g point

Um dos mais graves problemas do PSD é mesmo esse do ‘logo se verá’, e já existia bem antes deste PEC. É espantoso que não tenhamos a mais pálida ideia de quais são as alternativas deste partido que não se cansa de repetir que está preparado para tomar as rédeas da governação. Sinceramente, ainda não percebi quais as diferenças entre esta e a última liderança do PSD. A última apostou tudo na ‘política de verdade’, na prática, tratava-se de repetir até à exaustão que Sócrates era mentiroso, quanto ao resto, era o ‘logo se verá’, com os resultados que se viram. Com a nova liderança é exactamente a mesma coisa, o Governo mente em relação a tudo, usa-se e abusa-se da palavra ‘verdade’, e é só isso. Ideias para resolver os problemas do País, ‘logo se verá’.

Desde que assumiu a liderança do partido, e tirando o clamoroso falhanço da revisão constitucional que propôs, de Passos Coelho não se ouviu nada nem uma única ideia. Os seus discursos são tão ou mais ocos do que os da sua antecessora. Deve acreditar que nos bastam, a nós eleitores, aos mercados e às restantes instituições internacionais, os seus lindos olhos. Bem, há uma ideia que tenho ouvido ultimamente, a de que não devemos diabolizar o FMI, diabolizamos antes Sócrates e todas as medidas do Governo, aproveitamos e diabolizamos também todos os resultados da execução orçamental, sobretudo se forem bons, os números das exportações e restantes números positivos, e todos os elogios que as instituições internacionais possam fazer às políticas do Governo. Quer isto dizer que quando for o FMI a ditar as medidas de austeridade as mesmas serão óptimas e necessárias e é óbvio que o povo nessa altura, ao contrário de agora, que não aguenta mais sacrifícios, terá de as aguentar.

Ou será que Passos também bateria o pé a estas medidas do PEC se fossem impostas pelo FMI? A propósito, nas várias peças jornalísticas sobre a entrevista do primeiro-ministro, não vi reproduzir em lado nenhum a parte em que este enumerava algumas dessas prováveis medidas, como o corte do 13º mês, do subsídio de férias, redução do salário mínimo, despedimento de funcionários públicos e por aí fora. Terá sido por serem mais uma mentira de Sócrates ou os nossos jornalistas e comentadores não estão muito interessados em discutir isso agora apostando também no ‘logo se verá’?

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12 thoughts on “g point”

  1. O FMI, quando vier, e agora já se sabe que vem, tem um apelido novo, para os portugueses: FMI-CAVACO. E não vale a pena o PR esconder a mão, depois de lançar a tocha acesa sobre o país politico. Há muita gente com o rabo a arder por causa dos bancos pilhados (BCP, BPN, BPP) mais um Portucale, os CTT e os submarinos de Portas. Não é por acaso que este queria o derrube do governo a qualquer preço. Os justiceiros estão prontos para mandarem calar o presidente do Supremo e o PGR, que se encolheram, sabendo que o PR estava do lado dos “maus”. Aliás ninguém sabe porque não se investiga a permuta de uma casa por outra não existente e acções compradas a um euro e remuneradas a 150% por um banco falido! Contratos para tudo isto? “Zero!” diz confiante o reeleito PR.
    É fartar vilanagem.
    Aguardemos, para breve, uma serie de inquéritos à condução fraudulenta da “coisa publica”, por parte do ex-PM Sócrates. Pode vir a dar tanto como o Freeport, mas isso só será evidente daqui a seis anos.
    Estou pessimista. Desta vez o povo não vai resistir. Sabe lá o povo, porque ninguém o diexou ouvir como devia ser, da forma como na UE apreciaram a bondade do trabalho de Sócrates.

  2. Muito bom, guida.
    ______

    Olimpio Dias, não sejas tão pessimista. Não te esqueças que numa campanha eleitoral, Passos vai ser obrigado a falar. E quando isso acontece, normalmente sai asneira.

  3. Obrigada, Valupi. Talvez assim alguém me mostre que estou errada e me explique quais são afinal as diferenças entre o PSD de Ferreira Leite e o de Passos Coelho (isto é que é fé). :)

    Obrigada, Vega.

  4. Vega,

    o problema é que independentemente do que o Passos diga em campanha eleitoral, o facto é que a crise fica criada – e essa tem, acredito, as consequências relembradas por Sócrates. Depois é só saber quem vai ter de fazer de 1º ministro fantoche à sombra do FMI:ao Passos, o papel de fantoche assenta-lhe como uma luva.

    Guida,

    tens uma cadeirinha confortável onde te possas sentar, entretanto, espero :)

  5. Já disseram por aqui que tenho as ideias confusas e é bem verdade. Então o Passos Coelho que a esquerda acusa de ter uma agenda liberal não tem afinal ideias alternativas para apresentar? Onde é que a esquerda foi buscar fundamento para essa acusação, então? Aos lindos olhos de Passos Coelho? Hum, ou isto tudo será por este governo ser bem mais liberal do que socialista? Ajudem-me a perceber, por favor.

  6. Muito bem, Guida.

    (E, Valupi, o título “g point” é perfeito. Se para parte da humanidade não é seguro que exista, “logo se verá”, eventualmente com o avanço da investigação-acção, alinhando preceitos interpretativos a Guida faz um ponto muito interessante, sem margem para dúvidas, aqui e agora).

  7. HG,
    quer dizer, ele ter ideias tem, por exemplo fechar as empresas públicas. Não sei é se devem ser consideradas verdadeiramente ideias.

  8. ora portanto: fmi e guerra com a Líbia et al, eis as soluções a que a Europa obriga. Obriga? A criatividade da humanidade ocidental no terceiro milénio é então nula, como se comprova. Venham os tanoeiros, tanoeiros anónimos, homens do povo, que viraram as cortes de Coimbra e outras, sabiam dobrar aduelas.

    Nelson Mandela, nunca sabemos quando a internet acaba, portanto queria deixar uma mensagem: que sejas feliz sempre e para sempre, soubeste mostrar a todos os outros o que é ser um político na mais nobre acepção da palavra. Não digo mais porque fica enjoativo: invictus, pois!

  9. HG, e eu a pensar que me ia responder às minhas dúvidas…

    Para além do exemplo que a edie já deu, Passos Coelho fala em redimensionar o Estado, reformar o ensino, a saúde e os apoios sociais, mas vagamente, sem especificar de que forma pretende fazê-lo. Apesar de dizer que tem centenas de pessoas no partido a produzir ideias, a verdade é que até agora a única ideia que transmite é a de que o Governo mente. Aliás, como calculo que saiba, esta crítica da falta de ideias alternativas também é feita por alguns social-democratas. Portanto, sim, neste momento, pouco mais temos do que os seus lindos olhos.

  10. edie, infelizmente és capaz de ter razão. Agora uma coisa te digo: numa campanha eleitoral, Passos tem grandes hipóteses de perder (estás a ver um debate contra Sócrates?), e Sócrates não é fantoche de ninguém.
    Aliás, tenho cá a impressão que Passos está a caminho de sair, e que não consegue levar a fantochada até ao fim. Esta manobra é puro desespero, e uma derrota contra o PS, nestas condições em que vivemos, era um golpe ao qual não tenho a certeza que o PSD sobrevivesse. E há quem saiba isso.

    Apostaram que Sócrates se afastava. Apostaram mal.

  11. Pois é, Vega. O mal é que estão a prevêr a estratégia do Sócrates com base no que eles próprios fariam. Ainda não perceberam que se trata de farinha de saco muito diferente. Agora o que me pôs mesmo bem disposta foi imaginar, como propões, o debate Passos- Sócrates. Que chacina. E que divertimento!

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