Paulo Bragança

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Chamar-lhe pura é pecar mas por defeito
A tua voz é (ela mesma) a nossa origem
Há um país, uma nação dentro do peito
Estar a ouvir é estar à beira da vertigem

Há uma luz que se prolonga na extensão
Há uma viagem a fazer dentro da voz
Ouvir-te é ser o destino de uma oração
A ligar de novo quem se julgava a sós

Chamar-lhe pura é pecar mas por defeito
A tua voz é a que sabe juntar água e terra
Cantas e és o rio que fugiu já do seu leito
À procura de novos campos para a guerra

Quando tu cantas não há águas paradas
Na terra fértil da humidade, teu terreno
E há uma guerra, batalhas, emboscadas
Lá onde chega a tua voz e o teu veneno

José do Carmo Francisco

16 thoughts on “Paulo Bragança”

  1. De repente, pensei que a Soledade tava de volta. Entre o versajar de um e outro…o mesmo versajar. Quando será que alguns “poetas” percebem que escrever versos e alinhar rimas é uma coisa muito engraçada mas não é necessariamente Poesia. Com P grande.

  2. “Cantas e és o rio que fugiu já do seu leito”??

    Fujam!!! Vem aí cheia! Tudo prá picina da Soledade!

  3. “Chamar-lhe pura é pecar mas por defeito
    A tua voz é (ela mesma) a nossa origem
    Há um país, uma nação dentro do peito”

    Apesar de tudo, pensando bem, as letras do Paulo Bragança são um pedacinho menos más que esta soma de rimas.

  4. Quem será este ou esta panasca de pena com prosa de P de penico? Que o Zé não ligue a patetas…

  5. Quem anda à chuva molha-se e apanha com «pobres» assim como este mas é caso para dizer: «Safa!»

  6. O primeiro verso fugiu à métrica: é hendecassilábico, e os outros são alexandrinos. Mas vendo bem, posto que são subsequentes, são os treze restantes que fugiram do ritmo inicial. Além de serem feios como a noite dos trovões.

  7. Apelo: haja um aspirínico caridoso que poste qualquer coisinha de jeito por cima disto…só pra mudar a “1ª página”…

  8. Era o que faltava: eu a contar as sílabas dos versos dos poemas que escrevo. Seria tão pobre como eles, os pobres. Safa!

  9. Zé,

    Escreves: «Era o que faltava: eu a contar as sílabas dos versos dos poemas que escrevo.»

    Espanto dos espantos! Séculos inteiros passaram os poetas contando as sílabas (ainda hoje Alegre o faz), e vens tu, numa insolente tarde de domingo, declarar a actividade inútil.

    Desculpa, mas só há dois tipos de poemas: aqueles em que o verso vive do ritmo e aqueles em que o verso não vive do ritmo. Um híbrido dá um poema coxo.

    Portanto, meu: ou contas as sílabas (e não deixas nem uma a mais nem uma a menos) ou abandonas um tipo de poemas que parece viver dum ritmo, mas constantemente quebra essa ilusão.

    A não ser que o quebrar da ilusão seja, exactamente, o procurado. Mas isso exige mais do que um encolher de ombros e um «Era o que faltava…»

    Tudo isto não diminui a tua qualidade (tens alguns poemas magníficos, ao longo dos teus vários livros), mas um poema bem ritmado pode ser um deslumbramento. E só te ficaria mal – com esse oh! desdenhoso ao ritmo – juntares-te a quem detesta a qualidade e a exigência.

  10. Tens razão, disso não há dúvida. Agora é preciso esclarecer que um poema não nasce só da carpintaria verbal mas sim de algum sangue pisado. Como é o caso. E a minha resposta resulta da temperatura da provocação do «personagem» que escreveu que o poema tem versos feios como trovões. E pô-se a contar sílabas em vez de tentar (ao menos, tentar) perceber alguma coisa daquilo que o poema diz e do muito que o poema sugere. Mas tens razão: este «era o que faltava» é desproporcionado e tem mais a ver com o provocador do que com a substância do assunto.

  11. O que faltava, o que verdadeiramente faltava, era que eu não pudesse dizer que um poema tem versos feios quando é isso que acho. Nem toda a gente é obrigada a gostar do que escreve: e se isso lhe faz confusão, olhe, habitue-se!

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