Desenhas devagar um quadro no relvado
Com toda a geometria que te fôr precisa
Para levar o som da tua voz a todo o lado
E a bola a entrar tão veloz na outra baliza
No corpo da equipa tu és um forte pulmão
Não tens anidrido mas sim oxigénio puro
Nos teus pés nasce um projecto de canção
Escrita na pauta para ser cantada no futuro
Chamar canção à festa não é nada exagerado
Nos abraços de cada golo nasce uma melodia
Que chega ao meu ouvido onde estou sentado
Que toca quem ouve o resultado na telefonia
Se esta equipa fôr um comboio de passageiros
Tu só podes ser o seu mais activo maquinista
Que não quer ver comboios lentos e ronceiros
Nesta planície onde os sonhos estão ali à vista
O Zé do Carmo faz esta coisa rara e apreciável que é cantar as proezas dos Fernandos Ferreiras mais ignotos comno se fossem Eusébios ou Cristianos Ronaldos. Parece que está sempre contra as estrelas maiores do firmamento, por isso ataca o Saramago. Ó pá, até podias tecer loas aos teus amigos sem menosprezar os grandes. Boa?
Fumando a farinheira
Contemplas devagar a erva ali ao lado
Limpas a boca com a ponta da camisa
Para manteres o charro bem enrolado
E com toda a saliva de que a mortalha precisa
O fumo vai entrando até ao pulmão
Não é caldo knorr mas sim chamon do puro
E o charro já passa de mão em mão
Já vês a luz já saíste do escuro
Chamar a isto festa não é nada exagerado
Começam os abraços e começa a fantasia
Os corpos tocam-se e está tudo entesoado
Sem darmos por isso já começou a orgia
É uma alegria! Todos muito ligeiros
Tu és de certeza o mais activo maquinista
Quero lá saber que nos chamem paneleiros
Depois de tudo só te posso chamar artista
Pela poesia à entropia.
Vai vomitar para outro prédio. Aqui não!
Intolerante, este Francisco. Um tipo que quer a toda a força vomitar sozinho acabará afogado no seu próprio vómito.
Ó José do Carmo Francisco, olhe que eu acho que o poema do Bernardino está muito melhor do que o seu. E até lhe dou razões para a minha opinião:
a) Mantém uma estrutura métrica mais consistente.
b) Flui muito melhor, tanto em termos narrativos como em termos fonéticos (o seu está cheio de cacofonias dispensáveis).
c) Usa o non-sense de modo admirável.
d) Conta uma história de modo mais claro e sucinto.
e) Provoca uma reacção imediata no leitor. No caso, o riso.
f) Não pretende ser aquilo que não é. É simples.
É certo que se trata de um pastiche, de uma paródia a um texto seu, mas até nisso lhe ganha aos pontos, pois é daqueles casos em que o sucedâneo ultrapassa o original. Repare lá bem em como o Bernardino decalca a sua métrica e realça bem os seus tiques de dicção poética.
Independentemente disto, faço questão deixar aqui bem claro que considero o José do Carmo Francisco um poeta (e cronista!) consistente e sólido e não ponho, de modo algum, em causa a sua Obra. Reconheço sobretudo os seus dois primeiros livros, “Iniciais” e “Universário”, como contributos marcantes da História recente da poesia portuguesa (posteriormente tornou-se irregular, com registos medianos a par de textos significantes e exemplares).
Mas isso não impede o Poeta de momentos maus, como é o caso de alguns dos poemas que tem dado a lume aqui, mas a partir dos quais, reforço, seria injusto avaliar uma obra de assinalável grandeza.
Alda Sousa
AS, pareces uma arguente de tese de mestrado, serás a Clara Rocha?
a) por mim estou a cagar pra estrutura métrica
b) fluir bem flui o cagalhão e é cagalhão
c) o nonsense não é admirável, é nonsense
d) gostas é de pastiches (isso fuma-se?)
e) muito riso pouco siso
f) simplesmente maria
Maior intolerância é só responder às patacoadas dos boçais que vêm aqui defecar, a quem é mais fácil de responder. Mas o Sr. José Francisco finge que não vê quem lhe endereçou uma análise crítica fundamentada, cordial e de uma enorme correcção, inclusivé dando o próprio nome. Será discutível, certamente, mas até por ser discutível mereceria uma palavra do destinatário.
Passando ao largo de um comentário sensato ao mesmo tempo que vai dando atenção ao vómito de outros, o Sr. José Francisco só demonstra que está mais próximo do vomitado do que da sensatez.
O texto de Alda Sousa é como um bom vinho ou um prato bom, abundante e bem confeccionado – não precisa de «cantigas». Agora o outro (rabo escondido com o gato de fora) merece todo o repúdio. Não perceber isto é não perceber nada.
Em homenagem ao jcfrancisco, aqui vai:
De abalada neste dia
Pobre do Rui bem merecia
Um final glorioso
Mas a águia rapineira
É galinha com pieira
Tiritando no seu pouso
Do outro lado, o leão
Fez das tripas coração
E despediu-se a urrar!
Mas bem leal como gosta
Cumprimenta o Rui Costa
Que ele vê a abalar…
Zé, não me fales no Rui Costa! Ele é tão sexy. Parece o Javier Bardem.
Foi muito bom terem ficado em 4º lugar pois fazem cem anos em Setembro e é uma excelente maneira de comemorar o centenário.
Ó JcFranciso leva lá a taça pá … huum por acaso até levaste.