O lugar de Cavaco na História

Cavaco, entre outras misérias, também fica na História de Portugal como o primeiro e único Presidente da República que assistiu calado e cúmplice à desonra da abolição dos feriados do 5 de Outubro e do 1 de Dezembro. Abolição meramente castigadora, símbolo e instrumento da violência que se abateu sobre nós como punição, e que encontrou em Passos e Portas os seus implacáveis capatazes. Nada mais coerente com a sua prática presidencial e com a prática de um Governo de traidores, os quais espezinharam nestes 4 anos de mentiras o espírito cívico e patriótico que se celebra nas comemorações da República e da Independência.

Antecipando uma vitória da sua família política e moral, não quer aparecer na rua no dia a seguir às eleições. O seu ar de alegria esfuziante seria impossível de esconder, podendo causar reacções imprevistas nalgum combatente da 1ª Guerra que ainda se passeie por aí. Contudo, caso estivesse em causa uma vitória do PS, não deixaria de discursar solenemente para deixar os seus avisos à navegação e cascar na classe política, outra vez a merecer desprezo deste ser impoluto e ascético. Voltariam os riscos de fome e tragédias várias com que nos brindou de 2008 a meados de 2011. Voltaria a lembrar que o tempo dos sacrifícios tinha acabado, pedindo aos jovens um sobressalto cívico de forma a garantir consensos alargados dessa malandragem que se preparava outra vez para destruir a Nação. Por consensos alargados, leia-se “baixar as calcinhas e assumir a posição”.

Em suma, eis a figura mais emblemática e poderosa da direita portuguesa, o político há mais tempo no activo, a exibir-se em todo o seu esplendor para a História dos Sonsos – onde permanecerá fulgurante pelos séculos afora.

24 thoughts on “O lugar de Cavaco na História”

  1. Quanto ao lugar dessa sinistra personagem na História de Portugal, verdadeiramente não sei ! , depende de quem a escreva. A 5 Outubro, talvez se comece a gizar, o lugar que lhe é merecido.
    Já agora, com tantas contagens decrescentes, que por ai existem, não será possivél acrescentar o nome da ” maria ” ao do dito cujo???. já só faltam 113 dias.

    Abraços,

  2. Quando ouço o bacoco de Boliqueime, fico com vontade de votar no António Costa.
    Quando ouço o António Costa, fico com vontade de votar na Catarina Martins.
    Quando ouço o aldrabão de Massamá ou o salta-pocinhas irrevogável, volto a optar pelo António Costa.
    Quando ouço a Catarina Martins, quero votar na Catarina Martins.
    Quando vejo o programa do fedorento, engraçadinho oficial do reino, vem-me de novo o tesão pelo Costa.
    Quando ouço o Jerónimo bailarino, hesito entre o Costa e a Catarina.
    Quando ouço a cantilena obscena das sondagens marteladas, regressa a ponta pelo Costa.
    Quando não ouço ninguém, volto a hesitar entre o Costa e a Catarina.

    Usando a fórmula do burocrata Vladimir Ilitch, QUE FAZER?

    Não sei ainda, e como eu muitos, mas uma coisa sei: a culpa de ainda não saber não é minha.

  3. Usando a fórmula do que não ouve, vê ou cheira, mas vivo desde 2011, acha que não chega de pancada?
    É Necessário boneco ?

  4. Usando a fórmula do boneco, não acha que, depois de quatro anos de pancada, consentir que os pafiosos do pote a varram impunemente para debaixo do tapete, à vista de toda a gente, é coisa de incompetente?

    Insistindo na fórmula do boneco, não acha que convencer o pagode de que é alternativa à pancada compete ao que alegadamente pretende acabar com ela?

  5. O Cavaco ainda vai ter uma estátua em Boliqueime…
    No preciso local onde o pai Cavaco tinha a bomba da Galp!

  6. Caro , Joaquim Camacho, porventura, terei lido erradamente a sua linha de pensamento, por tal , lamento.
    No que respeita, ao que quis dizer, mantenho.

    Uns falam, falam, mas quem os pos la, foram eles …
    … Os outros dois apanharam a onda, mais o cavaco.

    Aqui o boneco somos nos, ate quando ?

    Ate parar de ouvir e ler, o que escrevem e dizem!

  7. O Joaquim Camacho

    Você já sabe em quem vai votar …só ainda tomou consciência disso.
    E eu já sei em quem você vai votar ….

  8. Jasmim, a sério que não sei ainda. Quero muito votar no António Costa, para ajudar os mafiosos do pote a enfiar na peida, lá pelas nove ou dez da noite de domingo, as sondagens marteladas que nos enfiam a toda a hora pela goela abaixo. Mas o homem passa o tempo a dar tiros no pé, é quase tão mau como o Totó Seguro, e o comportamento em relação ao Sócrates é para mim difícil de engolir. E olha que não sou militante do PS, mas apenas potencial votante.

    A Catarina Martins tem pelo menos a clareza e inteligência do discurso e uma tremenda eficácia na desmontagem das aldrabices da quadrilha do pote.

  9. Valupi: «… o espírito cívico e patriótico que se celebra nas comemorações da República e da Independência».

    Não digas «independência», diz «restauração». A primeira é bem mais antiga do que a segunda.

    Joaquim Camacho: «… o comportamento em relação ao Sócrates é para mim difícil de engolir».

    Esse julgamento é um erro tremendo. A táctica de Costa em relação à montagem do caso Marquês foi a correcta para conseguir ultrapassar a armadilha que consistia em criar um conflito aberto entre o PS e a «justiça» em plena campanha eleitoral. A única táctica inteligente possível para a desmontagem dessa vergonhosa cabala — que aliás não nos deve fazer esquecer o caso Casa Pia — é deixar, primeiro, que o supostamente gigantesco processo, cheio de alegadas provas, encalhe por si mesmo, como uma baleia incapaz de nadar em seco, e só depois, passar ao ataque, sem dó nem piedade, aos magistrados e sindicatos corruptos desta vergonhosa justiça politizada (e tabloidizada) que temos.

    Até lá, todo o apoio, e com certeza de todas as pessoa de boa vontade a quem reste alguma inteligência destes processos politicamente teleguiados, aos advogados e às vítimas, mas não de modo que vá ao encontro dos desejos dos falsários e mentirosos.

  10. Oops. Qual «Felisberta», qual carapuça. My mistake, sorry. Sim, sou eu, o intrépido vátua da savana virtual.

  11. Anteontem, na estranja, Sua Excremência… perdão, Sua Excelência o chico-esperto vaidoso e ressabiado de Boliqueime, quando inquirido sobre o que faria com o ainda desconhecido resultado das eleições, informou pomposamente os estúpidos súbditos que somos todos nós de que “a forma como irei decidir, e embora já esteja na minha cabeça, eu não irei revelar nem um centímetro” (sic). Não um milímetro, um grama, um metro ou um centilitro, mas sim um peremptório centímetro, prova inequívoca do sentido de rigor que lhe formata as meninges, nos intervalos dos chiliques… perdão, dos fanicos… perdão again, dos episódios vagais.

    No dia seguinte, Sua Excremência… perdão, Sua Excelência o mesmo chico-esperto vaidoso e ressabiado de Boliqueime põe o serviço informativo do seu estaminé cá no rectângulo a informar os estúpidos súbditos que somos todos nós de que não participará nas comemorações da implantação da República porque estará a reflectir sobre o que irá fazer a seguir às eleições.

    Ou seja, Sua Excremência… perdão, Sua Excelência o chico-esperto vaidoso e ressabiado de Boliqueime será o primeiro presidente da República a faltar à comemoração da implantação da dita porque precisará de tirar o dia para reflectir sobre o que irá fazer em relação a um assunto sobre o qual já tem na cabeça o que irá fazer.

    Topas, meu?

  12. Felisberta Meirelles: “Esse julgamento é um erro tremendo.”

    Essa lembra-me a da mãezinha embevecida que declarava peremptoriamente que, no pelotão em que o filho marchava, o seu rebento era o único que não levava o passo trocado. Esse “erro tremendo” de julgamento que referes é o de muitos como eu e era previsível. Mas parece que levamos todos o passo trocado e os sofisticados cálculos tácticos e estratégicos do Costa é que estavam certos. Vê o resultado que deu, ou parece prestes a dar, tanta sofisticação. Será por os destinatários serem burros?

    Tu, que de burro não tens nada, devias saber que as pessoas não confiam em quem foge dos amigos quando eles têm problemas, não gostam de quem, por oportunismo, não só nega uma palavra de simpatia a quem está na mó de baixo como contribui, objectiva e subjectivamente, para o enterrar ainda mais. E menos gostam ainda quando se lhes mete pelos olhos dentro que o “proscrito” não merece o que lhe acontece e se apercebem de que o comportamento de quem o renega se deve a puro calculismo.

    O Costa parece acreditar que a linha que traçou é irrepreensivelmente racional e lógica, e que isso se traduzirá em eficácia no resultado final. O que ele esquece é que os habitantes do planeta Terra são ainda terráqueos, na sua maioria, e os vulcanos, que poderiam entender-lhe a racionalidade dos cálculos, são extremamente raros.

  13. Joaquim Camacho: «Essa lembra-me a da mãezinha embevecida que declarava peremptoriamente que, no pelotão em que o filho marchava, o seu rebento era o único que não levava o passo trocado. Esse “erro tremendo” de julgamento que referes é o de muitos como eu e era previsível. Mas parece que levamos todos o passo trocado e os sofisticados cálculos tácticos e estratégicos do Costa é que estavam certos. Vê o resultado que deu, ou parece prestes a dar, tanta sofisticação. Será por os destinatários serem burros?»

    O resultado que parece que vai dar é um dos piores de sempre — senão mesmo o pior — para o conjunto PSD-PP. Não me parece pouca coisa. E aquilo de que te estás a esquecer é que num país com um dos mais duradouros e invariáveis padrões eleitorais do mundo desenvolvido (por razões sociológicas, históricas e culturais: penso que o nacional-futebolismo e o nacional-fadismo são duas chaves importantes para a decifração da nossa pedra de roseta política), esperar que, em momentos de crise do regime, a direita conservadora, «recém-democrática» mas iliberal desde sempre, desaparecesse do mapa dos partidos onde se acolheu, é uma perigosa ingenuidade.

    «Tu, que de burro não tens nada, devias saber que as pessoas não confiam em quem foge dos amigos quando eles têm problemas, não gostam de quem, por oportunismo, não só nega uma palavra de simpatia a quem está na mó de baixo como contribui, objectiva e subjectivamente, para o enterrar ainda mais. E menos gostam ainda quando se lhes mete pelos olhos dentro que o “proscrito” não merece o que lhe acontece e se apercebem de que o comportamento de quem o renega se deve a puro calculismo.»

    Linhas que podias publicar no Correio da Manha e quejandos sem receio de contrariares minimamente as lágrimas diárias que as suas redacções e editoriais vertem pelo «atraiçoado» Sócrates, como aliás também vertiam copiosamente pelo «atraiçoado» Seguro. A pergunta que te deixo é esta: porque choram os crocodilos?

    Pensa bem antes de responderes e se realmente queres acertar o passo, repara bem com quem o estás a acertar.

    O Costa parece acreditar que a linha que traçou é irrepreensivelmente racional e lógica, e que isso se traduzirá em eficácia no resultado final. O que ele esquece é que os habitantes do planeta Terra são ainda terráqueos, na sua maioria, e os vulcanos, que poderiam entender-lhe a racionalidade dos cálculos, são extremamente raros.

    A diferença entre os terráqueos e os vulcanos é que os vulcanos percebem que a moral não é um substituto para a racionalidade, e a racionalidade só por si não pode, infelizmente, substituir a força e a habilidade. Se queres ganhar uma guerra deste tipo, i.e. que passa pela propaganda e pela conquista de uma opinião pública profundamente ignorante e comodista, não te impacientes e vai lendo o Sun Tzu nas horas vagas.

  14. Escrevi: «… esperar que, em momentos de crise do regime, a direita conservadora, «recém-democrática» mas iliberal desde sempre, desaparecesse do mapa dos partidos onde se acolheu, é uma perigosa ingenuidade», mas devia ter escrito «iliberal, batoteira e sem escrúpulos». O sentido que pretendia, no presente contexto de conservação do poder a todo o custo, era esse.

  15. Mas o Silva pode sempre mandar a Maria presidir às comemorações do dia da implantação da República…

  16. Joaquim Camacho

    No Domingo, quando estiveres na fila para votar ainda vais estar com dúvidas, mas quando estiveres sozinho na câmara de voto vais descobrir que sempre soubeste que ias votar no António Costa.
    1º- Porque não queres correr o risco de manteres a Coligação no Governo.
    2º- Porque te vais lembrar que o próprio Sócrates vai sair de casa para votar no PS. Achas que se ele se vai sujeitar a sair de casa nas condições em que o vai fazer para votar no PS és tu quem tem o direito de negar o voto útil para correr com este governo pelas RAZÕES CERTAS apenas por uma questão que nem o próprio Sócrates sancionará ?

    Eu votei em Rui Moreira para Luis Filipe Menezes não colocar as patas na Câmara do Porto. Até ao momento em que entrei na câmara de voto ia com dúvidas. Nunca tal me tinha acontecido. Eu votar num direitolas ???? Mas a minha rejeição pelo outro era tão grande, a minha vontade de que o Menezes perdesse era tão poderosa, que quando me vi com o boletim de voto na mão votei naquele que me pareceu ser o que tinha mais hipóteses de o derrotar.
    É a posição em que se encontra o PS.
    É o último reduto de esperança para derrotar o Governo. E é por isso que vai ganhar. Só por isso. Mas isso não é pouca coisa !

  17. Joaquim Camacho, antes de votares nessa tal Catarina a Grande, czarina do bloco que tanto admiras, procura os pronunciamentos dela sobre o funcionamento da justiça sempre que inquirida sobre o processo Marquês: o problema, ao que parece, é que a acha lenta demais a condenar os (outros) grandes, ponto parágrafo. E se estás amuado com o PS só porque tem procedido inteligentemente, ao menos vota no Pugachev das três estrelinhas.

  18. Acrescento que nada tenho de especial a favor do PS, excepto que, em minha opinião, é lá que se encontram os melhores e menos cínicos defensores dos direitos civis individuais, quando se comparam as diversas maquinarias partidárias. E, em tempo de guerra, os inimigos dos meus inimigos meus amigos são.

  19. Leia-se «direitos civis e políticos», bem entendido, e vote-se bem, no partido da mãozinha, como vou fazer pela primeira vez na minha vida.

  20. Já agora, e enquanto dura a campanha eleitoral, aqui ficam as minhas razões pessoais para preferir António Costa aos restantes:

    1) Estou convencido que percebe bem, e de muito longe, tudo o que esteve, e está, em jogo em processos corruptos como o Casa Pia e o Marquês, e pode ser um dos muito poucos capazes de conduzir uma reforma/ limpeza do nosso sistema judicial que o torne realmente independente, mas obviamente apenas o poderá tentar a partir de uma posição de poder político. Por outras palavras, pode ser um dos muito poucos capazes de atacar o pior cancro que mina o actual regime, ainda democrático, mas talvez em vias de deixar de o ser.

    2) Foi um bom ministro da justiça do governo Guterres (quando julgo que, por exemplo, foi introduzida a possibilidade das vídeo-conferências) e um bom ministro da administração interna no melhor período dos governos de Sócrates, com o qual suspeito fortemente que tem um entendimento (tácito ou explícito, pouco importa) da estratégia correcta para — em seu devido tempo e não antes disso — desarmar o polvo judicial-mediático que construiu e explora a operação Marquês.

    3) Foi um dos melhores autarcas de sempre, de Lisboa ou qualquer outro munícipio.

    4) Foi o homem que, em tempos idos e a partir de uma posição de poder, impediu — observo essas coisas e tenho delas uma memória razoável — a criação de um gabinete de policiamento político da internet adstrito ao chefe do governo.

  21. Caro Gungunhana
    Concordo, mas acrescento mais 2 aspectos:
    5. Costa é um homem estruturalmente íntegro, honesto – nunca se “esqueceu” de pagar impostos, não se locupletou com contribuições que devia fazer chegar à Seg. Social, não andou a sacar alguns milhares de Euros sem os declarar, etc., etc.;
    6. Foi um excelente ministro dos Assuntos Parlamentares que, em larga medida, aguentou o Governo Guterres durante a primeira legislatura,; e foi, como disse e bem um bom Ministro da Justiça – o último, porque os que vieram depois do PS e do PSD foram nulidades absolutas; e foi um bom deputado europeu.
    Quem por aí há com este CV que, na idade e maturidade que mostra, esteja em condições de ser PM deste País, para mais tratando-se de uma pessoa humana, até afectiva, com sensibilidade social?
    José Costa

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