Decência e sanidade neste chiqueiro malcheiroso

Noronha do Nascimento é uma lufada de decência e sanidade neste chiqueiro malcheiroso. Um senhor. Ainda bem que resta alguém como ele entre as principais figuras do Estado. Ao seu lado, gentalha como Cavaco dá vómitos. É alguém como Noronha do Nascimento que é necessário colocar em Belém, depois de lá se varrer o actual inquilino e se desinfectar as instalações.

Ainda recordo a entrevista safada a que em Fevereiro de 2010 Noronha do Nascimento se submeteu na RTP, conduzida pela ordinária Judite de Sousa. A ordinaríssima Judite que por essa época se permitiu dizer: “Sou levada a crer que Sócrates emprenha pelos ouvidos”. E que largou também da boca fora, como uma regateira de baixo coturno: “Sócrates é agressivo comigo por causa do meu marido”.

Pois essa gajolas permitiu-se na referida entrevista acusar directamente o presidente do Supremo de estar a “lavar as mãos como Pilatos” (na questão das escutas que Noronha tinha mandado destruir e alguém se recusava a cumprir) e acusá-lo, assim como ao procurador-geral da República, de “parcialidade política e negligência”. Para cúmulo da provocação e da degradação de uma profissional da TV pública, a reles Judite chegou a perguntar ao presidente do STJ se ele achava que ainda tinha condições para continuar a exercer o cargo…

A tipa não só revelou nessa inesquecível entrevista todo o seu partidarismo político, toda a sua histeria anti-Sócrates e anti-governo, como mostrou ostensivo desrespeito por uma alta figura do Estado. E tudo isso porque o presidente do STJ tinha frustrado os interesses políticos golpistas de que ela e a Moura Guedes eram militantes e o pasquim Sol o órgão oficial.

Pois o olímpico Noronha do Nascimento lidou pacatamente com a ofensiva provocadora da reles, calando-a, ponto por ponto, apenas com a sua serena razão e a sua consciência tranquila. Domou a besta e desarmou-a sem levantar a voz nem precisar de se indignar.

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Oferta do nosso amigo Júlio

10 thoughts on “Decência e sanidade neste chiqueiro malcheiroso”

  1. Nunca mais esquecerei essa entrevista, reveladora do grau zero da “jornalha” que medrou em terra fértil nos últimos dez anos. Jornalha a rimar com canalha e a jornalista desta miserável entrevista é o exemplar perfeito, que compara com Crespo ou a Moura Guedes, da jornalha que capturou e arrastou para a sarjeta o nobre dever e arte de informar e formar opinião.
    Confesso que me pareceu ver Noronha refém de tanta perfídia. E não sei o que terá passado pela mente do presidente do STJ. Talvez ele sentisse que devia suportar o vexame, porque olhava para cima e para o lado, como quem diz, para a Presidencia da Republica, para o Parlamento e para o “pilar” da justiça e só vislumbrava indignidade. Não ia ser ele a dar o último empurrão para que tudo se desmoronasse. Aguentou ser achincalhado por uma reles jornalista respaldada nas decadentes instituições da República. A jornalista sabia que podia fazer exactamente o que fez e sabia quem lhe dava suprema cobertura. Não foi um acto de coragem, mas o gesto cobarde de quem se sabe impune e porta voz do verdadeiro poder de momento. Com a mesma desfaçatez e segurança de impunidade, declarou aos quatro ventos desta democracia agonizante, que entrevistara os poderosos banqueiros com a deliberada e confessada intenção de derrubar o governo eleito do PS.
    E ninguém disse nada e ninguém diz nada.

  2. Bem, eu estou do outro lado do mundo, não vejo essas coisas que vocês falam, mas vou-vos lendo…

    Vinha aqui dar dois vivas, a dois homens por quem sinto que já cá não estão no plano físico, faço votos que sejam felizes noutros planos e hiperespaços, faz hoje anos que um nasceu e outro morreu,

    viva!

    e viva!

  3. a ronha do nascimento é característica da justiça portuguesa, bués de isenção para ficar tudo na mesma e de preferência agradar a quem manda sem arriscar coisíssima alguma. o bode velho defende os próprios interesses e tá-se cagando para os atropelos à lei e bagunçada justicialeira, escreve uns papéis que ninguém percebe escudado numas quantas leis que ninguém sabe que existem, dá umas entrevistas e recebe o ordenado ao fim do mês. nem pra chanfana serve, que seja assado na fogueira que fez.

  4. Muitíssimo bem, Júlio.

    Noronha do Nascimento é já um herói do nosso tempo. Um herói incompreendido, discreto e estóico, que são sempre os mais valiosos e meritórios…

    Alguém como ele em Belém é, todavia, uma impossibilidade, depois da conspurcação que por lá vai ficar depois do (ab)uso atual. Proponho até que esse Palácio seja vendido, de preferência para Hotel de Charme, ou Casino, depois de convenientemente quarentenizado e desinfestado, cano a cano, fissura a fissura, e que a Presidência da República passe, doravante, a estar sediada em qualquer outro domicílio mais puro, austero e digno. Até pode ser no Castelo de S. Jorge, ou no Convento do Carmo, mas nunca lá no sítio de Belém, que nunca mais ninguém honrado respeitará, depois desta torpe presidência cavacal.

  5. atraído pelo título constato in loco que o post não é do gajo mais conhecido de portugal! O das tertúlias, sms´s e facebuques. Já fui.

  6. Viva, §

    no meio da azáfama que vai no aspirina, só agora reparei nos cavalinhos marinhos carinhosamente entrelaçados. Posso entrar na homenagem? Homens com H grande. Como o Millor, que partiu agorinha, e deve estar a provocar sorrisos celestiais, por esta hora.
    “Não se pode evitar o nascimento nem a morte. Mas não dá pra melhorar um pouco o intervalo?” (Millor)
    http://www.youtube.com/watch?v=WHTbZa2Rih4

  7. Olá Edie, aqui a minha internet é uma caneta caríssima que deixa os youtubes aos soluços prolongados, daí não te poder acompanhar na desgarrada, só faço comemorações especiais.

    Mas também já vi que tens boa(s) companhia(s).

    Mas na próxima semana, talvez já tenha internet de cabo, mas não esqueças que estou do outro lado do mundo, os fusos deu-se-lhe uma volta ali como nos cavalos marinhos e quem ficou tresmalhado sou eu.

    Páscoa feliz para ti, por muito que não te diga nada o tema, diz sempre alguma coisa, como a presença de uma ausência,

    voto aliás extensível a todos os salicílicos.

    PS: não esquecer que veio tudo da casca de um salgueiro, Salix sp.

  8. querido §,

    estou nas mesmas circunstâncias por motivos diferentes, também espero na próxima semana voltar ao normal, sem soluços e paralisações na comunicação. Por isso mesmo, tenho de simplificar o que te queria enviar, e fica só um cheirinho de alecrim…da festa estamos à espera, pá.

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