Balada do cais da cortiça

Cais da cortiça, vapores
A caminho de Lisboa
Samarra de lavradores
Contra o frio da proa

A água do cantarinho
O mestre tem na cabina
É do poço do vizinho
Onde a rua faz esquina

As galeras de Pegões
Chegam aqui de manhã
Entre os gritos e razões
Na cadeia comarcã

E a gente dos escritórios
Nas janelas da prisão
No maço de Provisórios
Cada cigarro um tostão

Em certas ocasiões
Vem a carga diferente
A galera traz melões
Matam a sede à gente

Com rodas de camioneta
São outras velocidades
Viagem quase secreta
Entre duas localidades

Entre Montijo e Pegões
Levam a carga que calha
Ou o ferro para portões
Ou vinte fardos de palha

E esta galera continua
Numa memória já morta
Já vem na curva da rua
Onde estou à minha porta

8 thoughts on “Balada do cais da cortiça”

  1. hoje temos a balada da galdéria dos melões ou de como o transporte rodoviário se cruza com o fluvial sob o olhar atento do amanuense que fuma provisórios. um verdadeiro hino do movimento sindical do camionista. dá-lhe falêncio ca luta continua.

  2. És repugnante como o cano de esgoto que passva perto do Cais dos Vapores e do Cais da Cortiça no Montijo. Volta para lá – é lá o teu lugar!

  3. Dizer mal por dizer:
    Hoje em dia há um ódio cego a quem tenta reproduzir algo do passado. Se em vez de criticarem usassem as suas “qualidades” artísticas para fazerem o mesmo. Dos fracos não reza a história. Aqui na minha terra temos o mérito de reconhecer as nossas personagens, estejam vivas ou mortas, e temos um carinho impar por elas. Sejam pessoas ilustres ou humildes. Os méritos das nossas localidades medem-se pelo afinco que os seus conterrâneos lhe dedicam. Por isso a Associação Cultural e Recreativa de Freamunde, o Rodela com os seus poemas, Vitorino Ribeiro com a ilustração, levam-nos a recordar às gerações vindouras a nossa essência. Se isto, ou outras notícias, a desprestigiar os seus autores, como alguns afirmam, vou ali e já volto. Pena não haver mais Franciscos do Carmo a terem tal atitude. Por mim vá em frente.
    Envio um verso da autoria do Rodela, ilustração de Vitorino Ribeiro, voz de Carneiro Alves, do livro Pedaços de Nós. Refere-se ao regente da Banda de Música de Freamunde, hoje Associação Musical de Freamunde, por força dos estatutos, a honrar o seu contributo para com a dita Banda. Espero que seja do agrado de quem tiver o trabalho e paciência de o ouvir.

  4. Obrigado amigo Manuel Pacheco! Assim vale a pena escrever. De facto vivi no Montijo entre 1957 e 1961 estando o meu pai integrado na Brigada Prisional como motorista civil. Veja lá como o mundo é pequeno…

  5. «…reproduzir algo do passado», como diz o Manuel Pacheco, sim, mas com qualidade. O que está em causa aqui, é que sendo o Aspirina um blog com prestígio, tenha como colaborador jcfrancisco no campo das Letras. «Ódio cego» não é o que os comentadores sentem por este fulano. Fobia ou antipatia, talvez, e por ele criada. Acontece que jcfrancisco se auto-intitula personagem importante na área da literatura. Tem vaidade desmesurada e faz dela um estandarte. É isso que irrita muitos dos que o lêem. Porque a vaidade que tem não «condiz» com a qualidade daquilo que escreve. A prova está neste poema que em jcfrancisco se torna risível, e noutra pessoa qualquer, com a modéstia que deveria estar associada a quem assim escreve, seria absolutamente aceitável. Se publicasse apenas notas de leitura, os comentários seriam, com certeza, bem diferentes.

  6. Aqui fica o exemplo do que disse acima. Ninguém vai exigir à Sinhã que escreva uma quadra bem feita. Porque a Sinhã não se impõe como uma figura de proa da nossa Literatura. Por isso, se aceita a «poesia» que escreve e ninguém a critica. Tem, apenas, alguma graça… É isto, zézinho! Não há cá invejas (mal de nós, invejar-te!). Há apenas a intenção de te chamar à realidade: menos vaidade, mais qualidade! Ouviste, pá, ó maloio do avô torto?

  7. Não uses plural, o «nós» em ti é um nojo. Não podes falar em colectivo, tu és apenas um isolado. Calhamaço!

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