Há sensações assim. Saber que vai sair um livro – e que a gente vai comprá-lo. Porque nunca poderá decepcionar.
Na informação que a editora Gradiva faz regularmente chegar por mail, vejo que, a partir de 22 de Maio, há aí um novo livro de Jorge Buescu. Sim, esse mesmo de O Mistério do Bilhete de Identidade e Outras Histórias e de Da Falsificação de Euros aos Pequenos Mundos. São histórias de encantar: exactamente porque são verdadeiras – ou muito próximo disso.
Vem agora O Fim do Mundo Está Próximo? E é anunciado assim:
«O que é que poderá estar por detrás do funcionamento de um chuveiro, de uma vitória no euromilhões, do sexo ou do fim do mundo? Neste novo e brilhante livro de Jorge Buescu, um dos divulgadores de ciência mais interessantes e bem sucedidos do nosso país, o leitor descobrirá, com a ajuda da matemática, que afinal coisas que pareciam distintas partilham relações profundas e que o conhecimento humano não está dividido em compartimentos estanques. A matemática tem afinal inúmeros segredos para revelar e é isso que a transforma numa ciência tão fascinante.»
Está a ver: por 13 €, vai ter duzentas e vinte páginas de boas vibrações.
Já agora, proponho-me oferecer uma frase de lançamento (um “slogan”) – à editora/autor, ou a quem lhe fizer proveito – ideia nascida directamente do texto promocional:
A matemática tem inúmeros. Segredos de Jorge Buescu.
“A matemática não tem nada que ver com números.” – Jorge Buescu, em resposta a uma irritantemente ignorante Ana Sousa Dias, no programa “Por outro lado”.
VOZ NUMA PEDRA
Não adoro o passado
não sou três vezes mestre
não combinei nada com as furnas
não é para isso que eu cá ando
decerto vi Osíris porém chamava-se ele nessa altura Luiz
decerto fui com Isis mas disse-lhe eu que me chamava João
nenhuma nenhuma palavra está completa
nem mesmo em alemão que as tem tão grandes
assim também eu nunca te direi o que sei
a não ser pelo arco em flecha negro e azul do vento
Não digo como o outro: sei que não sei nada
sei muito bem que soube sempre umas coisas
que isso pesa
que lanço os turbilhões e vejo o arco íris
acreditando ser ele o agente supremo
do coração do mundo
vaso de liberdade expurgada do menstruo
rosa viva diante dos nossos olhos
Ainda longe longe essa cidade futura
onde «a poesia não mais ritmará a acção
porque caminhará adiante dela»
Os pregadores de morte vão acabar?
Os segadores do amor vão acabar?
A tortura dos olhos vai acabar?
Passa-me então aquele canivete
porque há imenso que começar a podar
passa não me olhas como se olha um bruxo
detentor do milagre da verdade
a machadada e o propósito de não sacrificar-se
não construirão ao sol coisa nenhuma
nada está escrito afinal
Jorge de Sena
Não o colocaria melhor, Valupi. Belíssimo slogan. Allô Gradiva: está aí alguém?
é belo, Mao.
Pelo nome do livro, presumo que aí vêem mais facadas do autor á teoria do aquecimento global…
Afrancezado,
Quem se habituou aos livros de Buescu sabe que esse «fim do mundo» pode vir de onde menos você espera.
Do que já nos titilam os dedos e a mente é saber que seremos, mais uma vez, surpreendidos.