MARGARIDA REBELO PINTO NÃO É DESTE PAIS

Não sei se o título desta pequena crónica é verdade para alguém. Para mim é
quase. Tirando o impiedoso retrato que Mário Ventura Henriques fez da
criatura num dos seus livros, pouco conheço desta figura da chamada
literatura «light». Mas li no sábado pp. no Diário de Notícias o aviso de
que MRB vai lançar um livro com o título igual ao livro de Joaquim Pessoa
«Português Suave». Nem a autora nem a editora nem a entidade que lhe
atribuíu o «ISBN» perceberam que já existe em Portugal um livro com o mesmo
título. Essa editora chama-se Moraes, a colecção «Círculo de Poesia» O
desenho da capa é do José Escada. Sei do que falo; tenho dois livros nessa
colecção. Talvez a explicação esteja na expressão literatura light. Se a
coca cola light é coca cola quase sem coca cola, então literatura light é
literatura quase sem literatura. Decididamente MRP não é deste país. Do
país de Joaquim Pessoa, do país de Ruy Belo e de Jorge de Sena, do país de
Sophia e Vitorino Nemésio, do país de Pedro Tamen e de João Rui de Sousa,
do país de Cristovam Pavia e João Miguel Fernandes Jorge, do país de
Joaquim Manuel Magalhães e Alexandre O´Neil, do país de David
Mourão-Ferreira e Alexandre Vargas, do país de Fiama Hasse Pais Brandão.
Não, não é deste país, do nosso país.

26 thoughts on “MARGARIDA REBELO PINTO NÃO É DESTE PAIS”

  1. É tão pouco deste país que o nome dela é mais soante do que o teu, jcf. Vai-se lá entender porquê. Terá ela o ego menos inchado? Em termos expansionistas, és bem português, pá.

  2. JPC e Cláudia (tá bem assim.com acento?), apoiados! Português Suave também foi o meu primeiro cigarro, só que por aí 20 anos antes do teu, JPC. De suave, não tinha nada. Como comecei a fumar aos 11, a ele devo a garganta lixada com que investi no futuro. Também fumei barbas de milho, beatas apanhadas do chão, Três Vintes, Paris, High Life, Fortes Feitos, Manufacturas do Estado, Definitivos, Provisórios, Sporting, Kentucky (a pior marca de todos, incluindo as barbas de milho) e depois, com filtro e mais dinheiro, SG, CT, Sagres, Porto, Intar, Ritz, etc.

  3. Ó Zé do Carmo, antes que digas vai vomitar a outro prédio, só uma perguntinha. Se não leste, como é que podes dizer alguma coisinha sobre a Margarida Rebelo Pinto? Só por ela ter usado o nome de uma marca de cigarros para título? E o teu ilustre colega de colecção (embora com menos um livro do que tu) vai processar a Margarida? E a Tabaqueira vai processar todos?

  4. Ok, já fui vomitar ao outro lado da rua. Mais uma coisinha. O teu país não é o meu país, espécie de cabeça de taco. O meu país engloba todos os que aqui nasceram mais os que para aqui vierem. Até te engloba a ti, que vomitas aí desse lado…

  5. Tanta ansia, tanta ansia até se esqueceu do acento no país.
    (e antigamente os textos eram centrados)

  6. Já agora… há um outro “Português Suave”, de Soares Novais, editado no Porto aí pela década de 1990, finais da de 1980. Quando encontrar o livrinho, perdido algures num dos caixotes da mudança de casa, virei cá revelar a editora.

  7. Meu caro Zeca Diabo, essa edição não conhecia eu, o que significa que há, pelo menos, mais uma… de capinha azul, e um cigarro (Português Suave?) a arder num cinzeiro.

  8. Quatro gémeos, e todos concebidos depois do “fascismo”? Que alegria e que fartura, Nossa Senhora! Daqui a pouco temos mais livros que maços de tabaco! Bom para o cancro. E se esta gajada de autores se atropela nos títulos das suas “obras”, imagine-se o que acontecerá nos textos – a rebentarem , já não posso duvidar, pelas colas ou cosidos com “coincidências” disfarçadas de “influências”.

    E falam eles dos políticos… vermes sem vergonha … tanta árvore mal empregada para alimentar os ridículos egos desta gente. Também o que vale a este país de muito nabo e pouca árvore é uma edição de “Português Suave” médio não dever consumir mais que um eucaliptozito com três ou quatro anos.

    Mas porra, quanta criancinha não andará por por esse Portugal com falta de xarope para a tosse e não o tem? E tudo por culpa dos nossos voltários e apolinários! Corja…

  9. Oh Nick

    E nunca fumaste Mata-Ratos, porque jogaste sempre pelo seguro, não foi? E não nos dizes onde é metias as onças muito redondinhas de Tabaco Superior, mas calculamos com uma boca tão sobrecarregada com trabalho…
    Deves ter esses dentes numa vergonha, rapaz.

  10. Mas então se a rapariga não teve culpa de ter nascido aqui! É justo ralhar-lhe por causa disso, é? Os pais é que insistiram para ela nascer no mesmo país do grande poeta laureado Joaquim Pessoa, o bardo das sopeiras e magalas de consciência revolucionária. Que a Margarida, por ela, até teria nascido noutro lado qualquer com um brilho poético menos ofuscante, onde pudesse publicar as suas coisitas sem levar com as fúrias do Francisco, o Grande Agente Alfandegário deste país de poetas e marinheiros. Ou, como diria o grande Joaquim Pessoa, este País Maria Povo e Maria Gaivota. E tal.

  11. Anda aí uma alma penada mortinha por vir à fala comigo. E acha-se graça, o gato pingado. Só fala de vermes. Pudera, tá habituado, nos sub-solos que o sub-tanso frequenta.

  12. O sub-tanso fez humor. Como ele sabe, com muita sub-tânsia. O riso compulsivo fez os vermes todos do Alto de S. João e dos Prazeres vir a superfície. Lindo de se ver.

  13. Ó Pedro então o Joaquim Pessoa é «bardo de sopeiras» e tu julgas que só porque o escreveste ele passa a ser isso que tu escreves? Vives numa ilusão mas felizmente para todos nós o MUndo não é a representação da tua vontade… Safa!

  14. JCFrancisco, eu disse que ele era “bardo de sopeiras”? Peço desculpa. Ele é “bardo de técnicas e consultoras especializadas de limpeza e acondicionamento doméstico”. Sopeira é coisa da longa noite fascista. Mais uma vez, peço desculpa.

    Em desagravo, vou pôr aqui um poema do Joaquim Pessoa, precisamente da sua obra “Português Suave”. Aqui vai:

    Das Cidades

    Falemos de coisas concretas: as cidades devoram-nos.

    São feitas com a carne e o sangue dos homens.

    A pedra é o pretexto para que resistir

    seja apenas uma questão de tempo.

    Eu abro a minha janela e vomito na rua.

    Ah! Desculpa irmão que passas com uma flor

    distraída e uma mulher apaixonada pela mão.

    Eu estou cansado de afogar anjos na retrete.

    Atalham-se caminhos no peito dos incautos

    e a máquina roda pela mão dos mais audazes.

    No entanto, a coragem tem a cor de uma gravata

    e pagamos a vida como qualquer imposto.

    O amor dói como um sorriso

    que anula todas as respostas.

    Os tecnocratas barbeiam-se como se fossem deuses.

    E cagam-se como se fossem homens.

  15. E qual é o problema de já haver um livro com o mesmo nome??? Sincertamente na minha opinião, quem critica a escrita de MRP é pq nunca leu, portanto n falem do que n sabem!

  16. Mas se a MRP é tudo isso que diz, porque dedicar-lhe um “post”? Uhummm… afinal será uma pontinha de inveja por ela conseguir chegar ao topo de vendas cada vez que escreve um livrinho?
    O titulo do livro efectivamente assenta que nem uma luva no género literário, suave, muito suave. Mas como vivemos num pais que lê tão pouco, ver um livro com tantos exemplares vendidos já é gratificante. Venham mais escritores “suaves” para abrir o apetite a iguarias mais elaboradas. Começa-se assim. Ou será que os ilustres bloguistas começaram por ler Dostiévski?

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