Fumigações e enigmas

Quando se tem um jornal e algum tempo pela frente, lê-se qualquer coisa. Quando se tem um jornal e muito tempo pela frente, lê-se bastante mais. Imaginem o que sejam dois jornais e muito, mas mesmo muuuito tempo pela frente. Sucedeu-me isso hoje.

Eu tinha já despachado o Público, quando o meu companheiro do assento adjacente deu por vasculhado o seu Correio da Manhã. Ah tempo, ah um jornal! suspirei. E, valente, sem a intelectualidade portuguesa o olhar-me por cima do ombro, fui indo, indo, e cheguei até ao «Desporto».

Num impulso de temeridade, li uma crónica desportiva. Era sobre o Pinto da Costa e a sua draconiana claque. E falava do treinador, o meu compatriota Adriaanse. Ora, e aviso, não vai ser questão nem do presidente nem do seu (se bem percebi) periclitante técnico. É pura questão de língua portuguesa, esta sagrada minha.

O autor da crónica, Rui Santos, exprimia-se assim:

«O problema é que Adriaanse não está nem na Holanda nem em Inglaterra. Co Adriaanse está em Portugal, num campeonato fraco, de pequena exigência…»

Até aqui percebo. Mas leiam comigo.

«…em que os jogadores não projectam uma cultura técnico-táctica e físico-atlética capaz de assimilar uma nova e fracturante conceptualidade».

Perceberam?

E depois, Valupi, a ti me queixo, a crítica literária do Expresso é que se exprime em enigmas e fumigações.

4 thoughts on “Fumigações e enigmas”

  1. Aqui já uma ligeira ajuda (após anos de contactos com a população leitora desses verdadeiros prodígios literários desenvolvi vastas qualidades linguísticas) … os jogadores do FCP (cara..o) são uma mer…d…!

    Somos uma nação pobre (estéril) e castrada (infecunda) … somos um povo descaracterizado, humilhado e cobarde cujos ídolos são uns, alguns de nós, a correr atrás de uma bola num campo relvado.

    “Eis aonde se chega na estrada do politicamente correcto: a intolerância religiosa não é de quem quer proibir os “cartoons”, mas de quem os publica.”

    http://sal-portugal.blogspot.com/
    JAC – Sal de Portugal

  2. Fernando, e pensar que até hoje tinha andado pelas ruas, incauto, sem saber da existência de uma entidade tão maligna como é essa “fracturante conceptualidade”… Eu nem quero imaginar o que isso pode fazer a um gajo!

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