«E o que fizemos nós da educação?»

Destaco para aqui o comentário de Jorge Carvalheira ao post «É proibido ensinar. Aprender é vergonha». Trata-se de um texto notável do autor dos magníficos contos O Mensário do Corvo (Quasi, 2002).

Excelentíssimos senhores, alto aí e pára o baile, que tudo o que é demais parece mal! Sobretudo parece mal gastar tanto latim a repetir o que já foi dito mil vezes em vão. Só pode ser um exercício de desobriga de consciência. Está de acordo com a quadra, mas não deixa de ser uma vilania.

Deixem-se por isso de gestos de virgens ofendidas, como se fosse cair o carmo e a trindade, como se a tragédia da educação nacional fosse algo de surpreendente, de inesperado e único. É que a pátria inteira é feita de gestos tais há muitos anos, mas os senhores não querem saber disso, porque todos nós assobiamos para o ar e não queremos ver isso, porque é demasiado mau de ver, e porque nos fizeram assim.

Os senhores são cidadãos dum país que já tinha dignidade e alma, num tempo em que suecos, helvétivos, finlândios e dinamarcos ainda não tinham saltado a cancela do curral da barbárie. No tempo do rei Dinis os portugueses arroteavam terras, afiavam as lanças, construíam castelos e não se queixavam de ser pobres.

Os senhores pertencem a um povo que um dia foi levado para a Índia “ao cheiro desta canela”, ao serviço de interesses que nunca foram os dele, mas que por lá ficou até hoje.

Os senhores viram este povo gastar 500 anos a fazer filhos às pretas debaixo do embondeiro exactamente como os cafres, a merecer o estatuto de cafre da Europa, exactamente como se cafre fosse. Isto enquanto a Europa ia à escola e à oficina, e experimentava, e inventava, e progredia.

Os senhores viram este povo, ao longo de séculos, ser conduzido por elites crapulosas que sempre o cavalgaram com desprezo, e como alimento da barriga só lhe serviram mitos de fumo e nevoeiro. Os senhores viram o que foi feito de tanta riqueza que chegou nas caravelas, e puderam ver já que o mesmo destino tiveram os fundos que vieram da Europa, sem proveito nenhum para o país. Os senhores viram este povo, no séc. XIX, no tristíssimo papel do urso de feira, governado por estrangeiros, comido vivo por ingleses e outros filhos da puta civilizados, tentando apenas e sempre sobreviver à miséria.

Os senhores viram este povo a pagar as facturas da Índia em La Lys, viram-no a pagar as facturas do império na guerra das colónias, viram-no a fugir da fome, a salto, para a Europa, aos milhões, com a alma atulhada de mitos heróicos e putrefactos. Os senhores viram este povo a meter à força na cabeça que o ponto mais alto da pátria era o pico do Ramelau, na parte leste da ilha de Timor.

Os senhores viram este povo um dia fazer em desespero as atrasadas contas com a história e tomar o freio nos dentes. Tão bem tomado ele foi, e tão grande era a culpa histórica, que a clique dos poderosos, dos inteligentes, dos cosmopolitas, fugiu toda para o Brasil e ainda hoje não anda muito à vontade por aí. Tão bem tomado ele foi que o Moreira Baptista se borrou pelas calças abaixo no quartel do Carmo. Os senhores viram este povo voltar a casa, depois de 500 anos de forrobodó, e encontrar a casa em ruínas e a horta por cavar. E viram como, em oportuna manobra de recurso, este povo foi levado a integrar-se na Europa, que era afinal a sua terra, mas onde não teria lugar sem sofrer uma aturada catequese.

Depois disso o que fizeram os senhores, o que fizemos nós todos, o que fez este povo de si mesmo, da vida, da liberdade que tinha? O que fizemos da pouca indústria, o que fizemos das pescas, o que fizemos da agricultura, o que fizemos da justiça, o que fizemos da saúde, o que fizemos do dinheiro alemão, o que fizemos nós da educação?

Pois fizemos o que somos capazes de fazer. Pusemos tudo num pandemónio, levámos a banca à glória, porque desde a Índia (de Ceuta?) havíamos trocado uma boa capa por um mau capelo.

Somos óptimos, individualmente, e a trabalhar sob um capataz alemão. Colectivamente, não sabemos governar-nos, não temos capacidade para gerar uma elite que nos dirija. Somos desorganizados, corruptos, irresponsáveis, infantis, cafres, cafres, cafres. Os espanhóis viram-se livres da gangrena imperial, que também os aniquilou, há 100 anos. Nós apenas ontem. É o tempo que nos falta, para atingir a modernidade.

E o que fizemos nós da educação? Entregámo-la ao “génio” do PPD durante mais de 20 anos consecutivos. Demos-lhe o Deus Pinheiro, e a Manuela Leite, e um tal Couto dos Santos, e outros tantos. Demos-lhe a Weltanschauung do Cavaco, e demos-lhe o Roberto Carneiro, que talvez soubesse o que fazia e por isso mesmo se demitiu. Só nos faltou dar-lhe o saber do Dias Loureiro, porque esse fazia falta na polícia. E a subtileza de catrapilo do Jorge Coelho, atarefado a construir o túnel por baixo da Serra da Estrela.

Agora, 1200 criancinhas por ano vão aos fagotes à professora na sala de aula. E nós queixamo-nos de quê?

JORGE CARVALHEIRA

14 thoughts on “«E o que fizemos nós da educação?»”

  1. …e no entanto temos esta enorme tarefa de não ficarmos calados, pelo alvitre…vamos lá dizer o que de fundamental ou pelo menos de razoável podemos fazer…
    Saudações
    MOrfeu

  2. Meu Deus! O que vai por aí? Tanto pessimismo! Sinto-me pequenina depois de ler tanta miseria. Corações ao alto! Somos assim tão feios porcos e maus? Um pouco de auto-estima… É urgente!

  3. Aforismo Cínico do Meio-Dia

    Para a “Loura” Ferreirinha Alves

    Nós, cá nos “blogues”, já aderimos ao Sistema Chinês, fazemos dez vezes melhor, e cem vezes mais barato.

  4. Fernando,

    É que nem dá para perceber por que é que deste tanta proeminência a esta choramingueira, a este triunfalismo do avesso. De acordo com este convulsivo desabafar, dantes até éramos melhores que os dinamarcos e outros marcos e depois nunca mais nos conseguimos endireitar nas canetas debaixo do embondeiro, enquanto o resto da Europa ia para a oficina e progredia. Até parece que este senhor Carvalheira já se esqueceu ou nunca ouviu falar que há cem anos ainda andavam crianças de 10 anos a trabalharem em minas na tal Europa de andar para a frente.

    Acrescendo ainda que lágrimas destas podiam ser carpidas por incontáveis derrotistas em várias línguas na Europa – estou-me a lembrar da Turquia e da Hungria, e até da Espanha, apesar dos hoteis em Benidorme, ou da Itália e da Grécia.

    O “Não chorem nem se lamentem porque já há quinhentos anos que andamos nisto” implícito é balada antiga e falha redondamente como mensagem. Não entusiasma ninguem a aprender, antes pelo contrário, foge ao cerne da questão e faz um apelo à resignação. Enfim, uma desgraça. Mas eu como sou boa pessoa, vou dar-lhe uma estrelita sumidiça ao lirismo que às vezes pinga pelas rachas do texto. O homem não nos ajuda a compreender a história. Apenas lhe veste um vestidito e manda-nos ir queixar para outro lado. Que vilão, Sr. João.

    Dona E.

  5. Corroboro: um texto notável, tanto pela forma como pelo conteúdo.

    Trata-se de uma linhagem sarcástica, modo de mal-dizer tão nosso e aqui servido com fluente estilo, que é a um tempo catarse e declaração de amor.

    Só na aparência é um pessimismo, dado que o texto não se leva a si próprio a sério; e nesse registo lúdico está a chave para a sua assimilação e eventual fruto.

  6. Histórias Lembradas – IX
    Por razões de ordem profissional, o meu marido continuou a ir regularmente a Angola, depois da independência deste país. Não vou contar das dificuldades aí sentidas, pois são do conhecimento geral.
    Mas desta história tão simples, que tanto tocou o meu coração, nunca me esqueci.
    Era a primeira viagem que aí fazia, depois de Angola independente.
    Chegado ao aeroporto de Luanda, apanhou um táxi.
    O motorista: – Boa tarde, patrão, para onde?
    O meu marido: – …Não me chame patrão!
    O motorista: – Então chamo como?
    O meu marido, depois de alguma hesitação: – Olhe, chame-me camarada!
    O motorista: – Camarada… camarada!? Está bem, camarada-patrão!
    E assim arrancaram para o hotel.
    A empregada de quarto, impecável, amável, diligente, que lavou roupa, que engomou roupa, merecia, pois, uma boa gorjeta.
    Ao deixar o hotel, o meu marido chamou-a, abriu a carteira, tirou algumas notas e o entregar-lhas, originou este diálogo:
    – O senhor vai voltar, não vai?
    – Claro, daqui a um ou dois meses estarei de volta.
    – Então, peço-lhe um favor. Não me dê dinheiro, que de pouco me serve. Não há quase nada à venda. Quando voltar traga-me uma coisa de Portugal. Pode ser?
    – Pode, mas o quê?
    – Um termo, por favor. Tenho uma bebé e gostava de um termo para manter o seu leite quente. Aqui não há à venda.

    Não teve que esperar pelo seu regresso.
    Uns dias depois, o termo já lá estava, graças à boa vontade de um amigo, piloto.

  7. A conclusão que eu tiro do texto do Mocho, nós estamos mal mas ainda ainda conseguimos deixar as nossas ex-colónias pior que Portugal. Somos um povo de habilidosos.

  8. O Mocho devia ter vergonha.
    O texto foi surripiado do blog “Na Senda das Beiras”, de Laura Lara.
    Há gente capaz de tudo, está visto.

  9. Este poste é mais do mesmo. Pergunto:
    Mas será o ministro da Educação que dá aulas?
    Mas será o(s) ministro(s) da Educação o(s) responsável(eis) pelo estado da Educação?
    Mas será que neste processo não há uma única palavra para os professores? Tenha dó, FV. E varie de tema. Há tanto lixo no sistema e você atira numa única direcção.
    Vou-lhe dar um exemplo simples, ocorrido no ano passado, no 10.º ano, num prestigiado liceu (escola secundária, se quiser) de Lisboa. Acredita que não vi um único teste, ficha-formativa e o que fosse em que o respectivo professor dominasse com um mínimo de proficiência as ferramentas do Office. Ainda pensei que o de TIC se salvasse. Engano meu. Fez 6 testes sem activar o corrector ortográfico e portanto quase todos continham erros ortográficos – alguns grosseiros – que o corrector do Word facilmente assinalaria.
    Não estará aqui o principal problema?!

  10. Politikos,

    Gente como você pode ajudar – e ajuda – a apontar a complexidade da questão. Aponha, pois, tranquilamente os outros ângulos.

    De resto, repare que o texto não é meu, eu fui só o seu ‘editor’.

  11. Ontem,num concurso da rtp(herança), uma professora de português atribuiu a Antonio Aleixo a autoria de um livro escrito em 1984!!!!!!!!E quando lhe perguntaram se sabia quem era A.A., disse que de facto já tinha ouvido falar…

  12. Anónimo, ou Dona E., ou lá o que é:
    Assim de chofre V. assustou-me, nessa silhueta altiva de embuçado. A escura capa, o chapéu sobre os olhos, a protestar, ao Fernando, contra um vilão qualquer… Quase o confundi, oculto e misterioso, com umas figuras que antigamente havia, elas também secretas, também de chapéu e capa cintada… Mas depois vi que não. O seu estilo, bem lido, é mais do homem da Sandeman. Ou assim.
    Eu só tinha ido ali visitar o blogue, “de viseira aberta” e coração nas mãos, não vi que o quarteirão era seu, desculpe lá!
    Mas vamos ver se é possível meter algum rossio nesta acanhada betesga, um par de coisas há-de lá caber.
    A primeira é o que V. chama, por erro crasso, choramingueira. Saiba que é raiva. É ira. É fúria, algumas vezes. É frustração e desespero, muitas. V. pode intuir as razões, mas eu vou alinhavar-lhas.
    Eu não chamei a terreiro a educação daqueles largos tempos da nossa longa vida colectiva, em que três quartos do país trabalhava de sol a sol sem direito a uns sapatos, a uma camisa, a uma escola (lembra-se deles?), para o quarto restante viver à tripa forra. Para esses tempos nefastos há escusas avulsas, a pedido, foi ele a ditadura, a atribulada república, foram os desleixos da monarquia antiga, a economia fraca, a miséria geral…
    Eu falei apenas dos últimos trinta anos, em que tivemos todos liberdade como nunca, de escolher, e de optar, e de decidir da nossa vida. Nunca houve na história de Portugal tanta escola, nem tantos alunos, nem tantos professores, nem tantos livros, nem tanto dinheiro, nem tanta iliteracia, nem tanto analfabeto funcional, nem tão crassa ignorância, nem tamanha ausência de educação. Então qual é agora a desculpa, perguntei eu, numa lógica honesta. E sugeri (sustento) que, não sendo nós piores que outros (salvo o que de nós disse um certo romano, há muito tempo), o busílis poderá estar, entre outros, na história que foi a nossa, e na vida que andámos 500 anos a fazer. Sugeri que não chegaremos à modernidade, nem apresentaremos cara lavada, antes de nos limparmos da fuligem.
    É isto uma heresia, bem o sei, para consciências delicadas. Mas o mundo, que não fui eu que fiz, anda aí cheio delas. Senão vá V. perguntá-lo à história, à nossa em particular. Vá com cuidado, não bata a qualquer porta! Não gaste muito tempo com histórias de encartados, os das grandes roupagens oficiais, pelos riscos de conto do vigário. Essas histórias têm por trás a carreira, sabe como é, uma cátedra, a pública consideraçãozinha, o mais certo é adoçarem-lhe esta pílula mais amarga, ou aquela verdade menos cómoda, segundo a antiga ciência do sobreviver. Por isso experimente V. ir à literatura, excelente lugar para refugiados. Puseram-lhe sempre famas de falsa e de fingida, na bem fundada esperança de que o povo não venha a lê-la. Troque-lhes V. as voltas. Esqueça as alamedas épicas e vá por certos becos do Camões, anda por lá muita verdade ostracizada. Bata à porta do Sá de Miranda, que fazia sonetos como quem calceta ruas, ele explica por que se foi ao Minho e mandou os da corte bugiar. Em podendo, passe no Diogo do Couto, não perca por nada o Bernardo Gomes de Brito, espraie-se no Fernão Mendes Pinto, divirta-se com as entrelinhas do Gil Vicente, e vá perguntar ao Buchanan e ao Clenardo de Lovaina, eles lhe dirão o que a Índia, em três tempos, fez de nós.
    E se ainda me segue, Dona E., procure outros que eu aqui não citei, que eu nem conheço, mas que andam por aí à sua espera, eles sabem muito bem que só é cego aquele que não quer ver. Havendo empenho seu, eles lhe mostrarão de que maneiras, para sossego do trono e do altar, os poderosos trucidaram sempre os mais sabedores de nós todos, os mais insubmissos e os mais lúcidos, os Damiões de Góis e os Teives humanistas, os Vieiras e os Cavaleiros de Oliveira, os Verneys e os Ribeiros Sanches, mesmo os duros Pombais, quando existiram, os estrangeirados iluministas, os liberais malhados, os republicanos maçons, os socialistas utópicos, os Jesus Caraça e os Azevedos Gomes, os Rodrigues Lapa e os Pulidos Valente, as Marias Lamas e os Jorges de Sena e os Luíses Gomes, que mais sei eu, nem um célebre bispo do Porto escapou.
    E se ainda lhe sobrar algum fôlego, perca-o no Saramago dos anos 80, esfalfe-o no Lobo Antunes que já houve, antes de haver um génio. Mas não perca algum Quental, escabiche um bocado no Eça, e no fim vá ler a história alegre do Pinheiro Chagas, que era aquilo que o seu povo merecia. Vá, e indigne-se!

    Não sei o que lhe diga sobre as criancinhas da Europa, que há cem anos andavam a trabalhar nas minas. Deus me livre de pensar que na Europa nunca houve exploração do trabalho! O que apenas poderá preocupar-me são aquelas criancinhas que na minha terra ainda hoje o fazem.
    Por fim, onde viu apelos à resignação, V. tresleu. Mas não desanime, homem! Vê-se por aí muito pior! E não se ponha assim por baixo das rachas do meu texto, maré de levar para casa o embaraço duma pinga de lirismo, a comprometer-lhe o fato.

    Mocho:
    É diferente da sua, a minha parábola do semeador. Em 85/86 re-habitei Luanda. Via passar o autocarro italiano, que levava as criancinhas da Itália para a respectiva escola. Eu ficava triste. Via passar o autocarro espanhol, que levava as criancinhas da Espanha para a respectiva escola. Eu ficava triste. Nunca vi passar o autocarro português, porque não havia escola portuguesa. Eu ficava triste. Desde há dias, parece que já há. E os meus vinte anos de tristeza?!

    Fernanda:
    Nestas minhas procelas, já me deixei tentar por discursos de auto-ajuda, e tal. Mas desisti. Assim como assim, prefiro entrar no céu sem cunhas.

    Arrebenta:
    Não agarrei o seu aforismo, acontece ao mais pintado. Mas se há Ferreiras Alves pelo ar, disparo-lhes eu um Vasco Valente.
    Numa encarnação anterior, VPV aprendeu a escrever. E fá-lo como muito poucos.
    Na presente encarnação, VPV saiu lacrau. O resultado não é de surpreender.
    O pagode aguarda, com crença relativa, que, em futura passagem, VPV saia homenzinho.

    Anónimo das 3:27
    Professoras de português? Andei a licenciar-me aí com elas, tinham 20 anos, eu tinha 40. Sabe lá o que eu passei!

    Politikos:
    Uma alcateia dizimou o rebanho. É estultícia dizer que a culpa é das ovelhas, que são uma carneirada.
    Ou que a culpa é do cão, que se foi às meninas.
    Por força a culpa há-de ser do pastor, mesmo se todos são culpados. Ele é o único que pode escolher, ser ou não ser.

    Morfeu:
    Que fazer, essa é a pergunta, não é a primeira vez que alguém a larga. Eu fui fazê-la ao Velho do Restelo, que ainda não tinha perdido a paciência, veja lá o que dele se tem dito! “Falta fazer cada um o melhor que souber/seja qual for o ofício/ qualquer que seja o dom”.
    O resto disse-o o Ega ao bom do Carlos da Maia, vendo ao longe o americano:
    – Ainda o apanhamos!
    Apanharemos?

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