Claro que as medidas que têm sido anunciadas não são de austeridade. O primeiro-ministro disse recentemente que não via motivos para mais austeridade e viu muito bem. A verdade é que, apesar de sermos brindados com novas medidas quase diariamente, a palavra ‘austeridade’ praticamente desapareceu da comunicação social e não tem aparecido colada às mesmas. Mas, hoje, pela boca do primeiro-ministro, ficámos a perceber melhor porquê: são medidas correctivas! E é óbvio que as medidas correctivas não têm nada a ver com as medidas de austeridade, o Governo nem precisa de explicar. As de austeridade não servem para corrigir nada, destinam-se antes a castigar-nos pelos maus hábitos que adquirimos no passado. Castigo por termos andado a viver acima das nossas possibilidades. E só voltam, se voltarem, quando o Governo avisar. Até lá, felizmente, só teremos medidas correctivas. Que bem pensado. Deve ter sido por isso que a taxa de saúde e segurança alimentar anunciada pela ministra da agricultura, aparentemente, não foi discutida no Conselho de Ministros de ontem, como tinha sido noticiado, e percebe-se, é daquelas medidas que poderia lançar a confusão entre as correctivas e as de austeridade e lá se ia o brilharete do primeiro-ministro no debate quinzenal.
Agora digam lá que nós somos a Grécia. Os gregos não percebem nada disto, só falam de austeridade. Pior ainda, em pacotes de austeridade. Depois admiram-se. Por cá, nem austeridade quanto mais em pacotes. E ainda dizem que este Governo não é criativo.
Um correctivo precisava ele num síto que eu cá sei! Ele e todos os iluminados que votaram nele!