“consenso unilateral”

O atual Governo tem uma estratégia de clivagem radical com o consenso social de  quatro décadas de  democracia enquanto enfeita de vez em quando o discurso com hossanas ao consenso.

Foi assim com as sucessivas revisões do memorando da troika feitas com um êxtase místico de ir além da encomenda sem dar cavaco a parceiros sociais ou ao Parlamento, foi a sofreguidão de pôr em causa  o primado da escola pública como fator de  igualdade social ou a pressa em  vender  monopólios naturais nem que  fosse  a empresas públicas estrangeiras. Como se sabe a única verdadeira abertura a um consenso foi a verificada em matéria de IRC, apesar dos esforços de parte do Governo para que as PME pagassem a redução fiscal em benefício das grandes. Não será assim para lamento dos Mexias habituais…

O fanatismo populista da direita lusitana superou tudo em matéria de investimento público. Na oposição pediam sempre mais despesa sobretudo em estradas e rotundas. O aeroporto e a alta velocidade foram temas de demagogia nunca vista mesmo com um debate público como nunca fora feito(e avaliações independentes)que  alteraram uma localização com décadas e confirmaram a oportunidade única de ligação á rede ferroviária europeia.

No poder, propiciado pelo resgate que desejaram, os compromissos externos foram violados, os fundos perdidos e o investimento diabolizado.

De vez em quando surgem histórias para encantar inocentes como a do terminal da Trafaria agora em trânsito para os fundos lodosos do Barreiro. A deriva de otimismo militante que assola o Governo foi agora adornada com um plano de investimentos com asneiras requentadas ( como o sorvedouro da linha do Norte ),a surpreendente fénix do terminal de Alcântara ou problemas criados por este gerência como a paragem das obras no túnel do Marão. A miticamente consensual ligação de mercadorias a Sines é uma modesta 25ª prioridade…

Esta peça de propaganda obscuramente elaborada por mandatários do Governo está em pretenso debate público com a habitual arenga do consenso. Para criar ambiente Passos vai dizendo que antes tudo era decidido sem estudos nem debate e que a Portela é eterna. Para barrete já chega…

Eduardo Cabrita, Correio da Manhã

2 thoughts on ““consenso unilateral””

  1. eduardo cabrita,é um excelente deputado,mas podia fazer mais,como defender o legado do governo anterior.energia como já deu para ver não lhe falta.o silêncio sobre o passado,está a destruir o partido socialista,com resultados devastadores na sua representatividade junto dos portugueses,e obviamente no parlamento! nota: fiquei contente por saber que o predio do coutinho em viana do castelo finalmente vai abaixo.a direita em viana, saiu derrotada em toda a linha com esta decisão que não admite recurso.

  2. “De vez em quando surgem histórias para encantar inocentes como a do terminal da Trafaria agora em trânsito para os fundos lodosos do Barreiro”….
    Ainda bem… Mas porque motivo foram ( governo) desenterrar uma coisa que está prevista há anos e da qual este governa nem a estória sabe ? Isto já vem do tempo do botas e já esteve para ser cais de carvão e tudo….
    Aliás, esta do cais na Trafaria é mais um bom exemplo da actuação/accão (inação…) dos portugueses sejam eles de que lado forem…. ´
    É assim: sonha-se com a coisa, projeta-se , não se faz logo e discute-se e quando se resolvem , passaram anos e o projeto ( até na sua localização….) já não serve PORQUE O MUNDO É OUTRO!
    Vejam o Alqueva ( desde a década de 1940…Vejam o prédio Coutinho em Viana (desde os idos de 1974/75), o Aeroporto ( desde o tempo do Caetano ou de botas ),
    o TGV, O desmantelamento da EXPO ( ainda existe)…
    Poderão dizer que é a falta de dinheiro… Não. É incompetência !
    Também é uma explicação para a existência de PIN’s ! E tantas outras coisas!
    Se houvesse dinheiro seria a mesma porcaria….

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