O precipício do editorialista

O país entrou em bancarrota em 2011 e o Presidente da altura não era Costa Gomes, não era Ramalho Eanes, não era Jorge Sampaio, era ele mesmo, Cavaco Silva. Foi ele quem assinou muitos dos diplomas que vieram do executivo ou do Parlamento e que ajudaram a conduzir o país ao precipício.


André Macedo

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Não tenho forma de medir a influência, política e/ou social, de qualquer editorial de um qualquer meio de comunicação social. Seguramente, não deste do DN e do André. Mesmo que estivesse a olhar para os números dos eventuais leitores, não o saberia calcular. Mas desconfio que não movem montanhas. Pelo que o interesse é de mera curiosidade acerca dos mecanismos mentais que levam a este registo de permanente sectarismo.

Quem for leitor e espectador do André sabe que ele pertence ao grupo daqueles que utilizam a situação que levou ao resgate de emergência como arma de arremesso contra o PS e, em especial, contra Sócrates. Fazê-lo só se entende como vantagem do ponto de vista da actual direita, interessada desde 2008 em reduzir o combate político à culpabilização por resultados negativos na economia e finanças. Pelo que assim ficamos a saber do seu gosto partidário, mas nada mais. Que saiba, e penhoradamente agradecido ficaria se alguém me mostrasse estar errado, nunca o André explicou quais foram os factores da exclusiva responsabilidade dos Governos de Sócrates que possam ser objectivamente apontados como causadores do pedido de resgate. Porém, isso não o impede de martelar sempre que pode a tese da culpa do Governo português da altura. É o que volta aqui a fazer, voltando a nada explicar.

Compreendo facilmente que nada explique. Para o fazer, teria de despir o fato de editorialista que manda bocas da plateia montado no seu jornal ou na sua cadeira de estúdio e vestir o do investigador multidisciplinar. Para isso, ele já não terá tempo. Pelo menos. E com isso ficamos sem saber se, intimamente, acredita que teria sido possível evitar o que aconteceu quando aconteceu, bastando aos socialistas não terem feito aquela cena ou terem feito a outra. Como se esses socialistas não estivessem limitados pela Europa, não estivessem boicotados pela oposição e pelo Presidente da República e pudessem adivinhar o futuro. Às tantas, o André até acredita que foi Sócrates quem enterrou a Grécia, a Irlanda, o Chipre e mesmo a Espanha (embora aqui, não tendo conseguido levar o seu trabalho até ao fim), e nós não estamos a poder aprender com o seu entendimento da realidade.

Sim, a imaginação é coisa maravilhosa.

7 thoughts on “O precipício do editorialista”

  1. Oiço sempre com desagrado o André Macedo que, quanto a mim, é mais um comentarista mediocre e, por isso mesmo, endeusado pela RTP e companhia. Nele, não há o menor sentido de justice, de imparcialidade. É um risonho venenoso.

  2. é bom que estes vermes sejam denunciados.por que será que estes economistas de merda são quase todos de direita? será por por ideologia ou por quererem ter as portas abertas no mercado empresarial,quando já não tiverem leitores para visionar as suas encomendas? são vários os pulhas debitar nos jornais e rádios. espero que a esquerda não os tire do poleiro,para termos oportunidade de ver a cambalhota que vão dar.grandes pulhas! deve haver varias exceções,mas neste momento só me lembro do nicolau santos.

  3. Infelizmente não há comprimidos para tratar a doença da raiva anti-socrática.
    Nem comprimidos, nem gotas, nem injecções !
    Nem psicoterapia ou fisioterapia, nem mesmo as técnicas do psicodrama. Só mesmo medidas de contenção física ! talvez uma martelada na cabeça funcione.

  4. O andré macedo não passa de um serventuário com avenças que,
    escreve umas coisas no DN e, diz outras na RTP (onde aufere uma
    choruda avença) a constatação deste facto não é por inveja, antes
    procuro mostrar indignação por me sacarem algum dinheiro que
    serve para alimentar estes mamões!
    Há dois dias atrás, num dos seus editorais foi lindo de ver a caixa
    de comentários, a dar-lhe na cabeça algumas horas depois desapa-
    receu do jornal digital … terá sido vergonha ou só para esconder???

  5. O povo português é muito burro.
    Cavaco feio e mau tantas anos enganou tanta gente.
    Como foi possível ter ganho tantas eleições contra gente tão boazinha como comunistas, soaristas, uns alegres outros tristes, e até pachecos pereiras e souzas tavares e outros senhores crónicos televisivos.

    Mas que povo tão burro que não ouve o aviso de centenas de cronistas anti-cavaquistas.

    Foi o homem que proibiu os pescadores de pescar, quando eles tanto gostam da pesca… ao fim de semana.

    Foi o Homem que proibiu a agricultura, quando os agricultores gostam tanto de ir ao fim de semana à terrinha ver as suas leiras cheias de flores campestres.

    Cavaco foi o homem que inventou os banqueiros desde o Alves dos Reis, até aos BPN e o BES.

    Só ele, ninguém mais viu quem foi que inventou tanto banqueiro feito nas coxas.

    Nem Sampaio, nem Soares, nem os milhares de deputados e presidentes de Câmaras, e sindicalistas selvagens viram como isso aconteceu.

    Apenas Cavaco genial, sozinho conseguiu tapar os olhos a tanta gente importante e inteligente.

    Mas só o povo é que o apoiou, mas que grande burro, o povo, clamam os inteligentes em jornais e televisões

  6. «Às tantas, o André até acredita que foi Sócrates quem enterrou a Grécia, a Irlanda, o Chipre e mesmo a Espanha.» ainda se fosse só o André, há tanta boa gente que o faz sem o menor rebuço.
    Imaginemos, hoje, a conjutura externa de 2011, só mesmo ao nível dos juros, o que aconteceria a este país que tem as conta em ordem, os cofres cheios etc… etc… que estoiro não seria.

  7. Porque é que políticos formais são obrigados a publicar declaração de rendimentos e quem faz política a escrever em jornais ou a botar faladura em televisões não? Porque há mais suspeita nuns do que noutros? Deveria ser obrigatória a declaração de rendimentos e interesses de quem ganha dinheiro a emitir opinião. Há exemplos disso noutros países.

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