– Mamã, há monstros debaixo da cama?
– Não digas disparates. Há lá nada!
– Mas se houvesse?
– Fazias de conta que não sabias, e pronto. Come a sopa.
– E eles deixavam de meter medo?
– Pois deixavam. Mas vá, come a sopa, que há muitos meninos que querem comer e não têm.
– É verdade?…
– Sim, é verdade.
– Mamã, como é que se faz de conta que não se sabe?
DANIEL DE SÁ
Espectacular!
hum,
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1304801
Até engoli em seco.
Inteligente, esta abordagem.
Gosto de ti, Daniel de Sá.
Vou ler-te com afinco, até te desmascarares como um logro ou me confirmares com mais pérolas destas que te estragarei com os mimos, as vénias e as reverências que este auspicioso post me permitem antever.
O Aspirina está, assim à vista desarmada, cada vez melhor.
Cada vez melhor, sim. É este, é a susana e é o Jorge Carvalheira. O João Pedro da Costa ultimamente anda a dormir, mas quando acordar de certeza que também nos brinda com um texto à maneira dele. O Valupi também surpreende. Enfim, só dotados aqui dentro, lol.
Daniel, as tuas palavras encantam-me. Os teus silêncios também. Porque será que a inocência apenas se pode perder, e nunca ganhar? Só uma mente inocente poderia acreditar nisso.
“Mamã, como é que se faz de conta que não se sabe?”
– Fecham-se os dois olhos, o da Esquerda e o da Direita. Não esquecendo o muito importante ao fundo das badanas.
– Não sei se percebo essa métrica, Mamã.
–
Falta o resto da história, ó Daniel:
-Olha filho, cala-te e come, se não chamo o monstro que está debaixo da cama!
Junto-me ao aplauso pela estreia tão mimosa, Daniel. Sopram bons ventos desse oceano.
O comentário do Sharkupi acima levanta a colcha que encobre o monstro… ou o penico.
Obrigado a todos pelo inesperado do que aí deixaram dito. Porque até nem somos maus. O que nos falta, quase sempre, é saber um nome e conhecer um rosto, para sermos bons. Como aconteceu com a Madeleine.
Ficaríamos loucos, se vivêssemos tão intensamente todas a Maddies deste mundo.
É verdade, milhares de vezes por dia, que uma criança, algures, morre de fome. É verdade que há quem nos prefira calados. Mas não serve de nada. Como tão-pouco serve um desabafo como este ou os prémios do World Press Photo. Desgraçadamente.
Um abraço a todos.
Daniel
Senhor Sá
O pãozinho ainda é o menos. Haverá sempre Madeira cake. O pior são as mensagens hieroglíficas com que nos bombardeia, pouco indicadas para os estômagos não-filosóficos. Dê-nos uma ajuda, caro senhor, porque aqui há uns quantos gajos interessados em saber quem são os responsáveis pela morte de milhares de criancinhas à fome. Mas nada de subterfúgios ou reparos na métrica…
Pro-Desabafo, deve andar muito distraído neste mundo de Deus e do Diabo. Claro que não me refiro ao “Madeira cake”, mas talvez lhe convenha saber que a Madeira fica tão longe do lugar onde escrevo como de Lisboa. Quanto às criancinhas que morrem de fome, deixe-se estar na ignorância de que existem. Será mais feliz assim. Invejo-o.
Pior é oferecer bolsa família, cesta básica,inventar o fome zero, continuar não sabendo nada e escondendo o “bicho papão”debaixo da cama.
As criancinhas continuam existindo atrás das cortinas,olhos grandes, brilhantes de sonhos (sonham, sim) e bem longe da Ilha da Fantasia…
Brasil, meu Brasil!!!
Tenho visitado o Aspirina e fico muito satisfeita pela “entrada” do Daniel de Sá.
Como sempre, com meia dúzia de palavras, consegue comover e agitar consciências.
Há muito que conquistou o meu coração e ele sabe disso.
Até sempre!
Elisabete
Caro Daniel
Se o coração me não fosse um vidro pintado, como dizia o outro, davas-me cabo dele, com três penadas de mestre.
Assim, salvaste-me o dia.