Fica à esquerda a fragata
Desejo de quem cobiça
Trazia conserva em lata
E as galeras de cortiça
Há uma torre à direita
Construída de raiz
Para a central perfeita
Dos tempos do P.B.X.
Eléctricos são um mundo
Gente de ganga fardada
Seja Algés ou Dafundo
Volta na Cruz Quebrada
Comboios da Sociedade
Para Cascais ou Oeiras
Tempo da electricidade
Nas carruagens ronceiras
Nas gravatas que apregoa
E na sombra que procura
Está toda a cor de Lisboa
Nos motivos da cintura
Chega hortaliça de Loures
Vem a água de Caneças
Carroças de lavradores
Com barrete nas cabeças
Na vinte e quatro de Julho
Que foi antes o aterro
Há o soturno barulho
Ferro a bater no ferro
Passa um carro atrelado
À espera da campainha
Na viagem ao passado
A saudade vai sozinha
lá te esqueceste outra vez de dizer que a naífada é do eng. durão, mas não faz mal porque são todos repetidos com’á tua conversa
Não insistas – aqui não se gasta cera com ruim defunto. O lugar do amónio é ao pé do esterco.
tão gira esta balada e a ilustração. parece um saco de gomas com um laço de cetim.:-)
Que pena não ter conhecido esta Avenida (apesar de não desgostar a que conheço hoje em dia). Mas essa, a julgar pelos teus versos, devia ser magnífica.
Sabes de quem é a ilustração?
Sei sim meu Caro. Foi grande lapso meu porque não soube transmitir ao Valupi. Trata-se de J.B. Durão e este quadro está numa exposição colectiva na Rua da Misericórdia nº 30 ali ao Chiado. Há 44 anos quando vim trabalhar e viver em Lisboa vi um dia uma coisa espantosa: um carro de bois na rotunda do Marquês de Pombal às duas da manhã. Vinha de Loures com hortaliça e estava ali fora de horas por causa do trânsito.