Descubro algo incrédulo um livro de Edgar Jacobs intitulado O enigma da Atlântida da série «As aventuras de Blake e Mortimer». Se uso a palavra incrédulo, isso tem a ver com os desenhos; não com a história. A história é passada na Ilha de São Miguel cujo mapa é mais ou menos fidedigno, mas que evidencia um aeroporto chamada de Santana na zona entre a Ribeira Grande e Porto Formoso, mais ou menos. O professor Mortimer aluga a Quinta do Pico e tem como feitor um tal Zarco Neves. Isso é o menos mas o mais intrigante é a maneira como os homens contratados para transportarem a bagagem do cientista se apresentam vestidos. Eles surgem como os campinos do Ribatejo mas de barrete vermelho. E andam sempre de burro. Aliás os burros estão muito presentes nesta história de banda desenhada. Tanto quanto me é dado saber, não há nem nunca houve homens de barrete vermelho em São Miguel e quanto aos burros parece-me que não há mais burros por quilómetro quadrado na Ilha Verde do que no restante território português. Incluindo a Ilha da Madeira, já agora. O meu amigo José Vilela, editor da nova série do Príncipe Valente, explicou-me que era vulgar os autores de banda desenhada no passado recorrerem à sua imaginação quando não tinham elementos verídicos para trabalhar. Era preciso escrever uma história passada em São Miguel, mas ou porque a viagem era cara ou por outra qualquer razão iam-se buscar as referências a outras regiões. Daí os barretes que saíram vermelhos talvez para que não houvesse confusão com os campinos da lezíria ribatejana. Coisas da Banda Desenhada.
José do Carmo Francisco
Se fossem só esses os barretes que se enfiam.Mais importantes são os históricos, políticos, religiosos, científicos e de “actualidades noticiosas” que assentam como luvas nas cabeças dos nossos campiões do desrefolho sem os assustarem.
Chiça e porra, então!
Oh Fernando mas isso seria S. Miguel nos anos sessenta, ou antes. Mas verdade se diga que fui disparado para a Lagoa das Furnas a ver se via algum buraco, e nada… Consolei-me com o cozido sulfuroso. E a magnífica lagoa do Fogo.
Já não é a primeira vez que este Py chama Fernando ao José. Será do cozido?
… agradeço o internamento, é um descanso. É do sulfuroso, sim
mesmonos anos sessenta, em S. Miguel,não havia campinos e os trabalhadores do campo não usavam barretes vermelhos. açoreana
Helena: não é só isso; os burros também não há em maior percentagem que nas outras ilhas. São coisas da Banda Desenhada…