São Pedro de Alcântara (Estaleiro)
No limite da luz do horizonte dos telhados
Fica à esquerda a Sé do nosso São Vicente
Ali a cidade pede perdão dos seus pecados
E vai rezar a Santo António quase em frente
Logo à direita fica um arco de conquistas
Louvando o poder da espada e da guerra
Cá em baixo passam os bandos de turistas
Sem tempo para ver o que o arco encerra
Ao centro está o Tejo sempre igual e eterno
O som da voz dos calafates chega à janela
O vento neste porta-contentores moderno
É o mesmo que empurrou naus e caravelas
Daqui deste meu jardim onde um estaleiro
Me impede de ver Lisboa como um espelho
Salva-me um tempo lisboeta tão verdadeiro
Num quadro cheio de luz de Carlos Botelho
José do Carmo Francisco
Lisboa, vista daí, desse miradouro, não mudou nada. Tal e qual como nos tempos de Toino, o Grande. O poema está bom, triste e a pedir umas guitarradas.
Gostei do poema.Como alguém que ama a sua cidade, também sinto certa tristeza pelo desmazelo que sobre ela se abateu.
Toda a cidade histórica está com um ar de grande decadência, resultado de uma incúria generalizada.
Urge reabilitar esta verdadeira princesa entre as mais belas cidades europeias, para que não se desbarate toda a sua beleza natural e histórica.
Que se manifestem, pois, os nossos maiores arquitectos e deamis especialistas, sobretudo, ultrapassando simpatias ou compromissos partidários.
E, naturalmente também, os cidadãos, em geral, que aqui vivem e gostam da sua cidade.
Defendam-na da fealdade, da degradação, da incompetência e do oportunismo.
Belo retrato.