Poema de José Ricardo Nunes, de Apócrifo, volume que a Deriva Editores lançou recentemente
Rebola-se no pátio das traseiras.
Digere a sua presa –
armadilhado o músculo
pela sua própria realidade.
Zelo pela fera clandestina
protegido dos acusadores
olhares piedosos. Também a mim,
diz o Pedro, a natureza não perdoará:
imagem sempre aquém.
Viera a gazela beber.
Ficaram os seus restos
à margem do curso de água
em vão imaginado por condoído tempo
para salvar a gazela do leão,
o leão do leão,
e o autor não se sabe de quê.