“Crato, os professores e a não política”

Foram para a política quando deviam ter ido para patrões no Bangladesh. Ali não precisariam de saber fazer política – isto é, prevenir, ceder aqui e influenciar ali, ser maquiavéis e discutir… -, só precisavam de distribuir umas lamparinas em caso de reticências. Mas não, foram para a política, a arte do compromisso. O azar é que lhes calhou a taluda e chegaram ao Governo. Era como se o alheado do Vítor Gaspar chegasse a ministro das Finanças. Ah, chegou?! Então já sabem. O problema é que ele não é caso único de tipo que chumba cada dia. Por falar em chumbar, peguem no Crato dos exames. Foi para patrão dos professores, um sector coriáceo (tão duro e tão cego que foi dos que mais ajudaram a instalar esta trupe no Governo). Ministro, Nuno Crato tinha um plano para tirar poder aos professores. Atenção, não vou aqui discutir se é justo ou não, digo que há plano. Logo, se era para os combater, um político nunca teria pensado em fazê-lo quando os professores são mais capazes de mostrar a sua força de grupo. Ora que altura escolheu o ministro para o confronto? A época de exames, que é como invadir a Rússia no inverno. Dando-se conta da asneira, Crato recorreu aos tribunais para impedir a greve dos professores. Pois ontem soube-se que ele não vai poder obrigar aos serviços mínimos porque faltava papelada no que mandou para o tribunal! Crato exige exames e ele próprio chumba a todos. Resta-lhe ir para o Bangladesh mandar em mudos.

 

Ferreira Fernandes, hoje, no DN

21 thoughts on ““Crato, os professores e a não política””

  1. “Foi para patrão dos professores, um sector coriáceo (tão duro e tão cego que foi dos que mais ajudaram a instalar esta trupe no Governo)” é um erro de análise.

    Crato (embora no superior) era um dos que antes se mostrava duro e cego para instalar esta trupe no governo. Os que o gostavam de ler e apoiavam continuam na escola, mas não se mobilizam agora. É ir lá e vê-los calados ou dizendo que há outros modos de luta e que são contra a greve.

  2. Diz a Isabel:
    “…professores, um sector coriáceo (tão duro e tão cego que foi dos que mais ajudaram a instalar esta trupe no Governo)”.

    Não acha que é responsabilidade a mais para um sector tão duro e tão cego?
    Então e os sindicatos e os partidos, à esquerda e à direita, que se apropriaram do protesto dos professores? E a sucessão de campanhas negras contra Sócrates? E a “mão por detrás do arbusto”? E a geração à rasca? E a crise que não era internacional? E os queridos jornalistas? E os queridos juízes? E tanta outra gente e sectores agora amolecidos e lúcidos?

    Creio que é já tempo de sínteses, deixar de ostracizar um sector inteiro, compreender as verdadeiras razões que estiveram por detrás de lutas passadas e de lutas actuais.

    Todos devíamos sentir vergonha da trupe que hoje nos desgoverna, e do Crato que cumpre à risca os planos de desmantelamento nacional do Gaspar, estar contra os seus argumentos demagógicos, o futuro dos jovens e assim. É realmente do futuro que se trata quando falamos de ensino.

  3. a isabel não diz nada, como é hábito, quem diz é o ferreira fernandes, como é hábito, e a isabel transcreve, como é hábito e os monges vestem prada.

  4. Como diz nm “Crato era um dos que antes se mostrava duro e cego para instalar esta trupe no governo”.
    Podíamos acrescentar que também M. Lurdes Rodrigues se mostrou dura e cega, que também ela foi responsável pelo actual desgoverno do Crato. Nenhum ministro (nem Crato, nem Rodrigues) pode responsabilizar a totalidade de um sector pelos males desse sector, nem virar pais e alunos contra professores, nem disfarçar medidas economicistas com o alibi da competência. Existem males, é certo. Discuta-se quais, sem diabolizar todos aqueles que vivem o ensino de corpo-inteiro.

  5. Não me esqueço das manifestações de milhões de profs. que a TVs mostravam a exibir atitudes deploráveis, quais adolescentes, que a estes não admitiriam.
    Não se tratava de gente ingénua sem instrução, eram pessoas instruídas com a mais elevada formação, provavelmente culta, que não se importou de ser usada como carne para canhão na mira de conseguir uns privilégiozinhos. Agora temos ‘todo’ um país a ‘aguentar’, a ‘aguentar’, em parte por v/ causa.
    No refluxo estão a sofrer as consequências e a ver muita gente encolher os ombros com indiferença face ao que lhes está a acontecer.
    Que nota atribuiriam a vós próprios no exame final, Stores?

  6. uma merda de manifestação, nada que se compare com as gloriosas jornadas de luta contra a sinistra ministra, quer em termos de palavras de ordem, cobertura mediática com helicopteros ou participações numa inferiores a 300 mil. no tempo do socras é que era bom, agora a coisa mais insultuosa que vi foi um pauzinho com um cartão a dizer “rua”.

  7. QualquerUm não é professor, mas deve ter sido aluno, porque escreve. E escreve, indirectamente, a palavra REPRESÁLIA. Acho que sim, toca a retaliar os privilégiozinhos dos professores, porque as crianças, os adolescentes, as famílias, todos são indiferentes.

  8. oh meu! tirando os escuteiros não vi nada de anormal no vídeo e não entendo o que queres provar com essas imagens de manifestação ranhosa a anos luz da guerra que fizeram à lurdes.

  9. Oh Ignatz, então e a guerra que a Maria de Lurdes fez aos professores?! Deveriam ter ficado bem quietinhos, ou em vénia?!
    Bem quietinhos ficaram, sim, enquanto as medidas foram adequadas. Todos reconhecem que a Maria de Lurdes não teve só políticas erradas. As coisas mudaram quando ela passou à hostilidade para impôr políticas cegas, convencida que os profs., tradicionalmente sem força nem ânimo, continuariam quietinhos.
    Como muitos julgam, o problema não foi a avaliação, se o modelo escolhido (sul americano) não fosse humilhante para qualquer profissional com o mínimo de inteligência e brio. E cada qual que se coloque no lugar dos professores.

  10. a lurdes, além de ter sido a melhor ministra da educação que tivemos, foi tamém a primeira pessoa que explicou ao país o que são os professores portugueses, uma cambada de incompetentes e calaceiros que vivem em autogestão desde o 26 de abril. hoje têm o que merecem e amanhã irão ter aquilo porque sempre lutaram, fazer nenhum, mas desta vez por conta própria.

  11. O ignóbil ignácio mostra o que quer. esmagar os professores. mas não podem ser esmagados pelos filhos da puta dos outros, têm de ser esmagados pelas filhas da puta dele.

    o ódio e o confronto dos grupos profisisonais enquanto motor político, na agenda de uns ps tão próximos, que por isso só abrem a boca para comparações na linha da miserável filosofia à la assis: “um professor fazer greve a um exame, é como um médico fazer uma greve à urgência hospitalar”

    em lisboa, na almirante reis, costa e salgado, outros ps sem interesse, lá deixaram ir a baixo um prédio do cassiano branco, broncos e bandidos.

  12. oh nanómetro! toma lá para a série fenprof revisited. andei à procura de vídeos mas parece que a cambada se encarregou de os retirar em horas de serviço pagas pelo ministério da educação.

    http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/atualidade/bailinho-de-jardim-e-mario-nogueira

    não sei o que é que o cassiano branco tem a ver com a fenprof, mas suponho que a comunada tinha em vista mais uma sucursal do hotel vitória na praça joão rio para instalar o camarada nogueira e acólitos.

  13. O CM, um jornal à altura do microinàcio. vê lá se te lembraste de ir buscar uma prosasinha do pinto Mascarenhas sobre um dos teus outros filhos da puta preferidos

  14. Portugal, gastos com a educação caem de 6% do PIB, no tempo de Guterres, para 3,5% do PIB, agora.

    Era previsível, a reacção corporativa dos professores. A profissão e a escola estão em risco. O corporativismo dos professores ainda vai no adro; ainda há-de dar muito que falar. E que não se queixem as nossas elites económicas; porque os seus antepassados burgueses, durante o feudalismo, recorreram ao corporativismo para se defenderem da nobreza e do clero.

  15. Este Domingo à noite observei uma vez mais a superior dimensão política (e humana) de Sócrates. A propósito da greve de professores ele sintetizou, numa penada, o que até agora nenhum político ou comentador quiz dizer sobre o que está realmente em causa. Quem ama a Educação sabe o que significa educar (ou instruir, para ser mais correcto). É preciso aprender com exemplos bons.

  16. Roteia,

    mas também disse que ao 5º mês de legislatura levou logo com uma greve dos profs por causa das aulas de substituição. Não tenho ideia de que os professores se tenham manifestado a favor de uma única medida da governação Sócrates para o sector.

  17. Eu também estou contra esta governação do Crato – mas por questões apenas políticas, não profissionais, pois já deixei o Ensino como Professor (mas não como Pai…) – e apoio incondicionalmente a Escola Pública e a luta dos Professores honestos, dedicados e competentes.

    Mas não tenho pena nenhuma dos Profes Sindicalistas: foram eles que cavaram a sua própria sepultura! Agora, aprendam com os vossos erros. Se pensam que ainda são capazes de ensinar, provem que também ainda são capazes de aprender. Que é precisamente o ÚNICO objectivo do Ensino! Nunca o esqueçam.

  18. Isto vai de barracada em barracada. Sempre quero ver como é que vão sustentar o facto de haver alunos que não devendo ter feito exame, o fizeram, criando não sei que expectativas… Na sequência da greve às provas de avaliação, disse-me uma professora que houve alunos com nota “1” que fizeram exames (!!!).

    Crato, filho, antes que te ponham no tribunal, despede-te.

  19. Ainda não entendi a razão que levou Nuno Crato a não adiar o exame para o dia 20, conforme lhe foi proposto pela comissão arbitral. Segundo a lei, o pré-aviso de greve para uma data de exame tem que que dar entrada no Ministério dez dias antes. Isto evita que as provas remarcadas possam ser alvo de nova paralização…

    Se foi para a vitimização, não parece uma estratégia brilhante; pois a única coisa que sobressai é a balbúrdia de um dia a fazer lembrar o verão quente de 1975. Foi visível a insuficiente coordenação da prova e a falta de informação do ministro sobre as irregularidades. Um exame nacional do 12º Ano, para além de ser um evento com a sua dignidade própria (para a qual Nunco Crato desde sempre contribuiu, com belas palavras sobre o rigor no ensino da matemática), tem também uma faceta eminentemente prática: é um elemento fulcral de seriação dos alunos para a candidatura ao Ensino Superior. Por esta razão, um exame do 12º Ano não pode ser tratado como uma mera prova de aferição, ainda para mais pela instituição — o governo — que garante a sua legitimidade. Depois das notas publicadas, não faltarão alunos descontentes com o resultado a contestar a prova, argumentando com as condições em que foi realizada. Nuno Crato, como professor universitário que é, ainda para mais com currículo e experiência docente relevantes, não deveria ter cedido aos ditâmes da politiquice laranja. E se alguém, do governo, lhe exigiu que actuasse contra o que o seu bom senso profissional aconselhava, só tinha um exemplo a seguir: o de Francisco José Viegas.

    Não tenho dúvidas que em qualquer país civilizado o exame não teria sido realizado em todos os locais onde não havia condições mínimas; isto é, em todas as escolas onde o número de vigilantes por aluno não era suficiente para TODOS os alunos o fazerem, e em condições de ocupação das salas que evitassem o copianço.

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