A entrevista que Teixeira dos Santos deu esta semana à TVI é um documento histórico de enorme importância. Daqui para a frente, ninguém poderá fazer a história das razões que levaram Portugal ao pedido de ajuda externa sem referir este poderoso testemunho na primeira pessoa.
isso é para espíritos volatéis como o teu, o gajo já tinha dito isso e muito mais na véspera da golpada, mas ninguém ligou peva, incluíndo uns mongos do ps que viram aí a grande oportunidade de brincar aos elevadores do altis.
http://www.youtube.com/watch?v=jQwARzWs5y8
mas há algo de novo na entrevista, meus caros! Algo deveras importante!…
Teixeira dos Santos explica que o problema de tesouraria, que se poderia ter no Estado, e que levaria a problemas com pagamento de salários, seria um problema de liquidez; que não havia, como diz a direita, falta de dinheiro. Aliás, em 2011 o saldo primário era praticamente zero.
Convém explicar que o Estado Português, depois dos tratados de união monetária que Cavaco Silva assinou irresponsavelmente, só se pode financiar como uma empresa. O Estado ficou limitado ao financiamento junto da banca, em condições que os promotores dessa traição a Portugal julgaram ser, para o futuro, sempre óptimas: juros baixos, etc. Só que, em virtude da turbulência financeira causada pela crise do subprime, uma vez limitado esse financiamento — devido à subida dos juros — recorreu-se aos PECs para tentar convencer os bancos a continuar a emprestar-nos dinheiro. Depois do chumbo do PEC-4, os bancos fecharam a torneira e o financiamento foi praticamente cortado; desde essa altura, não haveria maneira de fazer face a problemas (mesmo conjunturais) de falta de liquidez, a não ser com a dita “ajuda externa”.
Um Estado que retém a soberania monetária pode fazer face a problemas conjunturais de liquidez através da monetarização da dívida pública. Mas os portugueses também se deixaram iludir pelo crédito barato; e gostaram disso, sem perceber como a economia portuguesa ia ser arrasada por essa política monetária. Os porttugueses, verdade seja dita, também quiseram ser enganados por uma política que não tinha futuro.
Quanto aos partidos “do protesto” (e outras pessoas, como eu, que não eram desses partidos mas que se opuseram a todo o processo de perda da soberania monetária) eram e são “do protesto” precisamente porque aquilo que defendem era largamente minoritário na sociedade portuguesa.
A propósito da histórica entrevista de Teixeira dos Santos à “simpática”… que como uma alarve levou quase toda entrevista a ver se conseguia arrancar no entrevistado a mínima palavra em que pudesse pegar para colocar na balança da diabolização de Sócrates, gostaria de deixar aqui um pequeno texto acerca deste tema: a diabolização de Sócrates e do PS mas, mais do que isso, da classe política “tout court”com intuitos e visando fins em que, ao fim e ao cabo, só a direta está interessada.
De facto, estou cada vez mais cansado, desta universal e demagógica tendência, de atirar as culpas de tudo quanto de desgraçado acontece neste pobre pais para a “classe política”, assim medindo tudo pela mesma rasoira. Infelizmente esta tendência atinge até camadas da população de gente honesta e de cujo nível intelectual seria de esperar menos simplismo e maior discernimento. Os políticos todos eles, sem a mais pequena exceção, são uma cambada de corruptos que mais não vêm do que a dois palmos das suas miseráveis barrigas! E prontos! Acabemos com todos eles e teremos salvo o mundo!
Mas esta obstinada e simplista demagogia parece levá-los ainda mais longe. Não só censuram a corrupção mas, pelo menos ao nível do subconsciente, parece que gostariam que a classe política fosse constituída por uma espécie de sacerdotes que, finda a sua entrega ao bem público, dessem entrada num qualquer mosteiro. De facto, se os vêm sem emprego conhecido, ipso facto: o sacana encheu-se “à grande” enquanto esteve no poder! Se o vêm a trabalhar numa qualquer empresa: lá está! O sacana vai continuar a servir-se à “mesa do orçamento” já que aprendeu bem como “a coisa se faz”!
Estou já a ouvir os que me chamam ingénuo, ou que, pior que isso, me dizem “feito com os gajos!”. É evidente que não é disso que se trata. Não tenho a mais pequena dúvida das vergonhas e tropelias que neste domínio se comentem. Como há dias me dizia um amigo meu, reproduzindo palavras, suponho que de Sá Borges de quem era amigo e que fora ministro no tempo da saudosa Lurdes Pintassilgo: “O que é bom não é ser Ministro! O que é bom é TER SIDO MINISTRO!” Sei bem que isto é verdade. Mas sei também que, com generalizações numa matéria tão delicada, cairemos num absurdo e estéril nihilismo ou pior na mais nefasta demagogia que só aproveita à Direita mais canhestra que é também a mais perigosa.
A Comunicação Social por seu lado, com algumas honrosas exceções, abjeta serventuária da Direita portuguesa que lhe garante os lautos ordenados ou de quem depende para não correr o risco de que, sem contemplações, lhe seja apontada a porta da rua, essa Comunicação Social vai servindo prodigamente a sua mentira especialmente contra o seu mais temível inimigo – Sócrates e o PS – tendo o cuidado de a ir salpicando, aqui ou além, com uma ou outra verdade, mais ou menos anódina, relativa aos próprios patrões.
Com este jogo habilidoso atinge ela um duplo objetivo: por um lado consegue que a sua mentira atinja maior profundidade já que como bem versejou António Aleixo “A mentira para ser mentira/ e atingir profundidade/ tem que trazer à mistura/qualquer coisa de verdade”. Mas, por outro lado, vai radicando e confirmando na opinião pública a tal ideia de que venho falando ou seja: não há verdadeira distinção entre estes e aqueles políticos já que todos eles fazem parte da mesma “malandragem”, ideia que sobremaneira interessa à Direita como bem se compreende e a história tem demonstrado.
De facto, trata-se de uma atitude a que só não chamo estéril, porque, infelizmente, ela nos conduz aos mais nefandos resultados, desgraçadamente muito mais nefastos do que aqueles que, com razão mas também com muita demagogia, queríamos postergar. Como acima disse, a “direita dos interesses” que é a nossa, está muito atenta a este discurso! Melhor do que ninguém ela sabe, como já se disse, que, pelo menos numa primeira fase (claro que esquecem as fases posteriores), ele pode render-lhe largos proventos.
Acontece, além disso que, por pior que seja o juízo que, com ou sem razão, possamos fazer da classe política como um todo, o certo é que os que a integram não vieram do Espaço nem apareceram neste vale-de-lágrimas por geração espontânea. Eles são uma natural emanação da sociedade em que nasceram, cresceram e viveram ou vivem. Com as exceções que confirmam a regra, eles são, também, o produto “das suas circunstâncias” como dizia Ortega y Gasset!
Assim sendo, creio que seria bem estimulante que não esquecêssemos que eu, tu e ele somos parte integrante da sociedade que gerou e permitiu que surgissem os tais “monstros” de que com tanta ligeireza e generalização gostamos de falar e que tiremos daí a óbvia conclusão de esta nossa sociedade também é ela no seu todo a responsável pelo mal de que nos queixamos. Pensemos apenas na “sem-cerimónia” com que muito português não hesita em não olhar a meios para atingir os seus fins. É só reparar no que se passa nas nossa estradas! Não generalizo e até tenho bem consciência de que o civismo é uma qualidade em crescimento, mas estamos ainda longe do que se passa noutros países.
Este discurso ultra-demagógico e populista é, por disso, altamente perigoso, como se sabe mas muito se esquece. Ele cria e fertiliza o terreno propício ao aparecimento dos mais tirânicos e terríveis ditadores em que a História é pródiga. Mas infelizmente os Homens recusam-se obstinadamente a aprender com as lições do passado. De facto, como disse Hegel num seu luminoso pensamento: se alguma coisa a História nos ensina, é que os Homens são absolutamente incapazes de aprender com a História!
Cara Isabel,
O notável discurso de Pedro Silva Pereira do fatídico 23 de Março de 2011 constitui, esse sim, um documento histórico, pela sua capacidade de antecipar todos os principais contornos da tragédia em que o País foi lançado.
O depoimento de Teixeira dos Santos poderá fazer parte, quando muito, da parte mais pequena desta história que conduziu ao que hoje vivemos. Em minha opinião, Teixeira dos Santos, que teve um papel fundamental nos primeiros três anos do Primeiro Governo Sócrates, não conseguiu resistir à pressão das difíceis situações com que teve que se confrontar após o início da crise internacional, acabando por ser, inadvertidamente, mas na prática, um aliado da rapaziada que hoje nos governa (Banco de Portugal, banca, mega-merceeiros, EDPs e companhia). Ou seja, a ideia com que fico é que, mesmo tendo que temperar as suas posições devido à grande força e intuição políticas de Sócrates, Teixeira dos Santos acaba por ter uma matriz racional de pensamento, talvez mais razoável, mas ainda assim não muito distinta dos economistas “macro-austeritários“ que nos dias de hoje governam Portugal e a União Europeia.
A parte mais negra do testemunho de Teixeira dos Santos foi quando confirmamos que, independentemente da situação ser já na altura insustentável, o então Ministro das Finanças decidiu, por sua livre e espontânea vontade, anunciar em primeira mão ao mundo o pedido de ajuda de Portugal, sem ter comunicado previamente ao Primeiro-ministro que o iria fazer. Todos nós temos momentos melhores ou piores na vida, mas há situações que, justa ou injustamente, nos definem e, mais do que isso, marcam o nosso destino na história – esta é uma delas.
Há outros momentos desta história negra em que pode ser que um dia se venha a conhecer melhor o papel de Teixeira dos Santos, como por exemplo, na decisão de nacionalização do BPN sem a SLN, na escolha do atual Presidente do Banco de Portugal Carlos Costa, ou mesmo em algumas das medidas propostas no âmbito da negociação do Memorando de Entendimento (diversas delas, na minha opinião, baseadas em “ideias velharias” que a macroestrutura mais radical do Ministério das Finanças – independentemente dos Ministros – sempre tentou impor (mal) aos restantes Ministérios e às pessoas em geral).
Por fim, diria “à judite” que para conhecer a fundo o enredo do fatídico crime de Março de 2011, falta investigar o que mudou – e quem foi decisivo para mudar – a opinião do PSD sobre o PEC 4 entre a manhã e a noite de 11 de Março de 2011. Para isso, dou-lhe uma pista – ao contrário do que dizem mesmo pessoas razoáveis como Pedro Marques Lopes, a decisão de chumbar o PEC4 por parte do PSD não estava assumida desde o início (cfr o sentido das Declarações na manhã de 11 de Março do Secretário Geral Miguel Relvas – fonte: Correio da Manhã – http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/ultima-hora/psd-so-reage-as-medidas-do-governo-depois-do-conselho-europeu). E não, não acredito que tudo se tenha ficado a dever ao famoso ultimato de Marco António (ou eleições no País, ou eleições no Partido…)… Houve certamente outra mão mais poderosa por trás do arbusto… Outra mão que agora talvez esteja aprisionada (também) pelas consequências desse ato criminoso que se conhecem e com que todos hoje nos confrontamos…
De nada vale chorar sobre o leite derramado! A grande e única verdade é que endividaram o país até ao tutano e só quando as torneiras do crédito se fecharam é que perceberam que tinham de chamar o FMI para que o Estado continuasse a honrar compromissos .
Esta é a grande e única verdade! Pelo menos que isto sirva de lição aos futuros primeiros-ministros, digo eu que sou um incrédulo relativamente a toda esta classe politica que nos tem desgovernado, por isso o meu voto, à anos a esta parte é em branco!
Pedro da Silva Pereira, não foi escolhido por acaso para as funções que desempenhou
nos Governos de José Sócrates, com efeito, foi uma verdadeira mais valia com uma
qualidade acima da média, tanto na formulação como na exposição das políticas e suas
consequências para o País!
Coube-lhe o mérito de lançar o termo “narrativas” entre os comentadeiros e jornaleiros
da nossa praça política e da comunicação! Houve um momento no programa “política
mesmo” da TVI24 em que, um certo “senhorito” do PSD de nome Arnault com o costu-
meiro hábito de repetir a “bancarrota”, o descalabro nacional, a falta de dinheiro para
os salários e pensões …acabou “tosquiado” quando as suas “narrativas” assim chama-
das por Silva Pereira, foram desfeitas e ele, vermelho que nem um pimento acabou por
meter a viola no saco, sem uma resposta cabal!
Uma pequena observação; ambos os interlocutores exerceram as mesmas funções em
diferentes governos … óbviamente!!!
jorge, essa tua ambição de seres governado por não-políticos (já o cavaco se intitulou, assim), usando o voto branco para o efeito levou-nos até aqui. È uma escolha legítima em democracia, não podes é alegar que não tens nada a ver com o resultado. O voto em branco favorece os vencedores. Ès, portanto, um apoiante “passivo” (activo) deste governo.Estás a queixar-te da tua escolha? Também isso é legítimo na democracia que precisa de políticos.
Torna-se absolutamente crucial responsabilizar Cavaco pela desgovernação do país. E exigirmos todos, com frontalidade, a sua resignação no cargo, para o qual é manifestamente incapaz e não possui o necessário sentido patriótico.
Não tenhamos dúvidas, enquanto Cavaco permanecer em Belém a desgraça acentuar-se-à. Foi ele próprio que armadilhou a sua capacidade para formar possíveis soluções alternativas. Tornou-se prisioneiro do seu ilimitado ego. A nós resta a esperança de nos vermos livres dele, antes que seja tarde.
já tudo o que é gente responsabilizou cavaco, o presidente mais impopular (pelas sondagens) desde que há registo. Isso não interessa nada,porque, pela nossa constituição e sobretudo pelos nossos agentes jurídicos, nem que o homem monte um golpe de estado(coo já fez),ou proteja publicamente criminosos financeiros(parceiros de crime em Conselho de Estado) como já fez, é intocável. Pode lixar o país todo a proveito da sua mania, que nada acontece. Por aí não vamos lá. E ele é quem sustenta tudo isto.
E quem chma nomes ao criminoso-mor vai preso ou leva com processo, que os funcionários da justiça não brincam. Já brincaram o suficiente em montar pseudo-processos ao 1º ministro anterior, que nos custaram milhões, sem provas. Mas estamos no admirável mundo novo que a Isabel Jonet imagina no futuro, mas já é agora.
Agoar se fosse um Sampaio ou um qualquer presidente Socialista, aí tínhamos a Pj com autorização para escutas ilegais ilimitadas. Lembram-se? Não foi assim há tanto tempo.
Cavaco é o dirigente político mais nefasto de que há memória na democracia portuguesa.
óh jorge, se o seu voto é em branco há anos,tem pouca autoridade moral para criticar as politicas politicas levadas a cabo.