A desordem dos livros

A grande mudança de casa está no seu final. A arrumação dos livros é sempre uma surpresa: “nem me lembrava que tinha esta merda”. Muitas vezes tropeço em textos que me transportam para outros tempos e geografias. Por momentos, volto a folhear autores que me dão jeito para poder responder ao dia a dia. É o caso do “Futebol, ao Sol e Sombra” de Eduardo Galeano. Chego a um capítulo chamado: “Da Mutilação à Plenitude”, reza o seguinte: “ Em 1921, a Copa América ia ser disputada em Buenos Aires. O Presidente do Brasil, Epitácio Pessoa, redigiu um decreto de brancura: ordenou que não se enviasse nenhum jogador de pele morena, por razões de prestígio pátrio. Das três partidas que jogou a selecção perdeu duas.
Nesse campeonato sul-americano Friedenreich não jogou. Naquela época era impossível ser negro no futebol brasileiro, e ser mulato era difícil: Friedenreich entrava no campo sempre tarde, porque no vestiário demorava meia hora a esticar o cabelo, e o único mulato do Fluminense, Carlos Alberto, branqueava a cara com pó de arroz”.

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