A cruzada da MJ “contra tudo e contra todos”, contra “quem tem qualquer coisa a esconder”, contra “quem não tem coragem de rasgar todos os Códigos de Portugal” é também uma cruzada contra a o princípio da separação de poderes.
Quando questionada sobre isso, tem uma fúria, porque na sua cabeça autoritária a AR não a fiscaliza.
Esta cruzada, em pouco tempo, teve três momentos dignos de uma demissão:
1) a pressão sobre o TC enquanto este decidia o Acórdão que se debruçava sobre normas do OE de 2012;
2) a decretação do “fim da impunidade” no dia da notícia das escutas a 3 pessoas, defendendo-se com o fato de ter dito especificamente que se referia a “todos os casos”. Toda a gente percebeu. Mas mesmo que se referisse a todos os casos, quem pensa a MJ que é para “decretar” o fim da impunidade?
3) agora, sabemos que o pedido de esclarecimentos à PGR sobre as escutas que apanharam por acaso o PM foi feito pela MJ. Acontece que a lei confere a possibilidade de serem prestados tais esclarecimentos “a pedido de pessoas publicamente postas em causa”. Já se sabe que do Gabinete do PM não surgiu qualquer pedido. Mas lá está a MJ a falar, a pedir, a exigir “em nome do Governo”.
Esta postura pode não afligir muita gente, mas talvez convenha recordar que é esta MJ, que não sabe o que é o Estado de direito, que apresenta a reforma penal e todas as outras. É esta MJ que elimina 1000 artigos do CPC porque “o que interessa é a verdade e não a forma”, a “forma”, essa conquista suada da democracia.
entretanto, na AR…(aí, sim)
http://expresso.sapo.pt/incidente-no-parlamento-com-empresarios-aos-gritos=f762012
Cheios de boa fé, ainda tiveram o trabalho de fazer um estudo (que o gaspar os mandou fazer, aberto às provas em contrário), para mostrar que a descida do IVA iria aumentar o consumo, criar emprego, aumentar receita, etc. (porque o Gaspar não sabe nada disto); depois lá foram ao Cavaco entregar o estudo que lhes disse que o mesmo estava muito bem feitinho (e que deve ter mandado para o cesto dos papeis logo a seguir). E agora perceberam que a sua boa vontade foi abusada. Dá-me pena, a sério.