Portas explicou que cumpriu bem a sua função de Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.
Nas jornadas parlamentares, começou a sua despedida, e assim o seu futuro, ao garantir a boa fotografia possível de uma passagem por esta coligação que, de tão negadora do seu verbo “rimante”, já tem órgãos para se autogerir.
Portas, acusado enquanto MNE de andar por onde não interessa e fora do palco europeu, defendeu-se, explicou o seu papel, explicou as regras europeias que o afastam daquele palco e consistentemente descreveu um percurso sério na ação, com pensamento sobre o papel de Portugal no mundo e não se esqueceu de mostrar contas, no seu Ministério, inatacáveis.
Assim, um dia, pensará Portas, quando a coligação explodir, poder-se-á dizer dele que foi um bom Ministro de Estado, categoria, de resto, à qual Passos o remete em exclusivo, a par de Gaspar, como se Portas não fosse muito mais.
E é.
Aí, precisamente, bate o ponto. Na preparação do seu futuro, Portas, o parceiro de coligação que esteve calado quanto ao OE de 2013, que foi protagonista com Passos e outros tantos de uma guerra fria dentro do Governo, repetiu a conclusão inevitável da necessidade de termos um OE.
Simplesmente, porque sabe do falhanço desse OE, como sabe que esse OE é a sua morte política, contraria V. Gaspar e, em tom altamente institucional, para não irritar, negando “atitudes beligerantes” contra o memorando, elogia a Senhora do FMI, a tal que viu da evidência do erro da receita aplicada a Portugal.
Atirada a pedra de forma não-beligerante ao V. Gaspar que, como já escrevi, em modo psicopatia política, viu naquelas declarações uma ameaça, Portas prossegue, afirmando que elas são “amigas” e que na próxima avaliação temos de “negociar”.
A sua saída está feita quando convoca o PS para analisar o que sejam “cortes estruturais na despesa”, porque, recorda, é coisa para afetar gerações.
Numa palavra, Portas sabe que errou em tudo, sabe que o Governo vai cair e quer o direito a uma narrativa e a um futuro: a narrativa de que foi efetivamente um bom Ministro, patriota, com visão; um futuro de quem mostrou que não teria ido por aqui e que está pronto para ser parceiro de coligação.
Do PS.
(no P3)
Coligações com esse Judas? Vade Retro!
Não creio que P. Portas sinta vontade em continuar na política activa, embora procure
retocar a sua imagem no des-governo, fazendo o papel do arrependido!
Irá fazer uma longa travessia do deserto, restaurar a sua credibilidade talvez, como
comentador político, se as sondagens são fiáveis será o desastre para o PSD e, o CDS-
PP corre o risco de voltar a ser o tal do táxi! Não será de todo descabido, se por algum
tempo sair do País…só para mudar de ares!!!
Portas? Sem vontade de continuar na política activa? Acho que está a ler mal o homem, J. Madeira. Se há animal político, é aquele. E é claro que o PS se vai coligar com ele se tiver que ser, mesmo sabendo que mais cedo ou mais tarde levará a inevitável ferroada.
O Portas de sobrolho franzido, perdido de gozo, a brincar, já não só aos caudilhitos partidários, mas aos estadistas de dimensão histórica, é uma das anedotas de maior alcance histriónico deste governo. Volta e meia dou comigo a interpelar os meus botões: «o Portas é ministro, é até duplamente ministro, nem sei bem de quê — nem ele provavelmente (do Mar?) — e é de novo ministro porque já foi de outra pasta qualquer, noutro governo, e também se divertiu à grande. O Portas! O Paulo Portas é ministro! E ninguém estranha? Será isto possível?». Só não acordo estremunhado, banhado em suores frios, porque não estou a sonhar. É mesmo verdade. O país enlouqueceu.
Gungunhana, mas ver o Passos Coelho a fazer cara de Primeiro-Ministro – ou até, valha-nos Deus, de estadista – provoca a mesma sensação de estar a sonhar ou a alucinar.
J.L. Ferreira,
Sim, mas o Passos é novidade, ao passo que o outro e as suas partes gagas histriónicas são antiguidades arqueológicas que já toda a gente devia conhecer de ginjeira. Mas não. Em vez disso, imensa gente leva a sério e fica extasiada com a sua actuação, sem perceber que a única ambição do homem é gozar com a malta até onde puder. E depois de marcar a sua reentrada na história, via pós-PEC,4 como o potencial grande estadista –sempre sofredor por não ter campo de manobra — ir tirar umas fériazitas ao Dubai e preparar-se para o próximo episódio…