A última aventura

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O amor não encontra os que desaparecem. Eis uma lição que poucos recebem, que menos entendem, e, nos raros que sobram, ninguém aceita. É L’Avventura, e só por este filme já está justificada a invenção do cinema.

10 thoughts on “A última aventura”

  1. Ainda estávamos a soltar lágrimas e suspiros por Bergman e eis que o cinema, essa fábrica de inventar imortalidades, perde outro deus. A partir de agora, também olharemos para o Blow Up ou O Eclipse e, claro, a Aventura, com outros olhos, sabendo que quem inventou aquelas imagens já não nos olha. Um pouco como as fotografias daqueles que
    já morreram e por isso não nos podem responder, mesmo que não houvesse perguntas. Nunca iremos ver os filmes na gaveta de Antonioni e resta-nos imaginar que neste momento e para além das nuvens, Ingmar e Michelangelo falam numa língua incompreesível para nós, humanos. Tal como o fizeram em vida.

    Valupi,
    Atrevo-me a escrever que a Aventura não é sobre o desaparecimento, mas sim sobre o desaparecimento do desaparecimento, já que o desaparecimento da personagem de Lea Massari, apesar de mover os protagonistas, só pode ser vivido na medida em que é esquecido. O amor não encontra os que desaparecem, dizes, numa formulação bela e enigmática. Não sei se concordo, embora não saiba se discordo. Mas atrevo-me a perguntar: e se o amor for essa capacidade de reencontro permanente com os que desaparecem?
    E se amar for não esquecer?

    Ana Cristina
    Espero que caso comente este post não venha dizer que só pode entender Antonioni quem frequentou, por exemplo, a Foz do Arelho. Diga-nos antes qual o seu Antonioni preferido…

  2. Ainda o féretro do Bergman vai a caminho do cemitério e já te estás a meter noutra aventura. Sabias que o Mestre de Upsala considerava esta obra-prima com a boazona da Mónica uma autêntica mérida? E mais: que a mesma Mónica como actriz nem para mulher a dias da Magnani serviria?

    É isso, andaste a ler muito Sadoul ou então estás a gozar com a rapaziada.

    E põe-te a pau com esse fulano que anda a classificar de decadentes não se sabe quem no teu post anterior. É preciso cuidado com esses larilas.

  3. Prontuário, escreves bem. E escreves bem. Porém, fazes perguntas obscenas.

    Dizes que o amor é reencontro e recordação. Dos que partiram. E todos serão solícitos a concordar com tal, pois é consolo que nos dão para entreter bebés chorões.

    Pensa: se o amor é encontro, só acontece aos que se fazem presentes. Aos que se apresentam perante o amor, nunca aos que desaparecem; alguns, tantos, desaparecidos em si mesmos, desaparecidos de corpo presente.

    Pensa: se o amor não esquece, só lembra o que está por vir. Porvir do amor. Agarrar o passado, não o querer deixar partir, sempre foi medo do presente. Horror ao futuro.

    Pensa. É uma aventura.
    __

    Brincalhão, estou preocupado contigo. É a primeira vez que alguém admite poder ler-se Sadoul em excesso. Espero que estejas a ser medicado. Que outros sinais de demência ainda irás revelar?

  4. Valupi:

    No poste do João Pedro Costa «Quem é aquela mulé» (publicado no dia 24 de Julho de 2007, 12: 04), pode ler-se: “…a última Assembleia Geral do Aspirina B teve lugar na piscina da Soledade (marcaram presença o Valupi, o Fernando, a Susana, a Soledade e mais uma centena de heterónimos muito giros que falaram todos da mesma maneira e que diziam todos muito bem uns dos outros”.
    Em comentário ao referido poste colocas esta pergunta: “Primito, quando é que voltamos à piscina da Soledade?”
    Como sempre, a falta de educação e a provocação, são o lema do “Aspirina B”!
    Todavia, resolvi responder (embora, em consciência, não devesse fazê-lo…).
    Mas informo-te que não vão ter “nova” reunião – porque nunca houve nenhuma. Na minha piscina só recebo os amigos e, no vosso caso, tenho o prazer de não conhecer nenhum de vocês.
    Mas guardo uma surpresa para ti (e colegas). Trata-se de um convite. Irrecusável! (Embora a “casa” precise de mais uns “toques”, mas serve – principalmente para os “aspirínicos”).
    A morada é a seguinte: sarrabal.blogs.sapo.pt – fico à espera da vossa visita. Espero que não faltem…

    PS. Não reparem na data do poste. Motivos particulares obrigaram-me a colocá-lo dois dias antes do previsto: dia 1 de Agosto (como havia prometido, recordam-se?)

  5. PISCINAS “CARRÉ BLEU” A BOM PREÇO E SEM EMISSÃO DE GASES DE ESTUFA! ESTRADA DA MALVEIRA, QUEM PASSA A HORTA DA BEATRIZ COSTA, É LOGO A SEGUIR

  6. Luís, o António Costa está cada vez mais preso. Isso é óbvio.
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    Soledade, agradeço a espectacular e bombástica novidade. Sei bem que o Sarrabal vai marcar uma nova fase na evolução cósmica da blogosfera. Quero-te garantir que não faltarei.

  7. Parabéns ao Valupi e ao Prontuário pela bela poética sobre o amor. Sobre isso tenho de invocar ‘reserva moral’, mas acrescento que no espaço de Morfeu até nos vêm dar as mãos. O que não se pode é ter medo, porque ao tê-lo magoamos, assustando quem etéreo nos vinha reencontrar. Mas eu também sou aprendiz do não-medo.

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