José António Saraiva, o Idiota

Antes de mais, uma explicação: se chamo “Idiota” ao venerando director do “Expresso” faço-o com a dignidade inelutável da maiúscula inicial. Denoto assim a intenção de o delarar não néscio mas sim produtor de uma grande Ideia. De uma Ideia quase genial. E olhem que se trata de um visionário que há uns meses proclamou como imperativo nacional a construção de uma nova capital. Assim sendo, o nível de comparação para novas Ideias era já muito elevado; mesmo assim, Saraiva conseguiu superar todas as expectativas.
E qual é a Ideia desta semana? Simples: que todos os candidatos presidenciais resumam as suas candidaturas a uma só. “Perante a fundada suspeita de que Cavaco pode resolver as coisas logo em Janeiro, por que não concentrar na primeira volta os votos da esquerda num só candidato?” E esperem, que a coisa ainda melhora: “As sondagens funcionariam, assim, como uma espécie de primárias”.
Nem o facto de tal peregrina proposta esbarrar de frente com o que as próprias sondagens parecem garantir incomoda o bravo arquitecto. Com efeito, até uma sondagem encomendada e publicada pelo seu jornal tratou de o desmentir antecipadamente: a multiplicação de candidatos à esquerda serve para “agarrar” votantes que de outra forma deslizariam para a abstenção, e quantos mais oponentes de esquerda Cavaco tem, menor é a percentagem dos votos que ele angaria. Nada disso convence o nosso profeta: “isso é verdade para um. Mas se desistirem todos a favor de um (…) o fenómeno será inverso”. Aqui, a prosa submerge numa terminologia quase esotérica, com menção a um misterioso “revigoramento”, a um “poderoso tónico” e mesmo à antevisão sonhadora de comícios unificados, com “outro impacto e outra alegria”. Estou mesmo a imaginar, quase a ver, a alegria esfuziante de Mário Soares num comício de Alegre; ou os alegres pinotes de Louçã a vitoriar Soares.
Três candidatos a desistir em favor do quarto porque as sondagens (supostamente), e o arquitecto (declaradamente), assim o recomendam. É de iluminado. E fiquem sabendo que “a ideia é tão simples que, se os candidatos de esquerda a rejeitarem, é porque não são sinceros quando dizem que o seu grande objectivo é derrotar Cavaco Silva”. Com efeito, a Ideia é mesmo simples, fruto de um intelecto simples. Tão simples que é quase simplório.

7 thoughts on “José António Saraiva, o Idiota”

  1. Esse senhor é um absoluto palerma. Há dias, vi-o no programa do Francisco José Viegas dizer que os «Saraivas» (o pai dele e o avô) eram muito machos porque peludos.

    Esse gajo é pior que Valha-me Deus.

  2. Esta preocupação é comovente. O que ele se preocupa com o sucesso da esquerda é de pasmar.
    Tinha-me ocorrido o mesmo pensamento, tal e qual…
    O que o homem pensa, heim…? E tinha-nos escapado a todos esta simples matemática. Somos mesmo maus em contas…

  3. Eu tenho uma Ideia melhor: E se Cavaco apelasse aos seus eleitores para votarem no candidato da esquerda que ele preferisse na disputa da segunda volta. Assim seria Cavaco, o grande timoneiro, a influir na personalidade da esquerda.

    Digam lá se esta Ideia é pior que a outra ?

  4. Só agora ‘esbarrei’ nesta pérola, mas concordo plenamente! Além do que aqui foi dito, a maneira como este sr. escreve, aqueles parágrafos curtíssimos em jeito de frase pseudo-zen a figurar num hipotético futuro livrinho de citações… são demais!

  5. Sou uma leitora atenta dos escritos na revista “Tabú”, revista que gosto muito de ler,pois artigos muito bons e muito bem escritos.Acho que o senhor escreve muito bem e de uma forma muito simples, por isso acho que é muito fácil de gostar de ler.
    Não tenho nenhuma cultura, pois tenho sómente o exame do ensino básico, mas gosto muito de ler e orgulho-me de ser uma pessoa muito interessada por tudo o que me rodeia.
    Queira aceitar os meus cumprimentos, e dizer-lhe que continue a escrever coisas muito bonitas, e com as quais me delicio.
    Cumprimentos desta sua leitora ,
    Odilia Durão
    Porto,16 de Junho de 2010

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