Havia em José Rentes de Carvalho duas Ernestinas, a mãe e a filha, a mulher e a obra. Da primeira nasceu ele assim, andarilho de muitos mundos, “romeiro sem romaria”, a viver há cinquenta anos na Holanda. Aí foi professor na Universidade de Amsterdam, aí tem visto apreciada e lida a vasta obra. Não assim em Portugal, e não admira, se Rentes de Carvalho nunca foi de cenáculos da moda, nem de incensórios, nem de capelinhas. E sobre o mais com este ar de estrangeirado.
A segunda é a espantosa e comovente saga duma família, e dum tempo, e dum certo país. “É um exemplo de como se pode passar literariamente por uma região sem se atolar nela”, e isto disse a propósito Rui Ângelo Araújo, que foi seu companheiro e alma da Periférica, e é outro animal transmontano que também se não ajeita a dar o lombo às amansias costumeiras.
Seria exagerado privilégio de Rentes de Carvalho ter vivas as duas Ernestinas. Perdeu agora uma. A mãe faleceu há dias.
Jorge Carvalheira
Notícia no blogue de José Rentes de Carvalho.
Sobre a obra do autor.
Livros publicados na Holanda.
Deixo aqui o meu apreço, não sòmente ao escritor, como ao homem cuja integridade; franqueza e discernimento me faz sentir orgulhosa por me honrar com a sua amizade.