Serão chuva, serão gente…

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Enviou-nos o José do Carmo Francisco esta peça, de amiga sua.
Com gosto a publicamos. À peça, e a ela.

De início pensei que não tinha ouvido bem. Fiquei atenta ao episódio seguinte da novela Tu e Eu, que passa na TVI. Tony Carreira a cantar, no genérico musical da telenovela “… serão tu e eu…”. Não podia ser. Mas era.

Confirmei. Mas não me conformei. Como tenho a mania de querer endireitar o Mundo, comecei por ligar para a produtora da novela. “A pessoa responsável pela selecção das músicas está de férias”. Tempos depois, continuava de férias.

Falei para a SPA. Contei a história. Sugeri falar com Tony Carreira. “Os artistas, por vezes, aceitam mal as críticas…”, foram alertando. Fiquei a saber que a canção já tem uns anitos. Que foi gravada várias vezes pelo cantor e que faz parte do trabalho discográfico de outros artistas (sempre com o “…serão tu e eu…” pelo meio).

A minha teimosia levou-me a contactar a TVI. “O Dr. José Eduardo Moniz está fora, mas volta daqui a dois dias”. Que (eu) tinha razão, mas ela (a secretária) “nem via telenovelas”. Passados dias voltei a ligar. A mesma secretária informa: ” O Dr. José Eduardo Moniz já está ao corrente de tudo”.

A novela passa todas as noites e tem repetição no dia seguinte. Quantos meses vai isto durar? Que providências foram tomadas para que este pesadelo linguístico deixe de atormentar os ouvidos dos portugueses (que não são surdos), como eu?

Nada me move contra Tony Carreira. Apenas me assiste o direito de contestar o malfadado verso, que envergonha a Língua Portuguesa! Muito mais, quando no concerto efectuado no Campo Pequeno se ouviram milhares de vozes, que esgotaram a praça, a cantar o “… serão tu e eu…”, sem o menor conhecimento e respeito pela Língua que é a nossa. Tony Carreira precisou de uma palavra de duas sílabas para “encaixar” na música. “…seremos tu e eu…” tinha três sílabas. Porque não optou, então, por “…serás tu e eu…”, que tem as mesmas duas sílabas?

Um músico amigo disse-me: “Deixa-te disso, eles (?) não ligam a essas coisas!)”. Uma amiga escritora ironizou: “ Não te canses, que não merece a pena…”. Dou a mão à palmatória. Ambos tinham razão. Mas eu também tenho. Por isso, continuo à espera.

Soledade Martinho Costa

37 thoughts on “Serão chuva, serão gente…”

  1. Já há muitos e longos anos que não lia uma peça que desse tantas voltas ao meu orgulho de português desrespeitador das regras da nossa bela lingua. Tomem lá, seus analfabetos da praça de touros de Lisboa! E já sabem qual a palavra de ordem para a próxima corrida das bandarilhas: votem num “outro” senhor com os chifres menos duros para director das calinadas cantadas do entretenimento telenovelético.

    O que resta saber (neste mundo de víboras e escorpiões em que vivemos) é se a meticulosa Soledade e o Francisco que a empurrou para o aconchego deste regaço literário não estariam com ironia a lembrar o Fernando do descuido gramatical, certamente devido a cansaço, que cometeu logo na introdução do seu “sadístico” post. A velha história da aglutinação “porqueana”. Falem-me de tendências “suicidais” e sonos pouco reparadores…

  2. Rapide,

    Essa é a velha história. Escreve-se «porque» ou «por que». Eu mantenho o seguinte:

    a) «por que» é uma sequência da preposição «por» e do pronome «que» (p. e., «as dificuldades por que passei»)

    b) a conjunção escreve-se sempre «porque» («Porque vais?», «Porque quero»).

    Não é, pois, questão de cansaço… (Mas sou sensível à simpatia.)

  3. Há Rapides cuja rapidez assusta qualquer um.
    A eles parece estonteá-los tamanho frenesi.
    Tanto aceleram que nem passam da primeira curva. Acabam abraçados a uma árvore qualquer, seguríssimos de que chegaram ao futuro.
    Ah leões!

  4. Compêndios e gramáticas (vénia especial ao Lindley), “ciberduvidas” e até mesmo amigos especialistas pretensos arrolam argumentos e explicações pertinazes mas não afastam a dúvida e sucumbem à bifurcação.

    Por exemplo, nesta explicação http://ciberduvidas.sapo.pt/pergunta.php?id=193) é quase imperceptível, se não inexistente, a destrinça prática entre as alíneas 1c e 2b+2c. Mas, que diabo!, o website chama-se “ciberduvidas” e não ciberexplicações…

    Pessoalmente, considero mais clara e inequívoca a utilização de “por que” interrogativamente e “porque” conjuntivamente. Parece-me a melhor forma de evitar interpretações dúbias. (Convido os mais curiosos a experimentarem esta opção nos exemplos do link e tirarem as suas conclusões.)

    No entanto, a Língua é para mim uma ferramenta e outrossim alvo de alguma devoção, mas tampouco um objecto de estudo. Porquanto posso não estar correcto ou esquecer-me porventura daqueloutro argumento que clarifique esta sempiterna dúvida. E vivam as uniões de facto!

    Até já.

  5. 2 – Escreve-se por que:
    a) Quando por é preposição e que é pronome relativo (isto é, por que=pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais). Exemplos:
    – Este é o dinheiro por que (pelo qual) vendo a casa.
    – A ideia por que (pela qual) luto é a melhor.
    – Os 100 contos, por que (pelos quais) vendi o carro, dá-los-ei aos pobres.
    – Estão à vista as causas por que (pelas quais) ainda te conservas na minha casa.
    b) Quando por é preposição e o que é pronome interrogativo adjunto: (chama-se “adjunto” por vir “junto” dum substantivo, ligado a ele pelo sentido). Exemplos:
    – Por que (=por qual) razão/motivo/causa/pretexto, etc, não vieste ontem?
    – Por que (=por quais) livros aprendeste?
    c) Quando por é preposição e que é pronome interrogativo:
    – Por que esperas? (= por que coisa esperas?)
    Ex: Que coisa esperas?
    3 – Porquê
    Escreve-se porquê, quando é advérbio interrogativo ou é substantivo:
    a) Advérbio interrogativo:
    – Andas triste, porquê?
    – Porquê toda essa azáfama?
    b) Substantivo. É-o, quando significa causa, motivo, razão, como na frase seguinte:
    – Precisamos de investigar o porquê dos acontecimentos.

    [ciberduvidas]

  6. Ó Avintes, um cidadão que mistura a gramática com a inquisição e a pide, das duas uma: ou toma por conhaque uma qualquer mistela, ou não sabe às quantas anda.

  7. Ninguém se chama José Avintes; não se pode nem se deve tentar (sequer) brincar com coisas sérias. Não pode! Avintes é a broa…

  8. José Mário Avintes:

    Então,você,foi um dos que cantou “…serão tu e eu…” no concerto do Campo Pequeno, certo?
    Ainda pensei que fossem as fãs do Tony Carreira a darem-me açoites, mas, afinal, ele tambem tem os seus fãs…
    Quanto ao seu snobistico “get a life”, conhece a minha biobibliografia?

    Já o meu caro Rapide,que se assume “desrespeitador das regras da nossa bela língua” (o que só lhe fica bem), não me convence com “descuidos gramaticais, enganos e sonos pouco reparadores”, como desculpa para o que é indesculpável. Nunca ouviu dizer “Quem tem cuidados não dorme”?
    Aproveito para comunicar-lhe que sou escorpião. Sabia que é o signo mais forte do Zodíaco? Aliás, com qualidades que os outros signos não têm?
    A minha “meticulosidade” vai ao ponto de dizer-lhe que a própria serpente é o símbolo da prudência. Por isso a sua associação a Esculápio (na Grécia, Asclépio), deus romano da Medicina – conotação que se mantém até hoje.

    Observação e humor demonstrou o Sininho, e na mesma linha de raciocínio, o João Pedro Costa e o Renato C. Sabem que não me tinha ocorrido? Ingenuidade…
    Daí, que vos ofereça a popular quadra: “Não vás ao SERÃO a Avintes/Nem para lá botes o jeito/Olha que as moças de Avintes/Tem n’a semente do feito (feto)”.

    Para os meus bem-dispostos “defensores”, Anonymous, Triby e jcfrancisco, vai a explicação para a quadra (que se impõe, não é?)

    Avintes (Douro Litoral) era apontada como uma das terras onde crescia, nas suas matas sombrias e misteriosas, o ambicionado “feto-real”, cujas sementes só poderiam ser colhidas na noite de São João.
    Quem lá ia prevenia-se de mil cautelas.Desenhava um círculo sagrado no chão,utilizando o signo-saimão (talismã contra as bruxas, naturalmente já conhecido no tempo da Inquisição), e só depois colocava sob a planta um lenço branco, de forma a não desperdiçar nenhuma das suas sementes – embora não haja notícia de que alguém alguma vez as tivesse trazido…
    Segundo a tradição, o “feto-real” é uma planta imaginária, ligada à efabulação popular, que alberga nas suas sementes riquezas e poderes incalculáveis para quem as possui.

    Adeus a todos!
    Um abraço à cidade de Avintes!

  9. Tudo bem Soledade; penso que há apenas uma pequena nota. Sininho parece-me ser uma «querida» e não um «querido» mas não tenho a certeza. Por aquilo que leio parece-me ser do belo sexo – como se dizia no meu tempo…

  10. Zé:
    Sendo a palavra sino (sininho)masculina, nunca poderia precedê-la do artigo definido «a»!
    Mas ainda bem que me diz ser o “sininho”, provavelmente, uma “ela”. Não acha que há homens a mais a escrever e mulheres a menos? Noto isso nestas trocas de comentários e nos próprios textos dos blogues. A não ser, que se escondam atrás de iniciais e de pseudónimos…
    Mas uma coisa lhe escapou, caro Zé. No meu primeiro comentário tenho a palavra também sem acento!E esta?

  11. Zé:
    Além da falta de acento (na palavra, note-se!), elevei a vila de Avintes a cidade!Talvez por gostar tanto de broa…

  12. Falando um pouco de astrologia… não há signos melhores nem piores. Já pensaste, Soledade, se fossemos todos escorpiões? Não haveria ingenuidade… mas o serão seria, sem dúvida, fogoso!

  13. Sininho,
    Isto é uma questão de intuição. Por norma não me deixa ficar mal. Até hoje. E espero que no futuro…

  14. Mas eu assumi que fui ingénua, Sininho! Exactamente porque “somos seres de grandes contrastes, em todos os sentidos”…Mas não concordo contigo.Se fossemos todos escorpiões, havia, com certeza, “meninos” menos acomodados, menos “deixa andar, que já lá vou…”, menos “para quê?”.
    Afinal, é tudo uma «questão» de “ser ou não ser,eis o escorpião”!
    Quanto ao serão, não tenhas dúvida…

  15. Embora as minhas duas grandes amigas sejam do signo de escorpião, eu não sou. E sou tão feliz assim. Não, por não ser escorpião mas por ser o que sou.
    Soledade não é minha tarefa convencer-te, mas pensa nisso.
    E a ingenuidade não é uma característica do escorpião ou será?

    Mas este governo agradecer-te-ia imenso se o teu desejo fosse realizável: encerravam-se as maternidades durante 11 meses do ano. Era uma poupança!

  16. Das duas, uma; ou és muito distraída, ou lês os comentários sem atinares naquilo que está lá escrito. O que (te) quis dizer passou-te ao lado, derivás-te, criás-te “atalhos” (de que não gosto nem quando dou os meus passeios a pé), tentás-te confundir(te)e acabás-te por meter as mãos pelos pés. Não havia nexexidade! Ao ler o teu último comentário cheguei à conclusão de que não mudás-ti…Assim, acabou o “recreio”. Guizos e sininhos, só gosto de os ouvir pendurados ao pescoço do gato. São uma gracinha (embora nunca os tenha colocado a gato meu…)!
    Talvez noutra ocasião voltemos à conversa, quem sabe…

  17. espero que esta antipática não seja a soledade de verdade… porque se for, os seus «tentás-te» e etceteras deitam a perder todas a suas reclamações sobre o serão.

  18. Não sabes se o fiz com intenção, Susana…Às vezes gosto de brincar, para ver até que ponto reagem os comentadores! Não desconfiaste, não reparaste, não achaste erros a mais? Sem dúvida que o “aspirinac” é um bom blogue, com comentadores à altura!
    Outra coisa: mencionaste o meu nome sem maiúscula. Foi por retaliação, por solidariedade, por antipatia? Deixa lá, não fiques triste. Qualquer dia escrevo um erro a sério, está bem?

  19. claro, soledade, logo a seguir fiquei a pensar que seria impensável! comprova-se assim que o escorpião pode ser ingénuo, quiçá tapado (ou até tanso…), dado que partilhamos o signo. quanto à caixa baixa, é mesmo opção, motivada pela preguiça de corrigir o que a minha descoordenação provoca… repara que que não usei maiúscula em ocasião alguma.

  20. Soledade escreveste um erro básico: é B, Aspirina B(mas isso tu já sabias, claro, claro!)
    Ganhaste Susana, o escorpião é ingénuo. Ou só a Soledade? (Hum, vou pensar nisso)

  21. Não, desta vez não foi de propósito. Mas a «aspirina c» existe e o «aspirina b» também. Foi apenas uma troca de medicamentos, sem consequências para a saúde…
    Olha, Susana, aqueles «que que», não se devem a problemas na fala, espero…
    Agora, a sério. Não gosto de guerras. “Cachimbo da Paz”?…

  22. Não, Soledade, foi uma troca de géneros e não de genéricos…
    Não sabia que estávamos em guerra. Ou isto tudo foi para criar um motivo para uma cachimbada!? Sem escorpiar mais… Paz! :)

  23. São tão espertos e nem conseguem perceber que o Tony Carreira diz: Vamos tentar novamente senão tu e eu…. e não SERÃO…. tristeza!Q Isto é o que faz querer colocar defeitos onde não os conseguem encontrar…. Temos pena!

  24. Suponho que te referes “às músicas” do Tony Carreira…Sabes que não és só tu a gostar e gostos não se discutem. Mas a música é uma coisa e o poema (ou letra) é outra coisa, de acordo, Maria do Carmo? E a Língua Portuguesa, outra coisa ainda!

  25. Cambada de anormais. O que ele diz é ” Vamos tentar novamente… senão tu e eu… é melhor dizer adeus!!!

  26. Gostam muito de criticar os outros especialmente o Tony Carreira, não sei porquê mas antes de criticvarem seja quem for olhem primeiro para vocês e deixem os outros fazer o que mais querem que nete caso e cantar. O Tony Carreira é um grande cantor

  27. há gente que não olha mesmo por si a baixo…
    quem quer encontrar defeitos e não sabe como faz destas coisas !
    ele diz ‘senao’ e nao ‘serao’!
    por isso, da próxima vez que quiseres criticar alguém é melhor certificares-te que não és tu que estás errada.
    querias que o Tony Carreira ficasse mal e afinal quem ficou foste tu ! até que foi bem-feito ! abre os olhos !

  28. Porquê estes comentários ao desbarato e tendenciosos?
    A pessoa que fez esta crítica pode não gostar de Tony Carreira (e não é obrigado) mas, faça o favor de ouvir a canção com alguma atenção e ouvirá certamente que ele canta… senão… tu e eu… Depois faz favor de não tornar a invocar anormalmente o nome de alguém como TONY CARREIRA

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