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Sem emoções para os espanhóis

El País, 21.01.2006

“La larga campaña electoral (portuguesa) no ha sido nada vibrante, aunque tenía todos los ingredientes para serlo, ya que se enfrentaban dos de los pesos pesados de la política portuguesa de los últimos 30 años, Aníbal Cavaco Silva y Mario Soares. Los secundarios también eran interesantes, el representante del partido de izquierdas que más subió en las últimas legislativas, Francisco Loua (???); el secretario general del Partido Comunista que mejor resiste al paso del tiempo en la Unión Europea, Jerónimo de Sousa, y uno de los políticos más carismáticos de la historia de la democracia en Portugal, el poeta Manuel Alegre, que no cuenta con el apoyo de su partido.”

Inovações turísticas

A última edição do suplemento de viagens do The New York Times traz uma reportagem bizarra. Sequestros fictícios como parte de pacotes de viagens. E, ao contrário do que se pode imaginar, nada tem a ver com destinos com uma famosa reputação dos raptos.
A “fabulosa” ideia é da empresa espanhola Bandoleros Tours. O objectivo é mostrar como era a vida dos bandidos do século 19, que povoavam Serra Morena, na Andalucía. Uma quadrilha vestida a rigor “força” os turistas a descer de um autocarro com as mãos amarradas e os faz percorrer quilómetros em motas.
Os ingleses adoraram a adrenalina. São os que mais pagam os 2.500 euros pela brincadeira.

Loucuras relativas

“Tás louca?” Essa foi a pergunta que mais ouvi quando decidi dizer adeus a Portugal. Uma carreira que ia de vento e popa (para o abismo) na revista Focus foi o grande empurrão. O “apelo” da Universidad Carlos III para ali terminar a minha tese de mestrado sobre jornalismo de investigação, a grande desculpa.
Desde que cá estou – e mesmo sendo a Espanha um dos países com as taxas de desemprego mais assustadoras da União Europeia – trabalho não me tem faltado. Em quatro meses, passei por três empregos. Troquei um por outro só para somar alguns euros extras na minha conta.
Surpreendentemente, não falta oportunidades para quem fala português – mesmo com qualquer sotaque estranho, como é o meu caso. Falar meia dúzia de palavras em inglês é quase o mesmo que ser um nativo. Tudo porque os espanhóis não têm jeito nenhum para os idiomas. Um dos maiores desafios, por exemplo, é encontrar cinemas que tenham legendas. Eles são fãs incondicionais das dobragens.
Só hoje, aparecem 28 ofertas para os nativos portugueses no site Infojobs. No geral, ganha-se mais falando português aqui, que suando para fazer (bom) jornalismo em Portugal.
Mas ser imigrante em Espanha não é nada fácil. Antes de começar a bombardear as empresas com currículos bonitinhos e cheios de experiências, há que cansar as perninhas. Aqui, cidadãos europeus, sul-americanos, africanos e extraterrestres significam o mesmo: estrangeiro. Como tal, agrupam-se em longas filas à porta da polícia, para pedir um tal de NIE (Número de Identificación de Extranjeros). Sem o NIE, não és ninguém. Nada de ter conta no banco, querer alugar uma casa e muito menos, trabalhar.
O problema não é a fila em si, mas a notícia que tens ao seres atendido. O documento leva três meses para ficar pronto. Enviam-te uma carta a casa e depois tens que voltar ao empurra-empurra, para ter essa bênção de documento na mão. Nesses três meses, tu ainda não existes em Espanha.
Agora, a pergunta que mais oiço – e que até me encanta – é: “¿Eres italiana, guapa?” Não ter bigode feminino à portuguesa é um alívio…