Ao contrário de outros pontos do planeta, em que a História acontece como uma tragédia e repete-se como uma comédia, a América Latina é uma região do globo em que a tragédia e a comédia coexistem no tempo e no espaço.
Por vezes, o humor é completamente involuntário, como a Bíblia em hebraico mostrada numa exposição da polícia política brasileira, durante a ditadura, como “material subversivo em língua chinesa”, mas muitas vezes, o riso é um escape contra a repressão e a adversidade – uma espécie de seta atirada aos céus para protestar contra os deuses.
Para além do “nosso filho da puta”, lembro-me de quatro historietas edificantes e uma moral da história:
1. Os latino-americanos costumam citar uma frase atribuída ao ditador mexicano Porfírio Dias que resumiria grande parte dos seus dramas: “ o problema do México era estar muito longe de Deus e muito perto dos Estados Unidos”.
2. Consta que durante a ditadura de Pinochet, encontraram-se numa recepção diplomática o ministro da Marinha do Paraguai e o ministro da Justiça do Chile, tendo o chileno perguntado ao paraguaio porque razão o Paraguai tinha Ministério da Marinha se não tinha mar, a que o ministro respondeu, com lógica, mais estranho, do que isso, é o Chile ter Ministério da Justiça…
3. Numa colectânea de anedotas anti-comunistas, o membro do Politburo do Partido Comunista de Cuba Abel Prieto regista uma anedota elucidativa: Perguntaram a um cubano quais eram os três triunfos da revolução, o cubano respondeu rápido: a educação, a saúde e o desporto. Fizeram-lhe uma segunda pergunta, quiseram saber quais eram os três principais falhanços do regime de Fidel Castro. O cubano pensou durante um tempo e disse: o pequeno-almoço, o almoço e o jantar.
4. Qualquer habitante da América Latina olha com inveja para o poderoso vizinho do norte. Uma das características mais faladas é a ausência de golpes de Estado na América do Norte. Depois de muito estudarem, os investigadores nativos concluíram uma razão de peso: em Washington não há embaixada dos Estados Unidos da América!
Nos últimos tempos, “o pátio das traseiras dos Estados Unidos” tem dado más notícias ao presidente George W. Bush. Sobre as dificuldades de reacção dos Estados Unidos correm duas versões: a primeira diz que os EUA têm estado demasiado ocupados no Médio Oriente para dar atenção à América Latina. A segunda, afirma que os Estados Unidos foram para o Médio Oriente para não terem de pensar na América Latina.
A verdade é que as sucessivas Administrações, o FMI e o Banco Mundial fizeram mais pela revolução, com a famosa doutrina de Washington, que muitos anos de propaganda comunista.
Caro NRA: qual terá sido o único, de entre todos os países que mencionou, onde um presidente eleito teve de abdicar democraticamente, por ter violado a lei?
Saudações cordiais, do Saloio.
Brasil?
Caro NRA: confesso que não me lembrei do Collor no Brasil – eu estava a pensar nos EUA, no “triky-dick” Nixon.
É o que dá as saloiadas….
O Paraguai não tem mar, mas tem o rio Paraná, que dá acesso direto ao mar através do estuário do Rio de la Plata, e que é largo como um mar. No Paraná pode navegar um cruzador ou um submarino. No passado (século 19), o Paraguai chegou a ter uma das mais poderosas frotas de guerra da América do Sul (foi-lhe destruída na guerra da Tripla Aliança).
Eu é que já ouvi um brasileiro dizer que os norte-americanos designam o resto da América por “América Latrina”. Aprendem castelhano só para saber dizer essa palavra preciosa…
“dificuldades de reacção dos Estados Unidos”
Tem a certeza de que não queria dizer “dificuldades de erecção”?
O NRA fala numa “colectânea de anedotas anti-comunistas” onde consta a anedota do Abel Prieto. Pode o NRA dar a fonte, a editora e a data da publicação?
O nome do livro é, salvo erro: “Humor de Misha”, a editora, penso que é a “Campo das Letras”, e a data de publicação, 1996(??) e o autor do livro é o próprio Abel Prieto.
Mas vou ver se encontro, logo à noite, na estante, para dar os dados certos.
Abel E. Prieto. (1996)Humor de Misha. Porto: Campo das Letras.
Obrigada ao João e ao NRA pela informação. Já encomendei o livro. Depois de o ler direi qualquer coisa, mas para já, o único comentário que tenho é que o livro tem pelo menos dez anos. O que no caso de Cuba faz toda a diferença, e a mesma anedota contou-a há pouco tempo por aqui o Daniel Oliveira, como se a tivesse acabado de ouvir em Havana…
Margarida,
É uma anedota recorrente em Cuba, eu próprio a ouvi quando lá estive há mais de dez anos.
O ensaio do Abel Prieto é uma tentativa de análise do humor, sobretudo anti-soviético: causas, conteúdos e razões.
Boas leituras.
O NRA confirma que ouviu a anedota há mais de dez anos. É que há mais de dez anos estavam eles precisamente no pior dos sufocos económicos e sociais.
Tinha caído o muro, a URSS tinha-se desintegrado e de repente ficaram não só sem parceiros comerciais como com a necessidade de refazerem toda a sua economia.
Foi o período mais duro de todos, sem saída para o açúcar, sem petróleo, sem divisas e com o malfadado bloqueio que ainda se mantém. E sem petróleo, foram obrigados a encerrar fábricas e na agricultura tiveram que passar da monocultura para a produção de todos os alimentos (ou quase) pois importavam muitos alimentos dos países do Leste. Ficaram com milhares de desempregados, dum dia para o outro. E conseguiram dar à volta à situação, reformular a economia, reconverter dezenas de milhares de trabalhadores. E de facto nessa altura o problema era também e principalmente a alimentação. Uma amiga cubana disse-me que chegou a ir para a escola nessa altura só com café adocicado ao pequeno-almoço.
Mesmo assim, não fecharam uma única sala de aula nem uma única cama hospitalar. A educação e a saúde mantiveram-se prioritárias. Hoje, NRA, felizmente que as coisas estão bastante melhores por lá. Por isso, no que concerna a Cuba, as anedotas devem ser datadas. Dez anos representam 1/4 da vida da Recolução Cubana, há que não o esquecer. Mas continuo à espera do livro e depois dir-lhe-ei mais alguma coisa, se for caso disso.
sao todos uns cabrones i filhas da puta!
epa epa eu keria ir levar no cu ou no pito, mas ta a chover caralho, assim molho-me!
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