Aviso aos pacientes: este blogue é antianalgésico, pirético e inflamatório. Em caso de agravamento dos sintomas, escreva aos enfermeiros de plantão.
Apenas para administração interna; o fabricante não se responsabiliza por usos incorrectos deste fármaco.

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Dominguice

Ruben Amorim conquistou mais uma razão para ficar na história do Manchester United, após ter garantido há meses o título de ser uma das piores contratações de sempre naquele clube. Aconteceu graças ao fantástico resultado que se registava a 10 minutos do fim, em Old Trafford, no jogo contra o Lyon. Já estavam no prolongamento, já tinha sido expulso um jogador adversário há bué, e os franceses depois disso haviam metido duas batatas na baliza da casa. 2-4, os ingleses nas bancadas tomavam consciência de como se passam os dias no Inferno. E então, surgiu o milagre. Apareceu um penálti ex machina, depois um fulano teve engenho e arte para fazer um bom remate, e logo de seguida tudo se conjugou na perfeição para dar a um defesa central, dos mais criticados nos últimos anos pelos adeptos, a oportunidade para marcar um belíssimo golo de cabeça, à ponta-de-lança craque. Deus tinha voltado a mostrar que manda nesta merda toda.

Amorim teve mérito neste evento raríssimo? Sim, inquestionavelmente. Foi ele quem conseguiu que a equipa estivesse a apanhar bonés até chegar a grande penalidade a favor do MU. Sem os treinos que concebeu desde que chegou ao clube em Novembro, e as opções tácticas que conservam a equipa no fundo da tabela com admirável consistência, não se teria conseguido obter o 2-4 quase a dar o toque para o balneário. Mas foi isso que permitiu o tal milagre. Porque os milagres precisam de algo realmente ordinário onde se possam exibir vaidosos.

Cineterapia


12 Angry Men_Sidney Lumet

Este tempo de triunfo da extrema-direita nos EUA e na Europa, de culto de ditadores e criminosos, de perseguição a minorias e de apelos às escâncaras à violência política, tem pedagógicas vantagens. Por exemplo, permite voltarmos a desfrutar de obras artísticas clássicas onde o liberalismo que deu origem ao Estado de direito democrático, herança de milénios de fulgor intelectual e heróica coragem, é apresentado num formato narrativo deslumbrante. Como neste filme, quase tão actual em 2025 como em 1957.

Quase, mas não totalmente, porque é impossível reviver o inaudito trauma colectivo ainda fresco da Segunda Grande Guerra e do Holocausto. Tal como já não se está numa América onde a segregação racial era uma prática oficial nalguns Estados. Porém, contudo, todavia, as personagens de ficção que aqui ficamos a conhecer são gémeas das personagens reais que preenchem o nosso quotidiano, inclusive em Portugal — inclusive políticos, jornalistas e comentadores. O que dizem, os argumentos que elaboram, os valores (ou falta deles) que exibem, estão em perfeita sintonia com esta fase da história da liberdade em que os fundamentos constitucionais das democracias liberais estão sob gravíssimo, quiçá cataclísmico, ataque.

Quem tem menos de 40 anos, ou até 50, nunca viu este filme. Não sabe sequer que existe, um entre muitos outros similares no seu idealismo prático. Obras nascidas em contextos onde eram peças de combate pelo que mais importa. É gente que não tem culpa dessa e de tantas mais ignorâncias que lhe vão moldando a cognição, o voto, o mundo. A culpa fica para aqueles que não recuperarem e divulgarem estes tesouros civilizacionais; ainda por cima, porque assim se podem formar bravos cidadãos a partir do sofá e de uma taça com pipocas.

Fair Harvard!

O facto de o Partido Democrata ter ficado em estado comatoso desde Novembro, sem se conseguir adivinhar o que o fará reanimar, é parte da tragédia em curso nos EUA. Uma opinião corrente no início do segundo mandato de Trump era a de que os tribunais americanos iriam conseguir travar a tentativa de abolição do Estado de direito, anunciada em campanha, mas essa previsão está a revelar-se demasiado optimista. O cidadão comum, como sempre, pensa com os bolsos, não tem amor à liberdade dos outros. Veremos daqui a poucos meses se esta mole irá finalmente tirar o tapete nas sondagens ao Partido Republicano.

Um raio de esperança surgiu ontem, porém. A Universidade de Harvard recusou as exigências de Trump e ficou em risco de perder um financiamento de 2,2 mil milhões de dólares. Porquê esperança? Porque um ataque tão asinino contra uma das mais poderosas fontes de inteligência na América, e no Mundo, talvez desperte o patriotismo dos Republicanos que não tenham vendido a alma ao ogre. Ou que a queiram resgatar.

Nas muralhas da cidade

“Cidadania ensina masturbação” e “socialista bom é socialista morto”: João Costa ameaçado de morte critica banalização do ódio

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“Socialista bom é socialista morto.” A decência também vai a votos no dia 18 de maio

NOTA

A violência política tem sido ostensivamente cultivada pela direita portuguesa, ao mais alto nível, desde 2008. Ininterruptamente. Ventura nasceu desse, e para esse, caldo. Infelizmente, não há partidos à esquerda que estejam à altura da ameaça. Só figuras avulsas.

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Dominguice

Aurélio Pereira foi quem descobriu, e alimentou, o talento de Futre, Figo, Quaresma, Nani e Ronaldo. Entre muitos outros. A Selecção campeã europeia em 2016 tinha 10 jogadores que vieram da sua capacidade para identificar futuros craques. O meu pai era amigo dele. Algures nos anos 80, disse-me para ir a uma sessão de treino no pelado de Alvalade, onde o Aurélio estaria a escolher jogadores que ficassem na formação do Sporting. Ele via-me a jogar na rua, no jardim da praceta. E, pai sendo pai, sonhou em ter um filho vedeta da bola. Lá fui, sem saber ao que ia. Tudo se resumiu a uma jogatana, mas já esqueci como foram as posições atribuídas. Perto do final do jogo, alguém remata contra o guarda-redes adversário, ele não segura e a bola ressalta para o lado onde eu estava, ficando mesmo à minha frente. E mesmo à minha frente estava também a baliza toda aberta, numa feliz e mui conveniente coincidência. Marquei golo. Ao voltar a casa, contei o feito ao meu pai. Tinha sido o meu primeiro golo ao serviço do Sporting, havia homéricas razões para estarmos ambos muito orgulhosos.

Dias depois, quando o meu pai falou com ele, veio a revelação: não tinha sido escolhido para ficar no clube. E a razão era evidente para toda a gente, até para mim, mas não para um pai. É que sempre tinha sido um tosco a jogar à bola. Assim, posso dizer que também eu fui descoberto pelo Aurélio Pereira. Ou melhor, exposto.

Se eu fundasse um partido

Teria só estes princípios no seu Sanctum Sanctorum:

1º Não caluniarás.

2º Não desumanizarás.

3º Aceita as ideias dos adversários políticos se forem melhores do que as tuas.

A partir daqui, se esta cultura partidária fosse apelativa para alguém, e se os responsáveis cumprissem este ideal com galhardia, criar um programa político relevante e original parece canja.

Exactissimamente

«A misoginia e o machismo tóxico não nasceram agora, no século XXI e nas redes sociais; estão cheios deles a literatura, as coletâneas de jurisprudência, os códigos penais e civis. Estão cheios deles as famílias nas quais ainda se espera que sejam as meninas a “ajudar” a mãe — que é, ainda, na maioria das casas e casais heterossexuais, e por mais que trabalhe fora, quem se ocupa das chamadas “tarefas domésticas”. Estão cheios deles a música pop e o rap (ui, esse então) e o humor dos humoristas. Estão cheios deles as prédicas religiosas e os programas dos partidos e governos que escolhem a disciplina de Cidadania e a igualdade de género como alvos preferenciais (para depois se afligirem muito com a violência doméstica e as mulheres mortas, claro).»


Adolescência, Loures e “coisas de rapazes”

Montenegro, escuta

A propósito de promessas eleitorais
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NOTA

Montenegro — e o PSD, e a direita decadente em geral — continua a querer explorar o filão do chumbo do PEV IV e da Operação Marquês. Para esta escumalha, os valores que fundamentam o Estado de direito só são fundamentais se os protegerem a eles. Tratando-se de adversários políticos, a lógica consiste em tratá-los como inimigos. Daí a cultura da calúnia, os apelos à violência política, a desumanização rapace a que se dedicam pulsional e inveteradamente.

Montenegro não pode caluniar Pedro Nuno Santos, sequer difamá-lo, mas não resistiu a usar Sócrates para o atacar através de uma aldrabice de feira para uso em infantários.

Montenegro é isto. Só isto.

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Dominguice

Imaginemos que existem dois tipos de escola. Numa, o seu dinheiro vem dos impostos. Na outra, o seu dinheiro vem dos proprietários e do mercado. Só uma delas, portanto, tem um modelo de negócio. Nesse contexto, precisa de preencher o máximo de vagas que conseguir, tanto para ser sustentável como para dar lucro. A forma mais rápida, mais fácil e mais barata para isso acontecer é a promessa, a publicidade calada, de dar boas notas. Encarregados de educação e alunos procuram isso mesmo, boas notas. Assim, o acesso a essas boas notas passa a ser uma questão financeira, principalmente. E com isso — o nível económico e recursos familiares e sociais dos que podem pagar — vem uma objectiva vantagem que antecede a entrada na escola. E que depois continua a gerar vantagens por comparação com alunos doutro nível económico e sem esses recursos familiares e sociais dos que podem comprar boas notas. A desigualdade aumenta e legitima-se, passa no exame e ascende às posições superiores no mercado de trabalho e na fruição do estatuto privilegiado. Enquanto isso, na escola paga pelos impostos, podem ocorrer milagres. Como o de levar um aluno a não desistir de acabar a escolaridade obrigatória, ou outro a ganhar confiança para entrar na universidade mesmo que com uma média modesta ou apenas suficiente. Ou o milagre de transformar um aluno mau num aluno sofrível. O milagre de ajudar o adolescente perdido a tomar consciência de que poderá vir a ser o adulto autónomo.

Para esses milagres não há “rankings”. E ainda bem, esse anglicismo horroroso deve continuar lá longe, nas escolas das “boas notas”. Sem contaminar as escolas dos milagres secretos.

Saberá?

Pedro Nuno Santos tem tudo para exercer melhor a função de primeiro-ministro do que Montenegro. Porque é um idealista pragmático, enquanto o outro não passa de um cínico inveterado. E porque não tem um passado de desrespeito e degradação deontológica, bem pelo contrário, enquanto o outro misturou sem pestanejar a política com os negócios, os negócios com a política.

Só que o Sr. Santos tem sido uma desilusão como secretário-geral do PS. Andou anos armado em vedeta rebelde para desgastar Costa, cheio de testosterona na pose, para depois, enquanto líder da oposição, surgir encostado às tábuas e a marrar contra socialistas. A forma como lidou com a problemática da imigração foi chocante pela inépcia política e pela impulsividade agressiva na resposta às críticas.

Dito isto, tem uma clara oportunidade para vencer estas eleições. Só que não parece saber como.

Maquinetas cheias de paleio

A Google tem um brinquedo novo desde Setembro do ano passado: “podcasts” criados por IA a partir de textos à escolha do freguês. A maquineta que os faz é o NotebookLM.

Testei a coisa a partir dos textos “Cofinados”: I, II, III, IV, V. E deu isto:

Primeira impressão perturbadora: quem não saiba, jamais desconfiará que está a ouvir vozes artificiais que vocalizam um texto criado artificialmente. A simulação humana é perfeita. Segunda impressão inspiradora: a máquina escolhe, por sua ignota recriação, quais as partes dos textos originais que pretende usar, e depois cria uma narrativa com essas partes a que junta outras que lhe dá na computação acrescentar. A juliana assim servida é inspiradora nisso de o resultado poder dar pistas ao próprio autor para relevar ou explorar aspectos do que escreveu a que não daria atenção sem esta experiência.

Sendo um brinquedo, dá para o moldar de inúmeras maneiras. Nesta nova versão dos mesmo textos, pedi para as citações que incluí serem lidas e comentadas. O resultado é inventivo, mesmo que não especialmente inteligente, e nada de nada culto. Também apresenta uma falha de estruturação no final que tem só o interesse de ser algo que está destinado a desaparecer rapidamente nestes seres em evolução diária:

Neste último exercício, testei a moralidade do algoritmo com um tour de force: Língua na coroa. O objectivo era o de descobrir a sua capacidade para traduzir o vernáculo e o calão. O que saiu foi o triunfo do politicamente correcto, a um ponto tal em que o texto original foi substituído por alternativas bacocas e ridículas. A forma como se vocalizou a língua portuguesa igualmente nos transporta para registos de confrangedora inépcia. Ou seja, é tudo um disparate pegado, e por aí divertido:

Não devemos temer a IA. Devemos é pô-la ao nosso serviço, assim lhe mostrando quem é verdadeiramente inteligente.