O Trump não faria pior

Os cientistas alertam há anos para o facto de a Península Ibérica ser, na Europa, a região onde os efeitos das alterações climáticas se farão sentir em primeiro lugar e com maior intensidade. Ora perante a situação que o País atravessa, em termos climatéricos, seria de esperar que se iniciasse um debate sério sobre esta problemática. Mas não, parece que o que está a acontecer ainda não é suficiente. É verdade que ninguém nega as alterações climáticas, mas são frequentemente desvalorizadas. Se o assunto em discussão for o da seca prolongada que afecta todo o País, relaciona-se o fenómeno com as alterações climáticas, mas se o tema for o da tragédia dos incêndios, consequência directa da seca, aí é quase proibido fazer essa relação e quem o fizer corre o risco de ser acusado de estar simplesmente a desvalorizar a incompetência do Governo. Aliás, só falta vir um Hugo Soares qualquer garantir que a culpa da seca e das sucessivas ondas de calor é dos malvados dos socialistas, em conluio com os comunistas e bloquistas, que com a sua lendária sede de poder sugam a humidade do ar e impedem a chuva de cair.

O que vale é que temos um Presidente da República cujo nome não é Trump, nunca ninguém o ouviu negar as alterações climáticas. Mas quantas vezes o ouvimos alertar para o problema? E se esta não é uma boa altura para chamar a atenção para um dos desafios mais complicados que o País terá de enfrentar, não sei qual será. Parece que o compromisso que tem com os portugueses tem limitações e a prioridade é vigiar o Governo e não largar as zonas afectadas pelos incêndios. Mas e as vítimas que estão à espera de o serem? Pode Marcelo garantir que com a fiscalização que fará à actuação do Governo a tragédia não se repetirá? E se as previsões de mais um Inverno seco se confirmarem, quantas aldeias correm o risco de serem as próximas a arder? E que tal parar em algumas dessas aldeias e usar a sua popularidade, poder e vontade de mandar para chamar a atenção para este problema, apontar o que está mal e alertar as populações para o que também têm de fazer sob pena de nada servirem as medidas do Governo, deste ou de outro? Isso é que era! E no fim até podia prometer voltar para os cobrir de beijos e abraços.

3 thoughts on “O Trump não faria pior”

  1. Para percebermos bem o nível da catástrofe natural que se abateu sobre Portugal e de que ninguém parece muito interessado em falar – excepto talvez algumas conexões com furacão Ofélia – talvez a velha máxima da comunicação que diz que uma imagem vale mais que mil palavras ainda é o que é! Infelizmente e sem a divulgação merecida das fotos, sou obrigado a recorrer a uma reportagem da RTP. Ver a imagem aterradora do coelho que morreu de pé ao 1’:47. Assim como ouvir o que mais impressionou um veterinário já calejado. Que eu corroboro em absoluto. Como aliás já tinha expresso aqui no Aspirina. Eu e as populações mais atingidas pelo país fora. Todas são unânimes em dizer que nunca viram nada igual. Na minha memória imagens como esta do coelho só em Pompeia. Atingida por uma das maiores catástrofes naturais da história da humanidade. Pompeia e talvez Massamá. E este é só um dos silêncios que eu não compreendo. O outro são as muitas ignições que resultaram em frentes de fogo com quilómetros. Impossíveis só com fontes de combustíveis naturais. Mas os beijinhos do Marcelo garantem muito mais que qualquer discussão séria.

    Independentemente de tudo, mais de 100 mortos em 2 fins-de-semana, actualmente nem nos variadíssimos cenários de guerra à volta do globo. E daqui e como habitualmente na política, só o tempo dirá se António Costa devia ou não ter solicitado ao PR uma nova legitimação nas urnas. Não que a meu ver houvesse alguma razão para essa tomada de decisão. Sobretudo porque tenho para mim, que o resultado de fogos desta natureza seria igual fosse quem fosse governo. Basta aliás atentar nas medidas para o sector do anterior elenco governativo. Claro que falar é muito mais fácil. Sem querer isentar quem quer que seja de presumíveis erros. Da desertificação ao combate aos incêndios. Mas atente-se por exemplo na forma despudorada como as chefias da Força Aérea que sempre dissociaram o combate aos incêndios dos seus objectivos aparecem agora a bater com a mão no peito. Um Estado sem combate a incêndios é como uma Câmara Municipal sem jardineiros. Ou uma cantina universitária sem cozinheiros. Só para dizer o que penso de muitos outsourcings em Portugal. Um país em que dizer mal da função pública é quase um desporto.

  2. O marcelo é um tonto oportunista e sagaz. O Dr. que se cuide.
    A Califórnia arde sem controlo, a destruição é masssssiiiiiva as mortes centenas talvez milhares.
    Acontece que o presidente/governo que é todos os dias açoitado, denegrido, acusado de ser um agente soviético/russo que nega o aquecimento global, não é levado para fogueira como o presidente de cá, um direitolas artolas que lambuza o povo onde quer que vá faz com o 1º Ministro em exercício.
    E os furacões passaram ao lado as inundações da Europa central não estiveram cá senão, o kitsh, kitsh, kitsh lá estaria encharcado lambuzando, chorando, e assanhando o povo contra o Governo legítimo de Portugal.
    O homem é doido perigoso à solta e enche telejornais manipulados a toda a hora.
    Que se prepare o Dr. pois o mãnhas vai pegar o filão.

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