FORTE DOS TEIXOS
– Sabes o que têm Évora e York em comum?
– Não. Uma universidade?
– Também. Mas mais importante.
– Eh pá, não sei. Serem cidades bonitas?
– Outra coisa. Bom, dou-te uma ajuda. O nome.
– O nome?
– O nome.
– Agora está a querer gozar.
– Pode-te parecer, mas é como eu digo. York e Évora têm o mesmo nome. Bom, tiveram.
– E qual? Pode saber-se?
– Eboracum. Tinham uma fortaleza.
– Ah!
– E havia por lá uma data de teixos.
– Teixos?
– É um tipo de árvores. Coníferas, nunca ouvistes falar? Têm frutos em forma de cone.
Como o pinheiro. É também uma conífera.
– O que tu sabes! E então…
– Então, os celtas, porque foram eles, chamaram eboracum, a essa fortificação que ficava
ao pé dos teixos.
– E isso foi em Évora?
– Exacto.
– E em York?
– Nem mais.
– Mas então…?
– Então, de eboracum formou-se «York», como se formou «Évora». As leis da derivação não
são universais.
– Eu fico espantado.
– Não fiques. Daqui a dias, conto-te outra.
bonito! muito bonito!
Desconhecia esse antepassado comum entre York e Évora, adoro essas aventuras etimológicas.
Uma pergunta: leis da derivação ou da evolução? Se for de evolução, lamento mas elas tendem mesmo a ser universais. Dentro de cada sistema linguístico, é claro.
No melhor pano…
Muito interessante, só foi pena que um interlocutor tão erudito se tivesse dirigido ao outro com um “ouvistes”.
Dito isto, estou em pulgas para ser espantado pelo próximo episódio!
Por acaso creio que a explicação tem um erro. Segundo Henriette Walter, Évora, York, Évreux e Embrun (estas duas em França), vêm da palavra latina para teixo (eburo e daí eburacum), ao passo que em Yverdon, na Suiça, o nome será derivado de eburodunum, que, esse sim, queria dizer “fortaleza de teixos”.
Estamos sempre a aprender, ja fico a espera da proxima.
Saudacoes da Serra. ( a Estrela claro)
Raça, Victor, apanhou-me. Sumo-me chão abaixo.
Para expiação, fica assim mesmo.
Também sou um maluquinho das etimologias. Esta pede mais investigação na relação entre o dialecto celta, o latim e (para os britânicos) os acrescentos nórdicos que levaram, finalmente, ao repouso em ‘York’.
Teixoso, freguesia do concelho da Covilhã
Taxus baccata? Cuidado que aquele belo arilo vermelho é venenoso.
De eboracum a èvora a gente ainda vai. Agora para York dá um vipe na língua, ou será que são tímidos?
Pessoal, disseram-me ontem que o ‘nada’ é ausência de coisas, e é quase tal e qual o termo sanscrito, e significa ‘o som do silêncio’.
Ora a primeira impressão que eu tive do som do silêncio era quando nadava debaixo de água.
O português é do caraças.
(este 11 é tramado, já fui ver no I’Ching, mas é destino)
Então oh mestres, queria saber se o som do silêncio é um oxymoro, género instante eterno…
v. pupylo deliciado com cerejas
ou seja: som silencioso seria por certo um oxímoro mas som do silêncio parece-me que não, but I would like to listen to the experts on the subject
py,
[Enquanto Portugal vence]
Não sei sânscrito (nem sanscrito), mas não me admiraria que ‘nada’, ou forma parecida, significasse, ali, coisa bonita.
‘Som do silêncio’ não me parece oxímoro. E deve ser único. Debaixo de água.
Concordo contigo, Não será oxímoro mas convoca-nos para o tal terceiro termo (terceiro incluído?)secreto,seja como for é coisa linda. Nas matas também se anda perto do som do silêncio.
Eu nasci em Évora, vivi lá 18 anos, já visitei Nova Iorque duas vezes e não sabia disto.
York, Maria João. Não é New York.
Para visitar NY não é necessário saber nada. Basta ir e estar.
Na volta, ler “Delirious New York” do Rem koolhaas (que também existe em espanhol).
York, OK, nunca lá fui, mas agora penso que é fundamental lá ir – depois de ler este post.
:)