As casas de Blackheath Park

São todas de madeira e de vidro
As casas de Blackheath Park
A outra metade é feita de tijolos
Tristes porque são todos iguais
Na sua tão repetida monotonia

À volta da avenida fica o arvoredo
Antigo como as casas dos guardas
Lembra um velho tempo de quintas
Com cavalos e carroças no mercado
Hoje só recordado aos domingos

Esquilos nos ramos, corvos na relva
De noite raposas fogem assustadas
Dos poucos táxis a circular na rua
Na escuridão fria da noite inglesa
À hora dos comboios mais raros

Envolvido nas rotinas das escolas
Levo na mão o meu neto de manhã
E vou buscá-lo perto do meio-dia
Pego na pasta azul com o seu nome
E levo o saco da fruta que ele espera

Todos os dias trocam o livro da mala
São elefantes, borboletas e ovelhas
Entram na floresta que eu lhe conto
E tremem de medo dos monstros
Como eu tremo de medo da doença

São todas de madeira e de vidro
As casas de Blackheath Park
Frágeis perante a neve a chegar
Tal como eu frente ao pâncreas
Que de súbito há-de ficar cansado

Tudo é intenso e frágil nos dedos
Maneira de eu dizer adeus à vida
Todos os momentos são preciosos
Para que o meu neto me lembre
E não se esqueça de me recordar

8 thoughts on “As casas de Blackheath Park”

  1. mais um lamechópoema do tadinho de sta. catarina. podias traduzir essa porra para inglês e distribuir apenso ao comunicado do psd para sensibilização dos mercados, para mais tarde recordar o teu contributo para a crise do santo pancreas.

  2. ai. juntar elefantes e borboletas e ovelhas é do melhor que há e tenho a certeza que o Thomas nunca deixa de se esquecer de se lembrar de ti. e nem eu que tanto gosto destes comboios de letras que escreves. e zango se não acreditares que o adeus vem muito longe. :-)

    se fosses uma ovelha,amónio, por um segundo que fosse, brilhavas.:-)

  3. Tristes porque são todos iguais
    Na sua tão repetida monotonia

    isto podia ser a introdução à tua obra completa. Como aqui no condomínio não há patos, a quem sugeres que eu aperte o pescoço?

  4. fónix! se eu tivesse um avô francisco como tu fugia para bem longe, fora das rotas lowcost. deixa o puto fora da poesia e vai traumatolizar gajos da tua idade ou andas a preparar as comemorações do centenário nos jardins escola de greenwich.

  5. Ó pá, amómio, adubo e esterco é tudo para debaixo da terra. Vai e não voltes! DEsaparece! MOrre!

  6. Eu bem disse que se aprendia muito com este senhor bloguista mas não sabia que ele tinha um bando de patos e não deve ser pequeno porque ele manda muita gente torcer o pescoço ao pato a minha avó é que faz um arroz de pato com laranja às vezes ela convida e vamos lá todos a casa comê-lo eu de poesia é que não sei nada a não ser aquela das doce uma da manhã bem bom duas da manhã bem bom porque a minha professora gosta mais da prosapoética e como é primavera mesmo a chover e a cair granizo e tudo acho muito bem o senhor bloguista falar do arvoredo antigo, dos corvos na relva, dos esquilos nos ramos, das raposas a fugir de algum caçador talvez mas fiquei muito admirada com a escuridão fria da noite inglesa porque não sabia que na Inglaterra fazia frio à noite e também com o neto do senhor bloguista trocar todos os dias de livro lá na escola que raio de escola é essa porque o meu livro é sempre o mesmo e olha os meus pais onde é que iam buscar o dinheirinho para eu ter um livro novo todos os dias isso é que era bom também gostei que o neto se lembre dele para o recordar só fiquei com muita pena dos tijolos tristes porque são todos iguais coitadinhos dos tijolos são muito lindos estes versos.

  7. Olha ó Guidinha em primerio lugar parabéns! O texto está excelente e é uma boa homenagem a Sttau Monteiro. Quanto ao pato – a expressão vem no «Dicionário do palavrão» de Orlando Neves (que mo ofereceu em Maio de 1993) assim: «apertar o pescoço ao pato» – «urinar».

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