Mal chegado de Lisboa
Bebi sem que esperasse
Num balcão de Foz Côa
O licor da quarta classe
Com amêndoas e figos
Entre pipas de vinho fino
Desenha mapa de amigos
Num coração de menino
Que todos vão guardar
Dentro da adulta idade
Os rios foram para o mar ´
Essa é a única verdade
Quarta classe data sabida
Na vida feita caminho
Há uma frase sentida
Já és um homenzinho
Nesse licor de Foz Côa
Que nunca tinha bebido
Há a marca duma pessoa
E um espaço percorrido
Disse adeus a Trancoso
Deixei na Meda verdades
Num comboio vagaroso
Desenho duas saudades
A Menina de Vilarouco
Princesa nesta paisagem
O sorriso nunca é pouco
No calor duma viagem
O licor da quarta classe
Memória, fim da infância
Entra sem que o sonhasse
No mistério e na distância
O licor da quarta classe, só por si e por aquilo que representa em nós, ainda que com pouco álcool na sua composição, é capaz de nos transportar a um estado de pura embriaguez pela saudade e pela doçura.
Obrigado pela leitura, valeu a pena escrever esta ladaínha para ter este leitor. Mas sei que há quem leia e não queira comentar… Um abraço
Hoje encontrei nos Restauradores um jovem jurista que leu este poema e telefonou ao pai para confirmar o que era isso do «licor da quarta classe». Depois fomos beber um «pirata». Quando a Clara escreveu «Foge José!» não estava a pensar nestes encontros, só viu o lado mau, o rebotalho.
Continuas na tua: quem não gosta do que escreves é logo rotulado de rebotalho! O facto do jurista ter perguntado ao pai, não quer dizer que tenha gostado do teu texto. Se a vaidade tivesse asas, há muito que não te víamos por aqui!
Queres a «cartilha maternal» para aprender a ler de novo ? Olha que isto não é «conversa da treta». Estás enganado. Não sou Zezé nem Toni. Sou outro.
Pois não, esta é “uma conversa da merda”. E és o outro, o Xico esperto que pensa que os outros são parvos.