O pêlo branco de Faustino
O livro «Estórias de Alvalade» de Luís Miguel Pereira, editado pela «Prime Books» tem na sua página 137 um curioso depoimento de Artur Agostinho, apresentado como ex-relator desportivo, actor e empresário: «Relatei muitos golos do Travassos, do Peyroteo, do Tavares da Silva… golos de grande recorte técnico como os do Vasques ou aqueles golos do Faustino, a quem chamavam o Pêlo Branco.» Isto é o que está no livro mas Artur Agostinho nunca poderia ter dito isto. De facto Faustino da Silva Pinto, nascido em São Paulo no dia 30 de Agosto de 1937 e jogador do Sporting Clube de Portugal no tempo de futebolistas de grande categoria como David Julius, Fernando, Lúcio e Seminário era conhecido como o Pelé branco de São Paulo. O seu ídolo no Brasil era o grande Leónidas e Faustino veio para o Sporting depois de ter dado nas vistas no Palmeiras, no Santa Cruz e no São Paulo. Ora ser o Pelé branco não é o mesmo que ser o Pêlo branco. Esta não lembrava ao diabo. Só há uma explicação. A pressa era tanta que veio ao de cima o desconhecimento e a ignorância dos factos. Possivelmente o depoimento foi gravado e ao ser transcrito foi mal percebido. Daí Pêlo em vez de Pelé. Mas depois não houve um revisor talvez porque como diz um empresário de jornais «isso não é preciso porque os computadores já fazem a revisão.» Só que esse pobre diabo não percebe a diferença entre revisão ortográfica e leitura do sentido. O sentido de uma frase só uma pessoa o pode perceber. Os computadores apenas reparam nos erros de ortografia. Nada mais. Fiquemos pela frase de Fernando Pessoa -«o que não tem sentido é o sentido que tudo isto tem.»
Desculpe fugir ao tema do seu post. Ele trouxe-me à memória as tardes passadas a ver jogar homens como Travassos, Vasques, Caldeira, Carlos Gomes, David Julius e muitos outros no velhinho Alvalade. Aí me dirigia pela mão do meu pai um lagarto ferrenho. A antiga Estrada de Malpique,onde nasci, não ficava longe e apesar de termos que passar pela Estância de Madeiras (o campo do SLB), o caminho valia a pena se antecedido de almoço na Quinta de S.Vicente. Em Alvalade assisti a muitas tardes e noites de glória do SCP. Ali vi o famoso jogo contra o Benfica em que houve um tremendo “sururu” com o Ângelo e um vendedor de gelados. Ali vi um inesquecível Sporting-Académica em que o Rocha(o homem de Macau) cilindrou a sua antiga equipa. Ali vi debutar o Seminário (que jogador!). Do meu pai não recebi a herança sportinguista, hoje sou um Pastel convicto. Todavia digo, pedindo de empréstimo o título de uma antiga coluna de “A Bola” se a memória não me falha, “Ai que saudades. Ai! Ai!”
Também me lembro dessas estradas e azinhagas do Lumiar – Azinhaga da Torre do Fato por exemplo. Mas lembro melhor o ir para a bola de eléctrico – havia um eléctrico para cada campo. 16 e 17 para o Belém, 2 para o Sporting, 18 para o Atlético e 5 para o Benfica. Um dos meus poemas tem esse título – «LUz Restelo Tapadinha Alvalade». A expressão «ai que saudades ai ai» pertence a Carlos Pinhão.
este texo provocou-me fado
(até dei por mim a fazer aquele tique de sacudir, ao mesmo tempo, os ombros e os cabelos).:-)
E o rabo Sinhã ?!
Jnascimento
o rabo sacudiu a val. :-D