[…]Sócrates não se alongou em comentários à revelação do DN, pois a interpretar à letra a notícia do DN e a tirar dela todas as ilacções, teria de entrar de imediato em choque frontal com o PR, em vésperas de eleições. Fez mal? Acho que fez bem. O DN tinha prestado um serviço ao país, as pessoas poderiam fazer livremente os seus juízos sobre o caso. E fizeram-no, sem que Sócrates tivesse que lhes preparar a papinha. De que adiantaria ao PM abrir naquele momento, finais de Setembro, um conflito com o PR? Encostando Cavaco à parede, Sócrates iria ser acusado (como de costume) de estar a fabricar um caso para dele tirar proventos eleitorais. A estúpida legião de comentadores com lugar cativo nos meios de comunicação continuaria, apesar das evidências, a pôr as culpas no PM. O inestimável Pacheco Pereira falaria mesmo de um “golpe” do PM. Marcelo acusaria Sócrates de exploração política de uma simples notícia de jornal e de “abrir fogo” sobre o PR. Desarmadilhando a carrapata, Sócrates apenas fez votos de que o PR se mantivesse acima da disputa eleitoral que estava à porta. Actuou como um senhor e como uma pessoa prudente e inteligente. Não deixou, porém, de afirmar a 19 de Setembro que José Manuel Fernandes tinha que apresentar provas sobre a sua nova acusação de que os serviços de informação tinham acedido ao sistema informático do jornal da Sonae.
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Oferta do nosso amigo Júlio
Caro Júlio, penso que a ideia primeira dos infames conspiradores presidenciais era outra: levar o MP a uma “rigorosa investigação” de uma “alegada” e criminosa manobra (mais uma!) de Sócrates, já envolvido no Freeport, no caso da licenciatura etc. Depois era só publicar, diariamente, noticias assassinas provenientes de “fontes ligadas à investigação” a confirmarem tudo e incriminarem Sócrates. O processo haveria de arrastar-se pelo tempo que fosse necessario, até Sócrates ficar bem grelhadinho em pleno processo eleitoral!
Digam-me lá se não estava perfeita a conspiração presidencial. Eram favas contadas, pois os magistrados, juizes e jornalistas de ontem estão a dar provas. hoje, do que queriam fazer. Sócrates, topando-os a todos, abortou, com o seu silencio, a intentona infame da presidencia da republica e da matilha de magistrados e jornalistas que já salivavam em face de tão apetitoso naco de podridão cavaquista.
Sim, José Sócrates fez o que pôde e que não era de facto muito, face à desproporção de meios já existente. Algo assim como a célebre carga da Cavalaria polaca, de espadas em riste, face ao avanço das forças blindadas alemãs, em 1939.
O problema de Sócrates foi que, ao contrário da Polónia nessa altura, não teve ninguém de peso que, com um poder bélico comparável, declarasse de imediato guerra a um tal agressor!
E as personalidades de peso, pelo menos da área socialista e democrática, que tinham condições para reagir a sério, em nome da decência e da ética republicana, comportaram-se, perante uma tal iniquidade presidencial, como os patéticos Chamberlain e Daladier na infausta Cimeira de Munique. E a História regista que a culpa da barbárie nazi foi, em grande medida, fruto desta sua atitude de cobardia, face a um inimigo poderosíssimo, pérfido e implacável.
Que a seu tempo foi depois esmagado e aniquilado, sem dúvida, mas à custa de grandes esforços e inomináveis sacrifícios, que poderiam talvez ter sido evitados…
à luz da história, e ainda só passaram 9 meses para gestação do monstro, fez MUITO BEM.
No presente e futuro próximo (futuro é exagero, não, já diz o punk), temos aqui umas boas tiradas do Nicolau no Expresso – e o Nicolau até tem o lacinho à direita).
“Entre o bom aluno e o totó
Pedro Passos Coelho defende intransigentemente que o país deve vestir o fato do bom aluno perante os seus parceiros europeus e os mercados. Por isso, em iso mais além do que a troika nos aumentos de impostos, nos cortes salariais, das regalias sociais e na extinção de feriados – e recusa liminarmente que possamos pedir mais tempo, mais dinheiro e melhores condições para proceder ao ajustamento, minimizando a dor social e a devastação empresarial que está a provocar. O objectivo é que assim nos possamos distinguir do pior aluno da turma e ser premiados pelos nossos tutores – não se percebe bem como e por que meios, mas Passos deve saber.
Pois tenho uma novidade para o primeiro-ministro: para já, estamos a fazer de totós. As taxas de juro praticadas pela banca para financiamentos até 250.000€ ou até um milhão foram em janeiro superiores (…) às da Grécia. Ora, se na Grácia os acordos políticos sobre as medidas de austeridade são arrancadas a ferros (…) enquanto por cá 80% dos deputados apoiam o acordo com a troika; (…) se há manifestações e cargas policiais – enqunato por cá nos ficmos por duas ordeiras greves ditas nacionais, então a única conclusão possível é que a estratégia de bem comportadinhos não está a resultar.
(…) A única coisa que se entende muito bem é que não estamos a ganar nada com a estratégia de bom aluno. Está na altura de mudar de atitude. Fazer como a Espanha e anunciar o não cmprimento do défice. Ou fazer como os gregos e resistir violentamente às medidas de austeridade. Talvez assim os juros à economia comecem a descer.”
(com a Grécia, como vimos, funcionou, povo que estás lavado em medo e em merda, mexe-te. porra)