Gerrit Komrij, poeta holandês
residente em Portugal
DIAFANIA
Eu tenho um sósia que me põe maluco
Querendo ser em tudo a mim igual.
Possui o mesmo sósia, e então apanha
Com um grande susto ao ver-me, e mais ao tal.
Assim me assusto eu ao ver-nos ambos.
Ele nada me oferece. É um ladrão.
Não pára de sugar ecos em mim
E nada meu sobra em tal multidão.
De início, havia ainda um certo laço.
Vivíamos em paz, aos dois, aos quatro.
Agora, aonde eu olhe, vejo o meu vulto
E a quantos fantasmas já dou resguardo.
Quando eu morrer, um ser desfigurado
Há-de achar-se estendido no caixão.
E o corpo transparente abrigará
Não um cadáver, mas coisa de um milhão.
GERRIT KOMRIJ
Contrabando
Assírio & Alvim, 2005
Trad. fv
Neste teatro ingente
Me desfaço em mil
Nunca eu
Nunca vós
Apenas laivos de uma loucura insaciável
Magnífica tradução, Fernando. Fiquei doido com as rimas que conseguiste sacar. Quero mais!
JP,
Há-de ir. Quem sou eu para não fazer-te as vontades!?
Isto está a ficar cada vez mais comercial. Dantes eras o o JM Silva, agora temos este. Congratulations Assirios e Babilónios! Vendam bem!
JPC
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Bookmark,
Você vê um poema transcrito aqui, e conclui que estamos em deriva comercial. Há aí um certo afunilamento de espírito, quer-me parecer.