Na caixa de comentários da «Carta Aberta a José Saramago», a conversa continua. A última intervenção do comentador «MIRO» é do maior interesse. Dela destacamos:
«Acho que os iberistas portugueses têm uma visão muito idílica das Autonomias espanholas. Saiba você que as autonomias não têm direito de se separar do Estado, nem de chegar acordos com outros Estados, nem sequer de se unir a outras Autonomias. Saiba que nas ordenanças militares espanholas, fruto do fascismo, existe uma clausula chamada “supuesto anticonstitucional máximo”, que vem dizer que se houver o risco de que qualquer pedaço de Espanha, qualquer, se separa-se da Espanha, o exército estaria legitimado para evita-lo, desobedecendo incluso a ordens do presidente e do parlamento. Saiba também, questão esta não trivial, que a mais alta autoridade militar é o Rei.
«Para além disso, o peso relativo dos partidos nacionalistas “periféricos” no Governo no Estado está também claramente sobrevalorizado em Portugal. De facto, o PP espanhol tem intenção de rematar de vez com a influência das forças “minoritárias” instaurando um sistema a dupla volta, como o francês. Se o tal projecto chegar a se consumar, e chegará, tão logo como o PP obtiver uma maioria absoluta, o peso político duma hipotética Comunidade Autónoma de Portugal (CAP) no Reino de Espanha seria zero. Aí Portugal diria, não, não, assim não jogo, voltamos ao de antes, e o exército espanhol teria o direito de intervir unilateralmente sem escutar o Parlamento para evitar a ruptura da “pátria”.»
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Pois é, o dinheiro não é tudo na vida…
Todos os juízos de valor que têm aqui sido veiculados sobre a autonomia dos povos e nações ibéricas, a partir do que disse Saramago, padecem de um defeito de raciocínio fulcral. Partem do principio que todos “defendem a vantagem de Portugal abdicar da sua soberania como país independente para se tornar uma província autónoma da Espanha” ( a tal perguntinha do Valupi era feita sobre esta conclusão). O vício de análise consiste em considerar que tem de haver sempre, e em qualquer circunstância” um Poder seja ele eleito de que modo seja, baseado em mentiras, ou até simplesmente não eleito, que comanda a sociedade a partir das cúpulas para baixo através de “representantes”. Deus, o Rei ou o Presidente são entidades imutáveis e definitivas. Não lhes ocorre que o poder pode sofrer uma metamorfose e passar a emanar a partir de baixo, das bases, num sistema de democracia directa, cujos mandatários podem ser “controlados”, eleitos ou destituídos a qualquer momento.
“porquê nos irmos vender à Espanha?” se a Espanha como poder autoritário centralizado desapareceria? – até o termo “vender” do Valupi está inquinado, sai da cabecinha de um intectualóide formado para servir o marketing do sistema – ele corre na necessidade de chegar em primeiro, quando a verdadeira corrida é zelar para que ninguém chegue em último. Nisso nos distinguimos.
Ó Xatoo, és mesmo chato. Esse teu sistema não existe em lado nenhum, nem no céu. Não és demasiado crescido para ainda seres anarca contra deuses e senhores?
Este Miró é, de facto, hilariante.
Desculpa lá Xatoo, mas o teu piano está tão descalibrado como as concertinas do Fernando e do Miró. Se a tua filosofia não é original, diz-nos qual é, senão tornar-se-á impossível dar-te com o chinelo na parte que dói mais.
Já aqui tens citado Mao, sei, mas hoje soas a anarquista de leitaria. No que é que ficamos, antes que as bases estrangulem os malandros e nos impeçam de pensar?
Xuxa lá nisso e depois diz.
alguém que prenda os rottweilers aqui do blogue, senão torna-se perigoso passar aqui na rua
hahaha! Ainda não é crime ser patriota… Como Saramago?