Você é fantasma? Eu pago.

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Foi ao ler, na Origem das Espécies, o blogue (um dos) do caro Viegas, este texto da Lusa sobre «escritores-fantasma» que as ideias me vieram em catadupa. Costuma acontecer-me debaixo do chuveiro, com a dificuldade de apontá-las que se imagina, quanto mais de dar-lhes logo seguimento. Desta vez foi a seco.

Parece que há por aí vários e activos «ghost-writers». Nos estudos universitários, na ficção. Devo acrescentar que desconfio, de há muito, de certo e conhecido cronista, de muito imitável estilo. Cada semana, mais me convenço de que anda ali «negro» na costa.

Mas ao que íamos.

Eu tenho um romance, o meu terceiro, parado há vários anos. Há-de chamar-se Deus chega no próximo avião. Falei nele a amigos, e a revista da APE publicou dele, até, as primeiras páginas.

A paragem já deu pretexto a um conto (um gajo tem que continuar nas bocas do mundo), o conto «Um romance perdido», que saiu no Magazine Artes e que a Luísa Costa Gomes disponibilizou aqui. Digo tudo isto porque, se alguém tiver a boa ideia de ler o conto, saberá que o romance anda à volta dum, exacto, dum «escritor-fantasma».

Ora bem, e eu só posso chamar genial ao meu cruzamento, hoje, das duas ideias. É isto: como não consigo achar tempo para prosseguir e acabar o meu romance, já que mil outras coisas importantes me tomam o escasso tempo deste peregrinar pelo vale de lágrimas, eu peço, mas peço instantemente, a algum «fantasma» disponível que tome contacto comigo.

De prazos, de pormenores, de tarifas, essas coisas rasteiras, trataremos depois. Envie já currículo para o email do blogue. Currículo completo, entende-se, sendo indispensável a indicação de actividades anteriores no ramo. Ah, e use pseudónimo. Eu não quero saber quem você é. Escusado acrescentar que nunca nos falaremos, menos ainda veremos.

A literatura nacional lhe ficará grata. Eu não. Pago, calo e recolho os louros.

6 thoughts on “Você é fantasma? Eu pago.”

  1. Negócio fechado. Quer que lhe mandemos o engenheiro, o bucólico essencialista ou o gajo clássico obcecado com uma tal de Lídia?

  2. Senhor Pessôa,

    Eu tenho um fraco pelo bucólico, que nunca reparei que fosse essencialista, afora dizer ele que rios são rios e não lérias, mas isso à parte.

    Ouça. Sei que, na sua firma, trabalhava também um escriturário, um gajo desassossegado, mas sério, informaram-me. Era dum tipo desses que se precisava. Anda disponível?

  3. Fernando: o último romance de Chico Buarque (BUDAPESTE) trata desse tema de uma forma magistral. Há um momento em que o protagonista participa num colóquio de escritores fantasmas e ele diz, cito de cor «Parecíamos um bando de alcólatras anónimos que não sofria de alcolismo mas de anonimato.»

  4. João Pedro,

    Muito obrigado pela dica.

    João Leal,

    A sua sugestão é um começo. Vou seguir o rasto.

    Mas o que me deixou em quase êxtase foi o seu conto «A primeira vez» em transmissao.blogspot.com

    Que agradável surpresa!

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