Diz que “é preciso ouvir o Povo”. Força nisso.

1. Conferência de imprensa de Vítor Gaspar onde se anuncia (sobretudo ao CDS) um “enorme aumento de impostos”
2. O povo sabe que o pacote seria sempre aquele, tirando a sobretaxa, porque nada daquele horror é uma alternativa à TSU. Sem TSU, que não combateria o défice, o Senhor Vítor Gaspar teria sempre de dizer “enorme aumento de impostos”
3. Portas entra e sai calado no debate das moções de censura, mas à porta pede mais cortes na despesa e mais alívio fiscal
4. Tudo isto depois de tudo isto ter sido negociado como bandidos escondidos com os amantes do Governo: “os parceiros internacionais”
5. O Governo, mentiroso, acena com o memorando, que nem sequer está a cumprir
6. O Governo falha e repousa o seu falhanço no memorando que viola
7. O memorando, hoje, é uma plasticina que o Governo altera unilateralmente com a TROIKA, com quem não pode “incumprir”, mas garante que cá dentro não há alternativas (esse totalitarismo chantagista), como seja renegociar o tal do memorando que já renegociou sempre que eles e eles se entenderam. Seria, pasme-se, intolerável juntarmo-nos a parceiros internacionais – que os há – para renegociar o santo memorando, no sentido da democracia, que parece não ser outro que não o de cumprir com as obrigações que o Estado tem com os seus cidadãos
8. O Governo, isolado, investe na morte do país que governa; a República, ao contrário, é festejada em local diferente, local para políticos protegidos do povo
9. Os pobres são tidos por aldrabões
10. Os estudantes perdem bolsas se o agregado familiar incumpre obrigações fiscais (viva a ensino público para ricos, viva a lógica policial pidesca da transmissão de culpa)
11. Aumentam as entregas de casas aos bancos, e as emigrações forçadas, e a escravatura laboral, e o desespero do mês dos que têm mês acabar a dia 15, e os despedimentos pelos que não queriam despedir mas que foram também eles esmagados, e as empresas fechadas, e tudo para nada, o nada de visão alguma, esperança em quê?
12. Um país em que os reformados são despesa, e logo esbulhados, um país sem que uma medida surja com um estudo que a sustente, um país entegue a loucos que “diminuíram” o Governo e aumentaram a ilegitimidade do poder: assessores, grupos, conselheiros, poderes invisíveis
13. Um Governo exato a dizer o que esmaga e poético a ocultar o que oculta
14. Um Governo que debate 3 horas sem falar no desemprego
15. Um Governo morto por dentro, um CDS sem S, um CDS em suicídio, em auto-revogação, mas um PSD, também, em tudo o que prometeu e programou
16. Hoje um PM a dizer que é contra o aumento de impostos: – “quem não é?”. De ir à loucura.
17. Cavaco caladinho até dar uma entrevista a jornal espanhol: – “é preciso ouvir o Povo”
18. É? Então demita o Governo, porque isto está insustentável

3 thoughts on “Diz que “é preciso ouvir o Povo”. Força nisso.”

  1. muito bem, sra. deputada, não há como discordar – á exceção, talvez, desse suiSídio do ponto 15: terá sido o S que diz faltar ao CDS que resolveu suiCidar-se?

    mas venho aqui sobretudo para comentar o seu post anterior (em que não consigo entrar) que cita baudelaire – em inglês! não será possível transcrever as palavras exatas ( e famosas) do grande escritor na sua bela língua francesa?

    “Il faut être toujours ivre. Tout est là: c’est l’unique question. Pour ne pas sentir l’horrible fardeau du Temps qui brise vos épaules et vous penche vers la terre, il faut vous enivrer sans trêve.
    Mais de quoi? De vin, de poésie ou de vertu, à votre guise. Mais enivrez-vous. Et si quelquefois, sur les marches d’un palais, sur l’herbe verte d’un fossé, dans la solitude morne de votre chambre, vous vous réveillez, l’ivresse déjà diminuée ou disparue, demandez au vent, à la vague, à l’étoile, à l’oiseau, à l’horloge, à tout ce qui fuit, à tout ce qui gémit, à tout ce qui roule, à tout ce qui chante, à tout ce qui parle, demandez quelle heure il est et le vent, la vague, l’étoile, l’oiseau, l’horloge, vous répondront: “Il est l’heure de s’enivrer! Pour n’être pas les esclaves martyrisés du Temps, enivrez-vous; enivrez-vous sans cesse! De vin, de poésie ou de vertu, à votre guise.”

  2. CDS sem s, sim. de “social”, zero.
    Obrigada, mas eu conheço o poema em francês.
    Está em inglês à conta de um episódio importante que não vou relatar. tenho essa liberdade e os poemas também são isso, a sua chegada a outras línguas, que os conhecem e reconhecem.
    Um poema é um post silencioso. é o meu critério, sou eu que o defino, naturalmente.
    mas podem continuar nestes comentários atentos e decentes perante a miséria nacional.

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