Eixo do fascismo

Hoje vi com tranquilidade mais lixo televisivo. Não esperava que fosse tão intenso no programa animadíssimo, com pessoas que gosto genuinamente de escutar, concordando ou não, como o Pedro Marques Lopes e o Daniel Oliveira (hoje ausente).
O programa discute a semana política pelas gargantas dos seguintes: Clara Ferreira Alves, Daniel Oliveira, Luís Pedro Nunes, Nuno Artur Silva (moderador) e Pedro Marques Lopes.
Acho agradável o espírito de ironia do programa.
Acho que todos os comentadores devem preparar-se antes de comentarem com arrogância um fato político.
Acho que um comentador que revela, e bem, um substrato ideológico, como o do horror a tiques de classe, o da exigência de igualdade do desconhecido e do conhecido, do licenciado e do analfabeto, tem de ser consequente.
Hoje, nada disso aconteceu. Uns pecaram por acção, outros pela conivência vergonhosa.
Lembro-me de ler o famoso retrato feito à Clara Ferreira Alves, mostrando-a como uma fraude, e de achar aquilo horroroso, maldoso, altivo, fascista, mesmo.
Hoje, nos dois pontos que salientei há pouco, todos disseram que era “incompreensível” haver no PS quem quisesse votar contra o CT porque “era o memorando”. E depois riram muito e disseram que era a cena dos socráticos.
Se aquela gente até é paga e tudo, será pedir muito que sejam inteligentes e não engulam o argumento do voto a favor antes de lerem o memorando comparando-o com o CT? Eu sei que dá trabalho, mas evitavam caluniar pessoas na televisão e mentir à gargalhada.
Depois, o Pedro Nunes e a Ferreira Alves referiram-se à minha pessoa como “uma tal de Isabel Moreira” que veio defender o Sócrates em vez de ir para a frente.
Referiam-se à minha reacção às declarações do porta voz do PS. Para além de terem mentido, mais uma vez. Eu defendi a necessidade de não cair nessa armadilha de estarmos presos ao passado, coisa que Seguro anda a fazer, tendo assim defendido Seguro – mostraram a sua verdadeira natureza.
São elitistas, fascistas sociais, falam de igualdade dos pobres porque é bonito, mas uma Deputada não pode ser só a Isabel Moreira. Não. É “uma tal”. Como se não tivesse passado. E mesmo que não tivesse. Mas antes de se criticar diz-se “uma tal”, porque afinal somos todos iguais, menos para sermos objeto de comentário político: temos de estar na política há 20 anos e então somos gente comentável sem “uma tal”.
Que o Pedro Nuno e a Clara F Alves tivessem este olhar ora fascista ora combatentes pela igualdade conforme adivinham as audiências, eu já sabia.
Entristece-me o silêncio do Pedro Marques Lopes a ouvir um fascismo verbal destes calado, quando andou a dissertar sobre os censos às fundações com o parecer (de uma tal) de quem?

20 thoughts on “Eixo do fascismo”

  1. Infelizmente, Isabel, a Clara F. Alves e outras figuras que balançam entre o fascismo e o esquerdismo são o rosto dos que se uniram à direita para implodir a esperança de Abril. Basta que um qualquer Relvas as contrate para uma qualquer assessoria e vê-los-emos tão convertidos aos tiques salazarentos quanto as zitas, os barretos ou os medinas. É gente vazia, que ri na calúnia, no bom nome das pessoas, com a ligeireza de quem nunca soube o que é ser responsável. Estão prontos a vestir qualquer fato, desde que o as suas figurinhas deem nas vistas. Insensíveis, no limiar da patologia, é o que deixam transparecer. E esta é a gente a quem é dada a vez e a voz nos grandes meios de comunicação. Depois queixamo-nos da alarvidade reinante, nesta democracia que agoniza.

  2. oh menina! quem anda à chuva, molha-se. se não tem arcaboiço para isto é melhor dedicar-se a outro ramo com menos exposição mediática. sempre houve filhos da puta e não é com lamentos destes que deixará de haver, meta uma cunha ao balsemão pode ser que resulte.

  3. Grande comentário, Mário. Sim, é o que existe por aí, diria desde que somos nação, com as devidas distâncias e com algumas excepções – basta ler alguns textos críticos do Eça e de outros intelectuais de antanho, para ficarmos cientes disto. A “democracia” já agonizou, se virmos bem, pois quem meteu no governo estes fascistóides foi a mesma “democracia”. É lamentável, mas é o que temos, ATÉ QUANDO?

  4. ignatz,

    que engraçado, vi a coisa assim: se a falta de coerência e de inteligência da gente da má língua – que por vezes, concordo, até acertam algumas – ficou exposta, porque carga de água não há-de a Isabel mencionar o assunto? Ou só eles é que se podem queixar? Andaram à chuva, molharam-se, paciência, não precisam que venham agora dizer que quem responde tem mais é que meter cunhas.

  5. tem duas alternativas, malha grosso nos gajos ou ignora-os. eu ignorava por manifesta desporporção de meios e para não alimentar o negócio dos moços. lamechice é que não e a cunha era cinisno cifrado. já agora anota aí que os filhos da puta não se molham porque estão do lado de cima da nuvem e têm a gfk do lado deles.

  6. Escrevi um comentário relativamente longo, e depois apaguei-o. Porque acho que se pode resumir a isto: estás a evidenciar-te, logo ainda vais ter saudades de quando tudo se resumia a inconsequentes críticas patetas de comentadores patetas* num programa pateta. Estás bem acima disso agora. Boa viagem.

    * Excepto o PML. Embora, naquele programa, também o PML.

    PS – Não gosto do “fascista”. Abusas da palavra, e acontece-lhe o que aconteceu a “terrorista”. É só mais um insulto sem significado.

  7. “comentarem com arrogância um fato político”.

    Minha senhora se foi erro está perdoada, mas se não foi, você é que merecia mas era um “FATO” de madeira.

  8. Pois é Isabel. Vais ver que se continuares, como espero, a pensar sempre pela tua cabeça e a emitires a tua opinião ainda vais ter mais “disto”. Há os que são pagos para “comentar”!!! Mas o “malandros” são os que desempenham funções públicas.Abraço solidário Isabel.

  9. A frase é estafada, mas bem verdadeira: os extremos tocam-se.

    Compreendo o lamento de Isabel Moreira, mas subscrevo o desabafo de ignatz – uma arena política é para bestas e gladiadores a sério, não é para rosas e punhos-de-renda – e a crítica de Vega9000 – à falta de mais rigoroso e expressivo, “totalitarismo”, aplicado a esta situação, seria um termo bastante mais certeiro (e quanto a mim mais acertado) do que o já tão profanado significado de “fascismo” puro e duro.

    Por sob a carapaça das aparências e dos significados de 1º nível cognitivo e psicológico, onde penetra e labora a máquina infernal da comunicação social de massas, a essência da atual realidade política e mediática portuguesa assenta num pilar central fortíssimo e muito resistente, que consiste numa angelical sintonia entre as duas narrativas “pop” predominantes na Sociedade: a narrativa populista da Direita, seja a conservadora, seja a ultra-liberal, e a narrativa popularucha da Extrema-esquerda, quer a mais institucionalista (PCP), quer a mais “radical” (BE e “deolindos”), e a “harmonia celestial” resultante desta sintonia impossibilita de todo a escuta de qualquer outro tipo de narrativa política, ainda que mais informada, mais honesta, mais culta, ou mais benfazeja.

    Esta é, de momento, a maior tragédia da Sociedade portuguesa, que aliás é aflorada, ainda que às cegas, no “Portugal Hoje – O Medo de Existir”, do José Gil, mas à qual falta ainda um longo e árduo trabalho de clarificação e de “tradução”, para a linguagem popular, para que os sentimentos por ora difusos que perpassam na opinião pública possam tomar gradualmente a forma de pulsão coletiva e transformar-se, primeiro, num sentimento identitário comum e, depois, permitir uma “passagem à ação” global. Da qual contudo, hoje, ninguém poderá ainda concretamente vislumbrar, com segurança, quais poderão ser os seus contornos, que seguramente irão surpreender ainda mais quem se considera um “catedrático” das revoluções, do que quem sabe muito bem como preveni-las, evitá-las, ou então mitigar as suas consequências, “a posteriori”.

    Como tão bem conseguiram fazer ao 25 de Abril, ainda que tenham precisado de décadas…

  10. Isabel,

    muito bem observado o painel da má língua, gosto do termo painel no sentido em que todo o escárnio é pouco. São como lhes dá na gana, umas vezes mais canela noutras mais açafrão. São os meninos da linha estilo musgueira umas vezes mais divertidos outras mais ranhosos. Há quem os entenda muito bem.

    Isabel quer falar de coisas sérias? Aceite o meu convite para um almoço que não se arrepende.

    Até pode ser no novo bar de drt que está um maravilha.

    abraço

  11. Tem toda a razão, também vi o programa e surpreendi-me com a crítica superficial e tendenciosa à sua posição. Todos os comentadores do eixo do mal têm a obrigação de saber, e sabem-no com certeza, que a proposta de CT vai muito além do memorando da troika no que toca aos direitos e garantias dos trabalhadores. Não tenho uma opinião negativa de CFA, bem pelo contrário, e não compreendi nem gostei do seu silêncio conivente, como diz e bem. Mas estava presente uma outra pessoa no debate, que não referiu, Rui Tavares, e cujo silêncio também não se compreende. Ou compreende-se?

  12. será que ainda ninguém percebeu que aquilo é um programa de broches e que os comentadores são pagos pelos bicos que fazem ao balsemão & amigalhaços ou acham que o parvo do nunes está lá porque tem piada, o oliveira porque é de esquerda, o pedro de direita e a loura porque bochechas antes de engolir.

  13. Nos tempos salazarentos não havia liberdade de expressão,de resto nem havia liberdade nenhuma,só que os Relvas daquele tempo congeminavam uns artifícios no campo do mal-dizer na forma de “críticos” amestrados a aspectos situacionistas mais para “inglês ver”porque só era levado quem queria e infelizmente muitos o eram.No sector dos “papagaios”havia um que se notabilizou pela durabilidade e pela habilidade com que vendia um peixe tipo carapau do gato mas que tinha espectadores fieis que levavam as as últimas para as tertúlias sem receio da bufaria pidesca nestes casos conivente.Chamava-se o coiso,João COITO,e se não procriou deixou genes para os actuais vindouros tal como aqui se comprova no tal Eixo e nas arrastadeiras atentas e presentes nos blogues que se não revêm nos laparotos em que destaco o “Cãmara Corporativa”,identificados sempre como “Anónimo”mas grosseiramente à vista pelo canhestro e repetitivo argumentativo porque o da propaganda não topa a tudo.No caso em apreço,nem são precisos instruções preparatórias,a directiva foi genérica porque se trata de gente com inventiva na arte de engrolar saloios e da laia do referido Coito,que nem do apelido,alvo de jocosidades , se intimidava.Será a dama quem se abotoou com a fatia mais abonada da herança do refinado e finado amestrado?

  14. Na verdade aquele eixo é mesmo uma palhaçada. Vejo porque me rio à brava com a maioria dos estúpidos comentários ali feitos. Muita mentira, pegam nos assuntos pela rama, aldrabam, dizem muitos disparates, não preparam as intervenções. Às vezes estão a dizer coisas que, entretanto, já foram desmentidas e eles continuam impávidos e serenos como se de verdades se tratassem.
    Vejam aquele parvalhão do nunes que agora quer exames da 4ª. classe. O sujeito só está para ali virado porque defende estes calhordas que agora nos desgovernam e como ele é também um calhordas que está ali para fazer favores ao patrão vá de dizer asneiras umas a seguir às outras. O parvalhão não tem uma ideia, não é capaz de emitir uma opinião com sentido. O gajo está ali só para criticar o grande Sócrates. Ainda um dia lhe vai dar uma apoplexia ou um avc quando fala naquele político. O cabrão emite ódio por tudo quanto é poro mas sempre através de mentiras de julgamentos que só existiram na cabeça daquele burro. E andamos nós a pagar a esta gentalha para dizer alarvidades.

  15. Em tempos via, mas deixei de ver aquele “Eixo da Merda”, com cinco cagalhões tão mal cheirosos que até o cheiro me entrava em casa.
    Infelizmente, ainda há quem veja!….

  16. Isabel:
    Como alguém já disse antes de mim, se continua assim, a pensar pela sua cabeça ainda vai ter de ouvir muitas destas…
    Se quer um conselho, ignore as críticas e vá em frente. Sobretudo, seja valente e não se queixe. Ou acha que algum dia os políticos vão deixar de ser criticados, gozados ou vilipendiados numa democracia em que há tanta liberdade de expressão ?
    Boa sorte!

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