Os galegos não são tartamudos, estúpidos ou tontos

Na sua edição mais recente, o Dicionário da Real Academia Espanhola chama aos galegos «tartamudos, estúpidos e tontos» e isso, naturalmente, está a provocar reacções negativas. O filólogo Román Raña, o poeta Salvador García Bodaño e o escritor Xosé Luís Méndez Ferrín juntam-se ao deputado Francisco Rodríguez nos protestos. Querem que a Real Academia Espanhola volte atrás nas palavras do verbete.

Eu, que tenho amigos galegos, frequento restaurantes galegos e gosto de literatura galega, também fico indignado. Há quarenta anos, quando cheguei a Lisboa para trabalhar, via todos os dias um galego segurando um molho de cordas no alto do elevador da Bica à espera de ser chamado para transportar móveis. «Galego» era sinónimo de moço de fretes. Hoje esse trabalho é feito por empresas. Quando vim há trinta anos morar para a Travessa de S. Pedro, ocupando o espaço que em tempos foi da revista «Távola Redonda», ia muitas vezes comprar vinho a granel a uma taberna de um galego que também vendia carvão. «Galego» era sinónimo de taberneiro. Hoje o vinho é vendido por empresas e em garrafas.

Os dicionários devem respeitar as mutações da história da língua e das pessoas que usam essa mesma língua. Mas, vendo bem, este problema não acontece só com a palavra «galego». O mesmo dicionário da mesma Academia chama aos ciganos «alguém que rouba ou tenta enganar os outros» e às sinagogas «reuniões com finalidades ilícitas». Sendo assim, estamos conversados…

José do Carmo Francisco

14 thoughts on “Os galegos não são tartamudos, estúpidos ou tontos”

  1. “Hoje o vinho é vendido por empresas e em garrafas”.

    Não exagere como aqueles que critica, avôzinho. O vinho já era vendido em garrafas e garrafões, com rótulos e tudo, na década de 60 quanto mais na de 70!Para pobres, com muitos “póses” sulfíticos, e por empresas, que é o mais bonito.

    Solidarizo-me com os nossos compadres galegos de Santiago e do Ferrol, residência e berço de dois gajos que de estúpidos não tinham nada, digam lá o que quizerem. Quanto às sinagogas, come on, be fair. E já não se diz: “aquele gajo é um autêntico cigano”, sem ofensa para essa orgulhosa raça?

  2. Nos dicionários portugueses galego é definido como ordinário, fraco, de pequeno valor;

    do Lat. gallaecu

    s. m.,
    indivíduo da Galiza;
    dialecto da Galiza;
    adj.,
    da Galiza;
    fig.,
    ordinário;
    fraco;
    de pequeno valor;
    Lisboa,
    moço de fretes;
    moço de esquina.

    e há também:

    Judiaria:

    fig.,
    maus tratos;
    chacota;
    pirraça;
    mofa;
    maldade.

    Somítico (parecido com Semítico) , que significa sovina

  3. galegos há muitos e alguns «herdaram» o apelido por descendencia de gente que vinha para cá trabalhar. galego é um apelido de respeito como um qualquer antunes ou silva. abraço, francisco

  4. COMUNICADO URGENTE:

    Estão abertas as inscrições
    para blogueres decadentes e
    sem a mínima noção do ridículo.

    A Direcção.

  5. A couve galega nunca me deixou ficar mal. E também por lá há bom grelo. E já agora cebolo e espinafre. Ou, por outras palavras, vivam os Galegos, que estão entre os melhores Portugueses que temos. Sem esquecer o pimento de Padrón, que no pica, coño!

    Até já.

  6. Salvemos a língua do politicamente correcto.
    Língua é vida.
    Vida é evolução e história.
    Logo, língua é também história.
    E a história fixou o galego como ele era, foi sendo, é.
    O rural dizia, invectivando: Ah, seu galego!
    O outro arriscava, num dia atribulado: Trabalhei que nem um galego!
    Tudo isto é passado. Já passou mas está na história. É lá que a Academia devia fixar estas asserções, mantendo-as porque existiram.
    Claro que hoje o galo canta doutra maneira.
    Um dia destes acordamos a dizer ‘Ah, português dum raio!’ ou ‘Trabalhei que nem um português’.
    É difícil, mas não impossível, demos tempo ao tempo.

  7. Essa do “Trabalhei que nem um português” já existe. Diz-se: “Trabalhei que nem um porco!”

  8. É claro que eu sei que já havia vinho em garrafas desde o século XIX. Não é isso. ESte «hoje» tem a ver com a desactualização da realidade do galego igual a taberneiro. Apenas issso. Essa do avozinho não teve graça.

  9. Pensas que eu sou algum galego…

    O trabalho é bom para o preto….

    Pensas que eu sou o preto da casa africana…

    São espressões, negativas certamente

    Como o são

    Um olho no burro outro no cigano….

    És mesmo judeu….

    Mas fizeram parte do léxico popular e isso não se pode negar.

    Quanto ao vinho, quer o a martelo , mistelas que se fabricavam no Poço Bispo, quer certos engarrafados, que realmente já existem há muitos anos, mas que tambem em muitos casos tinham uma qualidade muito a desejar, realmente nos anos 30 e 40 a maioria dos taberneiros de Lisboa era de origem galega, e ainda hoje a maioria das casas de pasto da Baixa de Lisboa são de galegos, onde se faz uma comida honesta e a preços convenientes.

  10. “É claro que eu sei que já havia vinho em garrafas desde o século XIX”.

    Malandro. E não noutros séculos anteriores? Dependia do que se queria guardar nelas. Do século XIX datam as garrafas de gargalo padronizado que permitiram a utilização de rolhas com a mesma bitola. Dai a indústria que se seguiu. Pois dê uma volta pela Internet, até irá encontrar garrafas (de vidro)mais velhas que o D. Afonso da Porcalheira.
    E não se ofenda com o avozinho. Tem graça, sim senhor, e ajuda-nos a respeitá-lo.

  11. Talvês o Dicionario da Real Academia Espanhola,nâo saiba que eles sâo d’origem Célta!Mas creio que tu sabes,que três ilustradores Portugueses sâo convidados a Bolonha:Teresa lima,Gêmeo Luis e Almeida Carvalho foram seleccionados para a feira do livro o 24 e 27 d’Abril.Vasco Graça Moura ganhou um dos prémios mais prestigiados em França.José Saramago Antonio Lobo Antunes a frente d’uma pleiade d’grandes escritores ,deviam como eu,que ainda nâo durmo como é normal depois da escolha de Salasar como o maior Portugues.Sou mais vélho que tu 10 anos,e trabalhei e vi a agilidade dos operadores com éssas letras em chumbo ainda quente,utilizadas para a formaçâo de livros e jornais,a passagem de varis vezes as grandes folhas de papél,para acrescentar as cores nas maquinas Hiedelbherger,o medo que tinhamos da pide a tropa e o Utramar..e hoje Salasar é um grande Portugues.Creio que 90% dos Portugueses nâo sabem o que o papa Lion12 disse ao sugeito da variola!E que o mesmo numero nâo sabem quem foi Héraclite.Bonne Chance

  12. o Pedro Domecq era ca uma pomada !!!meu.La familia Domecq procede de la antigua comarca francesa del Bearn que lindaba con Navarra y Aragón y que actualmente forma el departamento de los Bajos Pirineos.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *