Galiza, Festival de Ortigueira, 2005 (foto Vieiros)
Na Galiza, a blogosfera (e quem cunhou o termo? José Mário Silva? Paulo Querido? quem, quem?) chama-se «bloguesfera». Mas também, e mais garridamente, «blogomillo».
O blogomilho galego (há-de ter-se aqui uma ideia dele) acaba de ver-se reconhecido com um prémio nacional na concreta pessoa de MARTIN PAWLEY, autor de Días Estranhos.
Já aqui no Aspirina se noticiou um encontro, muito proximamente, de blogueiros galegos e portugueses. Agora citem-se palavras de Pawley, entrevistado no Portal VIEIROS (Caminhos).
Como valora a evolución do blogomillo neste tempo?
«É espectacular. Se alguén nos conta hai tres anos, cando eramos vinte sendo xenerosos os que tiñamos blogs en galego, que hoxe a cifra andaría perto de dúas mil, non o creríamos. O cambio máis importante é que agora non lle tes que explicar aos amigos que é un blog antes de dicirlle que ti tes [tu tens] un.»
E sobre o comportamento blogueiro:
«A xente ás veces confía nunhas estrañas regras de “cordialidade na rede” que non comparto según as cales non hai que afastarse xamais dun comportamento case monxil [monástico] para non ofender a ninguén. Eu levo discutido no blog, e moitísimo, e sobre materias ás veces delicadas, con persoas que hoxe teño por amigos. En Internet, como na vida, dúas persoas poden levarse a matar un día, e ao seguinte son amigos da alma.»
“Se alguén nos conta hai tres anos, cando eramos vinte sendo xenerosos os que tiñamos blogs en galego, que hoxe a cifra andaría perto de dúas mil, non o creríamos.”
A situação cá não é diferente, e essa evolução deve muito ao José Mário Silva, todos nós estamos em dívida para com ele.
Para se lidar com a Galiza é preciso estar-se bem armado! – Chagas
E por cá não deve ser muito diferente. Os blogues crescem como cogumelos. Deo gratias, que é comentário adequado ao dia. Afinal sempre há opinião pública em Portugal! Mas há muita gente de dupla personalidade na blogosfera, que aproveita para dizer aqui o que de outro modo não diria. Mas proclamam-se politicamente incorrectos e no dia-a-dia, porventura sabujos do pior… Digo eu.
Sim, Politikos, poderia haver, aqui, um aspecto de ‘terapia’, que era bom fosse melhor identificado. Uns pais de família exemplares vêm aqui às meninas (e aos meninos), e podem depois sentar-se, mais aliviados, ao lado da esposa. Tudo isto, claro, em sentido muito figurado.
Votos de UMA SANTA E FELIZ PÁSCOA.
Um @bração do
Zeca da Nau
Sim, sim, FV, tb há disso. Até há alguns que nem sequer precisam de vir aqui para isso… Uma vez que esse já o seu modo de vida… Tudo tb – é claro – em sentido muito figurado.
“Mas há muita gente de dupla personalidade na blogosfera…”.
Incluindo gente como você, meu caro Politikos. Mas se tiver um tempito para se debruçar ao de leve sobre a pandemia das “duplas personalidades”, irá verificar sem dificuldade que não foram os blogues em particular nem a Internet em geral quem inventou o disfarce como ferramenta imoral na luta de ideias e opiniões conducentes a todos os tipos de situações.. De facto, o mundo sempre andou, e anda, podre e prenhe disso em quase todas as áreas importantes que o definem – da politica à indústria de refrescos. Era só isso que você poderia ter acrescentado para dar um arzinho de quem tem, porque tenho a certeza que tem, um olho vivo ao qual nada escapa …
DonaE (a rebuçada),
Cara Dona E
Quem diria que um comentário tão singelo como o «dupla personalidade» na blogosfera daria azo a comentários e comentários de comentários… Pelos vistos acertei na «mouche», mesmo sem querer… Até descobri, por outros olhos, que tb tenho «dupla personalidade»?! Quem diria?! Nem o meu «psi» – que por acaso não tenho, deverei dizer antes que «ainda» não tenho – faria melhor… Mas concordo consigo. Os blogues não inventaram nada. Os blogues – vamos estender a «coisa» à internet – são apenas mais um meio de se fazer o que sempre se fez. Da ofensa ao elogio, passando pela «ida às meninas». O que quis dizer, Dona E, é que, por exemplo, eu escrevo sob pseudónimo, mas subscrevia tudo quanto disse sob a minha verdadeira identidade. Não o faço, porque não carece, não vejo nisso maior vantagem e assim uso de maior liberdade adjectiva… Só isso. Mas há quem aproveite este meio para exprimir «outros eu» recalcados, em que a semelhança entre a personalidade real e a virtual é mera coincidência…
“A juventude actual é educada pela cartilha da irresponsabilidade pessoal, da dependência social do Estado e pela ideia de que os sacrifícios são dispensáveis.” – Dra. Kity in “Deus, Pátria e Autoridade”, Revista “Espírito”, nº 22, 2005.
“O que quis dizer, Dona E, é que, por exemplo, eu escrevo sob pseudónimo, mas subscrevia tudo quanto disse sob a minha verdadeira identidade. Não o faço, porque não carece, não vejo nisso maior vantagem e assim uso de maior liberdade adjectiva… Só isso. Mas há quem aproveite este meio para exprimir «outros eu» recalcados, em que a semelhança entre a personalidade real e a virtual é mera coincidência…”
Caro Politikos:
Para ser sintético: “Been there, done that, got that shirt.”
A mim não me engana você!
Luis Oliveira
Tb não pretendo enganar ninguém, caro Luís. Deitando mão do idioma de Shakespear: «Believe it, or not»
Já agora: de Shakespeare :-)
Subscrevo integralmente os ditos Politikos, com um acrescento:
A “blogosfera” ou universo bloguístico caseiro depois do big bang inicial, expandiu pouco; as estrelas também são muito poucas e estão quase todas à distância da luz, umas das outras;os cometas, como é natural, são raros ( VPV). Sobram planetas, alguns infrequentáveis pela atmosfera irrespirável( de porão) e outros inóspitos e desinteressantes.
Mesmo assim, alguns brilham com luz emprestada, como também é natural.
Resumindo: o universo bloguístico nacional é um universo muito concentrado ,no qual a maioria dos habitantes já se conhece.
Por um lado, é coisa boa e simpática ( olá, tio Vânia! Olá, prima Aurora! Olá, dona Ester!); por outro, é de uma limitação atroz e reflexo também das “forças” que bloqueiam o nosso progresso.
A vis atractiva entre os astros deste pequeno universo, segura e amarra a imaginação criadora e tolhe os movimentos, por causa da força de gravidade.
Até nisto, neste pequeno universos virtual, somos pequenos.
Solução?!- Fazer das fraquezas, forças. Aceitar o anonimato e os desvios que admite e ver o lado positivo que esconde o lado escuro dos aluados.
José,
Interessante comentário, o seu. Gostaria mesmo de o convidar a aprofundá-lo (a expandi-lo…). Terei o maior gosto em passá-lo «para cima», como ‘itálico’ (tradição da velha casa, como já terá reparado). Se você alinhar, do que estarei grato, mande-o para aqui, para esta rumorosa cave (não precisando, pois, de se identificar). Eu trato da transição.
Ah! Gracias, José. Uma surpresa. Tal como nos ficheiros secretos: «Não estamos sós» ;-)
P.S. – Pequena adenda: Creio até já ter percebido a razão de assinar sob pseudónimo. E ela é apenas uma e simples: chama-se preconceito. Preconceito entre o registo escrito e o oral. À mesa do café, subscrevia tudo o que disse, mas pôr por escrito, em letra de forma?! Já não sei. É aí que reside o busílis da questão. Fomos criados numa época em que a letra de forma tinha muita força: «palavras leva-as o vento». E em letra de forma, mesmo na blogosfera, elas permanecem e vinculam-nos. Mas só posso agradecer os comentários discordantes da Dona E e do Luis Oliveira (quantos Luis Oliveira haverá?! ;-) que como sempre nos põe a pensar.
E já agora, completando o que ficou por fazer no comentário anterior, em lugar de «põe», leia-se «põem». É o mínimo.