforges e eu do outro lado, a fazer contrapeso.
e agora, quando fores novamente, no outro lado, metes a alegria a fazer contrapeso. :-)
Sempre tive paixão pelos moinhos de vento como carinhosamente lhes chamo e também me fazem lembrar o mar. Nunca visitei nenhum, só os conheço das fotofrafias e dos livros.
Quando era pequena, vinha um exemplar num dos meus livros da instrução primária. Associava-o ao carro de bois do meu avô porque imaginava que o vento a bater nas velas faria o mesmo som que o carro quando as rodas de madeira cobertas de metal deslizavam na calçada. Ainda não pude comprovar se há alguma semelhança.
Na minha terra ainda há moinhos, mas são de água. Esses, sim, conheço-os bem. Certamente que o pão da minha meninice era feito com a farinha proveniente de um desses moinhos. Hoje já nenhum já labora.
Gostei muito do poema.
ana, recomendo Lettres de mon Moulin de Alphonse Daudet. Beijinhos.
eu só fiquei a pensar, ana, se o carro dos bois se assemelha a ondas revoltas ou serenas. :-)
Sinhã, o carro dos bois cheira sobretudo a bosta e a estrume. Não te preocupes com agitações ou crepitações sonoras :-)
carago, claudinha, então a ana não disse que lhe fazem lembrar o mar? ora, fiquei a esmioçar o carro dos bois. :-)
Merci, Claudia.
Je ne connais pas ces lettres, mais je vais les trouver certainement.
os carros dos bois andam, oh oui, quilhádôs. :-D
(as ondas é que não) :-)
Engana-se, Claudia, o carro de bois cheira a pau.
Isso era antes, quando havia carros de bois de verdade e não os que se vendem nas lojas de artigos regionais.
quando muito pode cheirar a madeira
(porque pau até há o de canela). :-D
Cheira a pau.
A madeira tem vários cheiros, que dependem da espécie arbórea que lhes dá origem.
Para mim, pau é madeira velha e ressequida que cheira a caruncho. Era desse material que eram feitos os carro de bois.
assim, sim, gosto do peiro do carro dos bois. :-)
Óptimo, então, estamos de acordo acerca do peiro do carro de bois. Perdão, quero dizer cheiro e não peiro.
cheiro a pau é peiro – mas ainda bem que não queres dizer
(sinhês à sinhã pertence. vivá sinhã!:-)
Está-se a referir a outro pau. Só pode. A Sinhã é uma marota.
estou? (carai, qual pau que não o do carro dos bois??):-)
Há várias hipóteses: pau de canela, pau de marmeleiro, pau santo, pau de vassoura, pau de cabeleira… Já me falta a inspiração. Deve ser do ESTRESSE de domingo à noite (amanhã, bem cedinho, é dia de trabalhinho).
é peiro para todos, então, começando no do carro dos bois.
(mas a marotice é que não sei aonde está. relaxa – aproveita tanto pau):-D
Comigo é o contrário. Amanhã enceto uma semana de férias.
Fiquei roída de inveja, Cláudia.
As férias são um pequeno luxo que não dispenso, apesar de serem cada vez mais pequeninas.
Então, boa semana de férias!
ana, não fiques com inveja: trabalhei na Páscoa.
Vai aqui algo para ti e a Sinhã:
Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças — tinha só que ter rodas …
A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco…
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.
Alberto Caeiro
bem giro, obrigada, claudia.
(mas gosto de dedicatórias exclusivas) :-)
Sinhã, :-D
ah pois é. que é isso de me enfiares num saco com uma ana? :-D
Estavam as duas a falar de moinhos… Só vim cá meter o meu bedelho literário :-D
eu não estava a falar de moinhos.
(a ana é que estava a tentar moer).:-D
Obrigada, Cláudia.
Foi muito gentil.