Na campanha de Manuel Alegre, as praças e as ruas foram substituídas pelos cemitérios. Não há morto famoso que possa descansar em sossego. Todos os finados arriscam-se a ser reivindicados pelo político-cantor. Depois de Álvaro Cunhal, Alegre atacou Sousa Franco. A viúva protestou e resfolegou, o candidato não se atemorizou: quem é a viúva para reivindicar o marido, contra a vontade de Alegre? É óbvio que a viúva está imersa numa imensa conspiração para prejudicar a campanha do candidato “independente”. Sabe-se lá se a mulher viveu com Sousa Franco? Verdade, verdadinha, é que Alegre viveu com Cunhal!
A dúvida instala-se: o candidato faz campanha para ser eleito, ou para reescrever a história à medida da sua versão generosa? Um dia vamos descobrir que, para além do preâmbulo da Constituição, da acção de Che Guevara, da resistência anti-fascista, a roda e até o fogo foram descobertos por Manuel Alegre. Já a Biblia garantia que “a princípio era o verbo”, numa clara referência ao poeta.
Nota: mandei fazer para os meus amigos uma placa, em metal indestrutível, a dizer que independentemente das circunstâncias do nosso eventual falecimento não queremos o poeta no funeral, nem sequer uma aparelhagem sonora a debitar a “a trova do vento que passa”.
Por 10 euros pode levar a plaquinha. Infelizmente, isso não garante que não seja vítima de um elogio na imprensa, a exemplo do artigo que o poeta escreveu quando morreu Agostinho Neto, em que ficámos a saber como Neto admirava intensamente Alegre e que não havia no mundo pessoa que Neto achasse tão poderosamente inteligente e tão absolutamente decisiva no universo…
O homem sempre foi assim…
O seu umbigo é pelo menos do tamanho do seu talento poético… Se a do Cunhal foi infeliz, esta do Sousa Franco correu-lhe mal… afinal ele até nem concordou com a candidatura do Professor Sousa Franco ao parlamento europeu…
Espero que o Alegre tenha o bom senso final de não adoptar essa expressão quando souber que o povo não foi na sua cantiga! E tens razão, o homem foi sempre buscar aos mortos a energia e à lata que lhe permitiram juntar-se aos vivos da sua laia sem levantar suspeitas entre o pagode eleitor esperançado no rebuçado socialista.
Mas quem é que minimamente inteligente ou sem interesse na tal “companhia” teria ainda ilusões àcerca do caracter oportunista dessa pega política com jeito para a poesia?
Mesmo se ele chegar a Presidente do Portugalito da padeira de Aljubarrota, duvido muito que lhe reservem poltrona especial num abrigo tipo Área 51 quando os lagartos bíblicos tomarem completamente conta deste planeta.
Que triste, Nuno! Que triste, Pirolito! Manuel Alegre não é decerto a salvação da pátria. Mas é o único com chances de arranjar-nos uma presidência decente. Seria bom poupá-lo. Poupar-nos.
Fernando Venâncio,
Estou de acordo que é muito triste. Acho a grande maioria dos apoiantes de Alegre estimáveis, apesar de não compartilhar nada da sua apreciação do homem. Bom diagnóstico, péssima solução. Campanha para esquecer.
Apesar disso tudo, vão ter uma razoavel votação. Infelizmente, Alegre só pensa nele, e não haverá nenhuma consequência orgânica desta movimentação. Alegre não é Oskar Lafontaine.
o post é sobre o alegre, mas o conteudo é triste – aqui só se pensa em contar cabeças. Espero bem que a vossa opinião não conte para nada
ps – para o leitor NRA: Oskar Lafontaine ao assumir a dissidência foi riscado do mapa mediático.
O Francisco resolveu ontem dar mais uma ar da sua graça, nervoso, bastante nervoso decidiu apontar a sua raiva para outro alvo, esqueceu por momentos Cavaco Silva logo agora que entramos na recta final da campanha. O Francisco quis ser mais engraçado que o Trostkan da contra-informação. Escolheu mal o alvo. Francisco atirou a primeira pedra, agora que se aguente nas canetas. Francisco nos debates disse que não havia necessidade de demitir o Procurador Geral da República, agora diz-nos que já se devia ter demitido. O Francisco está a ficar nervoso, não terá sido certamente pela descoberta do plágio.
Manuel Alegre atirou forte sobre muitos pratos, Francisco já merecia ouvir destas. Manuel Alegre não se tinha metido com ele. Francisco também não precisava, para isso já temos o Daniel Oliveira no Expresso todas as semanas. Lá por ter ido de férias a Cuba, o Francisco era só esperar mais uns dias. Precipitou-se. Levou uma ripada merecida e em cheio. Manuel Alegre tem muito treino no tiro aos pratos e raramente falha um prato.
O problema é que não estamos no tiro aos pratos, ou na caça aos patos…
O Francisco não é um grande prato,concedamos. Só que armou-se em prato de carreira de tiro e aí o Manuel Alegre foi só apontar e não falhou. E foi olhos nos olhos.
(Nuno, assim não vale: é verdade que quando acordo tenho esse aspecto, mas depois, ao longo do dia, a coisa vai melhorando…)
Fernando,
Só damos a mão à tristeza forçados pela realidade. Eu, pelo menos. Não há nenhuma lei da decência politica de esquerda que obrigue ninguem a preferir bolo só porque o pão em oferta não presta para nada. Se o Alegre possuisse as qualidades que lhe atribuem e fosse um sincero defensor do “socialismo” que se apregoa nos livros, já há muito que teria exibido esse dossier para se impor à nação que agora tem a oportunidade de o mandar dar uma curva. O que acontece é que o oportunismo que o transformou num funcionário do PS cumpridor dos seus deveres de tomar o pequeno almoço às onze da manhã nunca lhe permitiu cavalarias dessas. Prefere agora fazer frente com valentias de velho à incontinência socialista personificada pelo Mário Soares. Desejo-lhe uma excelente viagem, mas que tenha cuidado não manche o lustre dos sapatos com urina em decomposição.
Quanto ao resto, só desejava acrescentar que a diferença entre um governo de esquerda e um governo de direita (põe aspas nesssas palavras) é praticamente inexistente no actual, e de há muitos anos, contexto político e económico do ocidente. Os tempos de Pinochets e Salazares passaram à história. Esse arranjinho já não faz falta. A direita é um reflexo da esquerda e isto só não vê quem é parvo. São parte das mesmas organizações internacionais, dos mesmos pactos militares, das mesmas milhentas de coisas. So what is the fricking difference? Pergunta ao Louçã que também anda sem saber (?) a criar um nome para ser sorvido pelo vortex da intriga.
João Pedro,
Subestimas a tua coerência :)
Resto do pessoal,
A última vez que vi o Alegre caçador na SIC, temi pelo repórter de imagem. A posse era marcial, mas a grande alma não conseguia acertar num prato.
Nuno,
Esqueceste-te do pobre Salgueiro Maia, que também é aoiante presumido do Alegre.
É perfeitamente natural esta reacção dos gays portugueses quando estamos perante um candidato que gosta de fado, tourada e do SLB. Mas seria talvez hora de entenderem que se querem que respeitem a vossa diferença, vocês deveriam respeitar o tradicionalismo e não andarem com posts destes perfeitamente desrespeitosos!
Tonibler,
Como é curioso encontrá-lo por aqui a falar de posts ‘desrespeitosos’…
Caro Nuno Ramos de Almeida: Não tenho o prazer de o conhecer, nem vou comentar o seu texto algo despropositado sobre MA (para um comentário geral aos ataques de apoiantes da candidatura de Francisco Louçâ à candidatura dos cidadãos livres, apoiantes de Manuel Alegre, sugiro-lhe a leitura do magnífico texto de Yvette Centeno, no blog O Quadrado, intitulado As Ostras Estragadas); sugiro-lhe apenas que medite – visto que parece gostar dos paralelos históricos – o que pensaria você hoje da possibilidade de uma candidatura de Luís de Camões ao trono de Portugal; se a hipótese se tivesse colocado, no século XVI, você hoje amaldiçoaria todos os que a tivessem obstaculizado – mas se calhar, se estivesse como eles no século XVI, não teria a clarividência necessária para a apoiar… Pense bem e medite: oportunidades históricas destas não acontecem muitas vezes… e você tem até dia 22 para pensar. Com um abraço, e sem ressentimentos, Inês Pedrosa
Inês Pedrosa, magnífico texto…. ao nível da Rebelo Pinto.
Se se desse ao trabalho de ouvir, ou ler ,as frases do Louçã, e o contexto em que foram pronunciadas, teria certamente uma posição diferente, penso eu.
Alegre na realidade, assume nestes últimos dias, uma postura de confronto com os outros candidatos de esquerda, ao mesmo tempo, que faz apelo ao eleitorado de direita para votar nele, significativo não…
A Inês Pedrosa lembre-se a forma conciliadora, e até concordante, como Alegre esteve no debate com Cavaco, significativo não…
A Inês Pedrosa lembre-se das polémicas que Alegre tem travado com Soares Jerónimo e agora Louçã (votozinhos significativo , não…)
mas polémicas com Cavaco ZERO.
Pois é Alegre infelizmente
talvez por cansaço, talvez por arrogância, talvez por soberba, tem revelado muita prosápia muitas tiradas grandiosas, mas substância, propostas concretas, alternativas em relação ao candidato da direita, NADA.
E essa direita paga-lhe na mesma moeda, os jornais as televisões tão pródigas a atacarem Soares Jerónimo e Louçã poupam ESTRANHAMENTE Alegre.
Porque será Inês Pedrosa? se souber responda…
Cara Ines Pedrosa,
Desculpe a falta de acentos. Sobre o texto da Ivette Centeno,ele parece-me caracterizado pela seguinte passagem que acho que caracteriza a inteligencia da autora: “Mas no fim o voto nele (Louça) será perdido para a mudança de vida dos jovens, enquanto ele continuará a almoçar regularmente na Bica do Sapato”.
Sobre o seu amável comentário, registei a diferença entre “apoiantes da candidatura de Louça” e a “candidatura de cidadaos livres, apoiantes de Manuel Alegre”. Nao acha que é demasiada presunçao achar que todos os que nao concordam consigo nao sao livres?
Oportunismo
Que Alegre, cidadão maior e vacinado no usufruto dos seus direitos de “cidadania”, homenageie quem quiser, é livre para o fazer. Agora que invoque a memória dos mortos que já não lhe podem responder, como se se tratasse do seu legitimo herdeiro, é moralmente condenável.
Agora vem à lota de Matosinhos, “homenagear” Sousa Franco. Depois de tudo o que entre o PS e Sousa Franco, lamentavelmente, se passou, é o mais puro e baixo oportunismo político. Haja respeito pela sua memória. O senhor em questão, poeta e deputado, não gostou das críticas de Matilde Sousa Franco, que acusou a candidatura de Alegre de “aproveitamento político”. O mínimo, que poderia fazer era respeitar a sua dor. Mas não, qual marialva, “a mim ninguém, etc…” a Senhora Dª Matilde que vá chatear o Camões, pois o dito poeta trovador poderia lá passar ao lado de uma boa oportunidade de se reclamar da herança de, mais um que não o pode contraditar.
Que mais estátuas lhe faltarão abraçar. Que me lembre resta a do próprio, lá para os lados de Coimbra, e se der um saltinho a Santa Comba, talvez ainda termine o dia a depositar flores no túmulo daquele tipo que caiu de uma cadeira, cujo nome não me lembro.
Desculpem lá, mas aquilo não pode ser mesmo a Inês Pedrosa. Por muito má que seja a sua prosa costumeira, isto ultrapassa tudo. Comparar Alegre e Camões? Achar, sem mais nem menos, que este daria um bom rei? Achar aquela baboseira das “ostras” coiisa “magnífica”?
Ná. Nem a Rebelo Pinto se sairia com tantos disparates em tão poucas linhas.
Inês Pedrosa: longe de mim meter-me nestas aventuras entre si e o Nuno. Não tenho estaleca para tanto. Outra coisa para que não tenho estaleca é para crítico literário. Ainda assim, e correndo o risco de ser por si (ou pela Yvette Centeno) ridicularizado, arrisco-me a dizer que é um pouco de presunção a mais puxar Camões para o assunto. Além de rebuscado o exemplo pelo lado situacional (realmente o homem não se poderia candidatar a coisíssima nenhuma naqueles tempos), também o seria pelo lado literário. É que, quer-me parecer, o Manuel Alegre ainda não estará no mesmo nível poético do querido Luís Vaz. Ao puxar os exemplos dessa forma só está a tentar dar ainda mais razão ao Nuno Ramos de Almeida.
PS – note que eu até sou um eleitor de Manuel Alegre. Apenas não o sou pela poesia e muito menos pelas companhias que teve ou deixou de ter ao longo da sua (honrada, certamente) vida.
Vampiros são os serventuários do aparelho do partido, sugando o sangue dos contribuintes!!!
Tenham respeito pelo Manuel Alegre, pelas pessoas que ele homenageou e pelo património historico e político que representam.
Já agora, a decencia e a boa educação pedem que se disfarce… a inveja!
Vocês não são dignos da poesia de Alegre
nem da prosa de Pedrosa
vocês são aquela esquerda triste e velha
que a malta vê e goza!
Amiguinho que usa o nickname “A MIM NINGUÉM ME CALA”,
Lembre-me quem pagou o salário de Manuel Alegre nos últimos 30 anos. Recorda-se? Agora engula-me esse paleio salazarista bafiento.
Nomeações para o Prémio Delírio 2006: “Esta candidatura [de Alegre] marca um facto político irreversível: ela assume o direito de pensar, de criticar, de agir e combater. Ela constitui-se como um movimento de inquietação cívica mobilizador de jovens por todo o país, de norte a sul, do litoral ao interior. Ela assume o romantismo e a seriedade que o exercício da política tem perdido, ela recupera o valor da consciência e de como ela é soberana nas decisões.” in “É preciso estar atento”, de André Fonseca Ferreira, Movimento Já, 13.12.2005
Só agora, e por mero acaso, vim parar a este blogue e a esta caixa de comentários. Já avisei o Nuno Ramos de Almeida de que a «Inês Pedrosa» que escreve acima, e à qual respondeu, não sou eu – a que foi porta voz da candidatura de Manuel Alegre. Deixo o meu email para que o confirmem.É desprezível este processo, cada vez mais frequente, de usurpação de identidades. Pelo que aviso que, caso o meu nome volte a aparecer nestas caixas, não sou eu. Nunca fiz nem farei comentários
encapuçados – não é, de facto, o meu estilo.
Inês Pedrosa
Só agora, e por mero acaso, vim parar a este blogue e a esta caixa de comentários. Já avisei o Nuno Ramos de Almeida de que a «Inês Pedrosa» que escreve acima, e à qual respondeu, não sou eu – a que foi porta voz da candidatura de Manuel Alegre. Deixo o meu email para que o confirmem.É desprezível este processo, cada vez mais frequente, de usurpação de identidades. Pelo que aviso que, caso o meu nome volte a aparecer nestas caixas, não sou eu. Nunca fiz nem farei comentários
encapuçados – não é, de facto, o meu estilo.
Inês Pedrosa
quero saber s sou um diurno ou um vampiro