Balada para uma tarde cinzenta

Lisboa, chave do Mundo
Em teus olhos fotografado
Barco a perder-se no fundo
Onde o mar fica a teu lado

Na memória da carreira
Com destino para Goa
Uma canção derradeira
Na despedida a Lisboa

Se levanto a minha voz
E a junto à tua paisagem
Não sei de milhas ou nós
Mas quero ir na viagem

Nesta cinza prolongada
Entre Lisboa e Cacilhas
Memórias de quase nada
Barcos e nomes de ilhas

Na tarde que não existe
Fora da folha e da escrita
O tempo fica assim triste
Lisboa está sempre bonita

Lisboa, chave do Mundo
Porto de me sentir seguro
Foto que dura um segundo
Entre o passado e o futuro

Entre a cidade e a memória
Entre sons quase perdidos
No teu olhar leio a História
E percebo os seus sentidos

No meio do nevoeiro
Digo-te adeus por sinais
Passavas no Limoeiro
Já chegaste aos Olivais

8 thoughts on “Balada para uma tarde cinzenta”

  1. Porquê ?
    A rima não é o meu forte, mas reconheço talento a quem a faz.
    É preciso conhecer mtº bem as palavras e seus sons para os encadear, ainda por cima cruzados. Que belo fado davam as sua rimas, poeta e você aí à mão, no B. Alto.
    Obrigado, poeta, não deixe de cumprir a sua promessa e siga com a caravana.

    Jnascimento

  2. Eu gostei muito do desenho. O desenho está muito bonito.

    As palavras, essas, nem o vento quer algo com elas. Engordaram, perderam a graça e eu, alma faminta de poesia, fujo a sete pés, que de tanto correr e ainda não ter parado, me encontro a arfar, sem fôlego para mais.

    A caminho da Califórnia vai um burro aos trambolhões…..

  3. Lindo. Pelo menos tão giro como os versos do Carlos Paião. Ou do Silva Tavares ou do Aníbal Nazaré. Adoro esta poesia popular e simples, sem pretensões, toda naturalidade. Um bom exemplo dos versos que o povo entende.

  4. Pois a mim, as estrofes versicas do frankie transportam-me ao extâse. Concorrem com qualquer chuto na veia e outros chutos psicotrópicos.

    Nunca me fartarei
    dos versos do jêéfequei
    São lindos de morrer
    Apetece lê-los ao amanhecer

    Depois de fumar um cigarro,
    Um charuto, ou um charro,
    Impoe-se ler o poeterda
    Não esquer seus versos de erva

    Ui, saíu-me. Vou já chamando nomes por antecipação a quem se meter com a minha escrita que também é reconhecida no diccionário em Portugal. Seus trambolhos, seus grandas burros, seus badalhocos, vão esconder o morango, seus avôs tortos.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *